sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Hungria devastada pela Segunda Guerra é temática do filme "O diário da esperança"




Ontem encarei um filme húngaro “A nazy Füzet” ( O diário da esperança) de János Szász, 2013, que estreou somente agora no Brasil. Gosto de assistir filmes de nacionalidades distintas pelo desejo incontrolável de sentir como se apresenta o cinema do mundo. É interessante notar como as temáticas humanistas são tratadas de forma distintas por culturas variadas.


“O diário da esperança”, se posiciona no final da Segunda Guerra Mundial, quando a Hungria está praticamente destruída e derrotada. Dois irmãos gêmeos são deixados por seus pais na casa da avó alcoólatra e cruel para serem protegidos durante o período da guerra. Eles ganham do pai um diário para escreverem suas memórias desse período em que vivenciariam o afastamento dos pais. Durante um ano os irmãos tentam lidar com a nova realidade do país e da nação.


O eixo central está em evidenciar como a ingenuidade e bondade humana podem se transformarem em maldade nua e crua. Neste sentido, o filme pode ser considerado nota 10 pois o que mais impressiona na trama não é essencialmente a guerra, que é tomada como pano de fundo, mas o processo de desumanização do qual os gêmeos são  submetidos durante a drama.


O filme vai bem até um pouco depois da metade, quando insiste em dar conta de muitas questões existencialistas e se perde numa trama pesada e dura. Mas, mesmo assim, recomendo-o àqueles que gostam de filmes de Segunda Guerra pela coragem do diretor em colocar crianças e seus sentimentos mais íntimos em contato com situações limites  tornando-as protagonistas da trama.
Entre muitas mortes o que mais chama a atenção é o processo de endurecimento que os gêmeos impõem  a si mesmos no intuito de sobreviverem àquela demanda de tristeza e destruição.


Com o passar do tempo eles perdem totalmente a doçura e nascem para a parte mais nefasta da realidade.



Vejo o filme como um alerta para os filhos da guerra e suas gerações posteriores que carregam as dores em suas almas, marcas evidentes que permanecem pra sempre no amago dos seus seres e, ao contrário do que acontece no livro e filme homônimo, “ O Menino do Pijama Listrado”, em que as crianças morrem por conta de suas ingenuidades, aqui, neste filme, os gêmeos  sobrevivem e aprendem a serem maus, cruéis para continuarem a viver.

Recomendo !!!



Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italianoprincipalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.

1 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom esse filme assisti semana passada muito triste o final mas a vida e assim não final de novela.

27 de maio de 2015 às 03:30

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