domingo, 7 de junho de 2015

Viagem ao desconhecido.





Ter o pensamento de quem viaja à Índia ou ao Nepal: a mente aberta e todo o ser inundado de respeito pelo desconhecido, pela fé alheia e suas práticas, suas crenças, seus milagres.
Assim é viajar ao Roncador. Prepare-se, em primeiro, para uma expedição, porque o próprio lugar, natural, entranhado no coração do Brasil, já se mostra um obstáculo relevante, difícil de ser superado. Não sei mensurar em quilômetros, mas sei que se trata de longuíssima viagem: um avião até Goiânia, depois um ônibus até Barra do Garças - uma cidade com águas quentes que brotam e águas geladas que caem de cascatas e cachoeiras, cidade influenciada pelo misticismo e que tem estátua em homenagem a um tal de coronel Fawcet, de que nunca tinha ouvido falar, até pôr lá os pés - e depois outra viagem até o Roncador, (que inclui uma balsa).

está aí o homem que inspirou o personagem Indiana Jones
Ali você já começa a "viagem", à medida em que toma contato com temas nada usuais, como seres extraterrestres, seres intraterrenos, Atlântida, sexta raça e o próprio Roncador.
Então, por estar dentro do Brasil, pode-se cair na armadilha de tratar com desprezo conceitos que ninguém pode afirmar com certeza serem reais ou não. Não se faria isso na Índia ou no Japão, onde deuses exóticos e práticas espirituais profundas são capazes de ganhar, não se sabe se pela distância, ou se porque não são totalmente desconhecidos, em virtude da globalização, uma reverência maior entre nós. Mas no meio do fim do mundo (em que pretende-se um novo começo) é bem mais plausível cair no deboche, ou no preconceito, e é preciso ter cuidado pra não incidir nesse senso comum, ter os ouvidos abertos, o coração no comando e deixar a mente falar o menos possível.
Foi com este pensamento que cheguei àquele lugar, apesar das minhas imensas dificuldades: aproveitar toda energia dali emanada e ter sob o máximo controle, a razão - que me diria, como várias vezes disse, (mesmo sob o persistente protesto de uma consciência maior), que tudo aquilo não era possível.
Como seria possível recomeçar o mundo de um lugar ermo? sem hospital, sem emprego, sem comércio nenhum, longe de tudo??
Oras, (a mesma razão me dizia), não era assim, afinal, que tudo tinha começado??? Não puseram a capital do país no meio do cerrado, quando não havia quase nada?? 
Não foi a partir de uma ideia sem pé nem cabeça, que no passado remoto e talvez até no recente, surgiram civilizações inteiras?
E o que contava ainda mais pontos era que o Roncador está mesmo longe de tudo, mas parece estar bem pertinho de Deus, no meio de uma natureza exuberante, próximo do rio mais limpo do Brasil: o rio Araguaia - o rio dos mortos (lindíssimo).

aqui tem uma balsa bem precária, os ônibus têm que se movimentar em cima dela, para baixo e para cima, pra balsa não emperrar no fundo.



E então, as coisas novas sendo apresentadas, novo discurso, novos conceitos, muitas explicações e coisas que eu pensava algum dia terem vindo de dentro de mim, da minha capacidade de imaginar, e que eu concluí, enfim, talvez, não tenham vindo de dentro de mim, mas de um conhecimento anterior.
Afinal, em criança, eu brincava que as bonecas moravam no sol, coisa que a ciência sabe impossível, mas para o místico, como para o poeta, o impossível não existe.
Presenciei práticas de cura impressionantes e inacreditáveis. Dentro de um santuário natural e magnífico, uma gruta, no seio da terra, forrada de penduricalhos de pedra, mais ricos que os lustres de cristal mais caro, pessoas vestidas de branco, vela na mão, cantando incessantemente, enquanto a vestal maior (a mulher que serve ao ritual de cura) opera os místicos que lá foram procurar a cura da alma ou do corpo.
Um espectáculo belíssimo, no ventre da mãe natureza - num ventre outra vez, enfim. E somos envolvidos por aquela magia e crença, aquela força que, ainda que não brotasse da fonte mágica do Universo, por si só seria uma magia - duzentas pessoas de branco, reluzindo à luz de velas, na penumbra da caverna enquanto canta, (enquanto canta).













É tudo incrível, mas magnífico, como é magnífico o Incompreensível.
Os gnósticos te põem a trabalhar nas cirurgias de cura, principalmente os estreantes, para colaborar com a prática, bem como servir de testemunha daquele procedimento e materializações que se fazem a olhos vistos.
Pensei em Chico Xavier ao assistir o ritual de cura. Em como as pessoas vinham de todos os lugares do Brasil e do mundo pra falar com ele, serem tratadas por ele. Também, em como a mídia tentava desqualificar seu trabalho, desmascarar o enigma e acreditei que, no Roncador, está a operar-se um fenômeno parecido.
Emocionei-me várias vezes. As pessoas que compõem o Roncador, em sua maioria, estão completamente envolvidas naquelas verdades e objetivo e é difícil não se deixar contagiar, não se deixar levar pela maré de emoções e vibrações daquelas almas dedicadas à sua causa, a qual seria a causa (e a casa) de uma nova humanidade.





Haveria muitas coisas mais a dizer, injustiças cometidas contra mártires e santos e que lá são corrigidas, sentimento de fraternidade, organização e funcionamento harmônicos, confiança e tranquilidade.
Mas imagine se tenho conhecimento pra partilhar, palmilhando que estou nesse entendimento, haja vista que ainda resisto à compreensão do inexplicável, com medo de que meu entendimento prejudique o exercício de elucubração, a capacidade de contemplação, em que se nutre minha poesia.
Então fecho este relato falando de mim:
Eu sempre acreditei num amor infinito, maior que todos os sentimentos, que todas as dificuldades. Um amor que fosse capaz de superar todos os obstáculos e resistisse às intempéries do mundo, mesmo que a psicologia diga o contrário, mesmo que todas as pessoas "sensatas" digam o contrário.
E o Roncador - realidade que eu jamais sonhei, chegou a mim por ele. 
Com isso, mesmo nos dias de hoje, a perspectiva de um amor que dure, um amor resplandecente, imbatível, como de Jesus e Maria Madalena, igualmente se materializou.

o santo graal




Ela, Maria Madalena, a vestal símbolo de entrega, que sofreu as dores da cruz, que primeiro viu o Cristo ressuscitado e com quem, hoje, me sinto tão identificada, ao viver o amor que eu sempre quis, mas sequer ainda acreditava merecer.
Minha maior gratidão ao Roncador é ter preparado pra mim o asilo de alegria em que hoje repouso, mesmo diante de todas as inquietações do novo que se abre para mim.
Quero esclarecer aqui que não tenho religião definida, (apesar de criada na religião católica, a religião de meus antepassados, cujos símbolos e práticas igualmente respeito - e, mais ainda, venero - e conhecer um pouco os fundamentos do kardecismo, pelos livros de André Luiz). Alguém me disse uma vez que uma pessoa assim, que crê, mas não segue uma única doutrina é agnóstica - o contrário de gnóstica?
...
Sou curiosa à minha maneira. 
O místico sempre fez parte de mim e eu creio que não há nada no Universo que não esteja conectado com a Grandeza e infestado de Mistério. Mas não sei se quero pôr a mão nessa cumbuca.
Contudo, é bom que saibam que tem cada vez mais gente pondo a mão aí e, interagindo com Mestres de mundos elevados e teoria científica aliada ao exótico e quase impenetrável, mundo oculto, se sentindo feliz da vida.
Ah, pra completar, e a quem interessar possa, no Roncador, o céu parece mais longe - mas é apenas porque assim, vê-se melhor as estrelas.




ouça esta canção e entenda com o coração o que não está dito










Larissa Germano é autora de "Cinzas e Cheiros" e escreve nos blogs Palavras Apenas (naoapenaspalavras.blogspot.com) e Nunca Te Vi Sempre Te Amei (cafehparis.blogspot.com), Tem perfil no facebook e no twitter e a página Lári Prosa e Trova no facebook. É também compositora intuitiva e tem perfil no Sound Cloud e Youtube. 

9 comentários:

Unknown disse...

Me senti lá

7 de junho de 2015 às 10:50
Unknown disse...

Me senti lá

7 de junho de 2015 às 10:50
Lari Germano disse...

que bom, Ritinha! fico feliz, porque é essa interação que eu busco mesmo! bjss

7 de junho de 2015 às 11:12
Anônimo disse...

É....REALMENTE, É MARAVILHOSO!

7 de junho de 2015 às 14:03
Juçara Marcondes disse...

Sensacional Lari, por alguns minutos viajei... e por lá estive!! Também acredito na foça do Universo, na cura pelo amor ao próximo...o amor infinito que transcende!! Obrigada por compartilhar esta vivência incrível...e que muitas outras cheguem até vc...Bjsss <3

7 de junho de 2015 às 15:09
Lari Germano disse...

Ju.... que bom que você foi comigo, amiga!! era isso mesmo o que eu queira e quero, teletransportar vocês pra um mundo às vezes só meu e, nesse caso, de mais pessoas, mas ainda muito poucas... bjsss

7 de junho de 2015 às 23:17
Lari Germano disse...

Obrigada!!

7 de junho de 2015 às 23:18
Anônimo disse...

olá Larissa! salve mais esse dia! vi tu e Renê no meio do caminho, indo para o Caminho do Meio lá no Roncador... senti alegria em minh'alma... horizontes de Luz hão de haver para aqueles de coração nobre... até sempre...

8 de junho de 2015 às 18:26
Lari Germano disse...

que lindo! assim seja (três vezes)... bjs

8 de junho de 2015 às 18:40

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