quarta-feira, 22 de julho de 2015

Berlim pede bicicleta




      Desde sempre a bicicleta em Berlim tem lugar no trânsito da cidade, divide as ruas com ônibus, carros, motocicletas e bondes, e é "normal". A bicicleta é vista como mais um meio de transporte, Simples assim. Nesses últimos 13 anos foram construídas mais ciclovias e marcações no asfalto, assegurando o espaço da bicicleta. Além disto, em 2005 a cidade começou a implantar uma política consequente de incentivo ao seu uso, dentro dela os roteiros turísticos para fazer de bicicleta. Placas indicam vários passeios pela cidade, como por exemplo seguir a demarcação do antigo muro de Berlim. São ao todo mais de 1000 km de "caminhos de bicicleta". 
      

Mais de 600 km de ciclovia nas calçadas. Claro escolhi uma bem bonita, existem aquelas precisando de melhoras.   

      Pois é, vermelho é uma convenção mundial, além de símbolos político-partidários. Muitos turistas desavisados não resistem à atração de andar sobre este tapete, e com frequência levam broncas dos ciclistas mais mal-humorados. Típico Berlim, típico alemão, afinal a ordem/organização seguida por todos facilita a convivência no grupo...

       Agora no verão, a número de ciclista triplica e muitas pessoas trocam os transportes privados ou coletivos por bicicletas, principalmente nos bairros centrais. No dia a dia, percebe-se o quão "normal" é andar de bicicleta na cidade. Não é como vemos no Brasil,  onde os ciclistas são jovens com atitude política, propondo e trabalhando para uma mudança estrutural. Ao contrário, vemos pessoas de todas as idades com suas bicicletas. Gente de terno, gente bem arrumada, mulheres corajosas com salto alto fino de 12 cm... Quem ainda é pequeno demais vai na cadeirinha ou num carrinho puxado pelos pais. Mas não é raro a criança maiorzinha pedalar até o jardim de infância. Como estamos na Alemanha, isto está regulamentado: a criança até os 8 anos de idade tem de andar na calçada, mas não na ciclovia. Crianças até 12 anos têm de andar na calçada - quando não houver a ciclovia. 


foto: picture alliance /dpa Themendia    
     Mas, pois é... Os motoristas têm de contar com as bicicletas, mas mesmo assim andar na cidade requer do ciclista muita atenção. Há pouco ouvi de um rapaz que quando está dirigindo não se importa com ciclistas. Como assim!? Fiquei surpresa, porque ele também costuma ir de casa para o trabalho de bicicleta! Portanto, pela infinita inconsequência e complexidade do ser humano, também aqui pode ser perigoso estar nas ruas. Nunca podemos saber se vamos encontrar um parvo como esse... Um outro perigo são os trilhos do bonde, se a roda entrar no vão do trilho incrustrado no asfalto você irá levar um tombo fenomenal e muito sério.
      Uma ideia fantástica é a "bicicleta branca", já conhecida no Brasil, colocadas em homenagem a ciclistas mortos no trânsito, outras também nos avisam do perigo do local. Assim como essa.

Uma "bicicleta fantasma" (Geisterrad), iniciativa do Clube do Ciclista - ADFC.


      E pra quebra qualquer possibilidade de idealização e ter a certeza de que ser humano é tudo igual, só muda o endereço, aqui também alguns infelizes bloqueiam as ciclovias. Estacionando nas calcadas, na rua em fila dupla, bloqueando as marcadas no asfalto, ou em cima da faixa reservada às bicicletas nos cruzamentos... que foi o caso do nosso amigo aqui, que estava embaixo até da placa de proibido estacionar. 

Espírito de porco tem em todo o lugar
      Muito frequente também é o roubo de bicicletas. Nunca vou me esquecer de uma cena ao voltar pra casa no fim do dia. Uma menina chorava com um cadeado cortado na mão, ela havia comprado a sua bicicleta naquela manhã... 

     Aqui em Berlim ando de bicicleta no verão e no inverno, a experiência com a areia da praia me ajudou muito a aprender a andar na neve. Se tem algo que adoro nesta cidade é ter esta possibilidade. Espero de coração que aí no Brasil a conscientização das autoridades públicas e dos motoristas aconteça e que as cidades seja invadidas por elas. Abaixo deixo dois links para quem quiser ver mais.

Para ver
malha de ciclovias

fotos:


Ana Valéria é historiadora e mora em Berlim. Terminou dois “estudos de História” uma vez no Brasil outra na Alemanha. Hoje trabalha como tradutora.

2 comentários:

Lari Germano disse...

Nossa!! Como está sendo difícil o Brasil incorporar as magrelas, que são uma unanimidade mundo afora como meio de transporte e de saúde....!!! E você disse bem!, pessoas vestidas para o trabalho, homens de terno, mulheres de alto sobre as bikes são um charme! Quando poderemos incorporá-lo no Brasil???

25 de julho de 2015 às 21:55
Ana Valéria disse...

Esta acontecendo Lari, e agora só tende a crescer. No brasil muita gente anda de bicicleta fora dos grande centros e, parece que o transito expulsou a bicicleta. A grande diferença entre o que vivi aqui e aí foi que aqui se conserva muita coisa e aí rapidinho as coisas são substituídas... por que será? Né.

5 de agosto de 2015 às 11:40

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