quarta-feira, 8 de julho de 2015

Verão em Berlim, é ocupar a cidade





     O que sempre observo em Berlim é como o berlinense faz uso da sua cidade, se comparando com o nosso jeito, o contraste é grande. Aqui o cidadão não pensa duas vezes em aproveitar os espaços públicos para o seu lazer, fazendo com naturalidade coisas que seriam um constrangimento para nós. Quem de teria a tranquilidade de tomar um solzinho na grama ou jogar futebol em frente ao palácio da república?
      Bom, infelizmente aqui hoje não é mais permitido o futebol na frente do Reichstag, mas tomar um solzinho pode.

Fonte: Berliner Kurier, de 28 de junho de 2015.

      E por falar em tempos quentes, não é que a onda de calor tropical chegou mesmo em Berlim! Durou mesmo uma semana, hoje temos de volta um clima saudável para a cidade, a máxima será por volta dos 20°.  As altas temperaturas num país preparado para que as casa mantenham o calor, ou seja para o inverno, não é um momento de descontração. Como foi o caso na cúpula de vidro do mesmo Reichstag - esse prédio aí atrás da garota - onde no sábado a temperatura alcançou 44° e segundo os jornais foi preciso chamar a ambunlância para atender a um turista. No domingo a "estufa" permaneceu fechada para visitação.
   
      Apesar dos problemas com o calor, muitas pessoas aproveitaram ao máximo este final de semana. As piscinas públicas estavam lotadas, os lagos ao redor e dentro da cidade também. Mas quem não foi pra água ficou dentro de casa, as ruas estavam vazias. Aqui perto de casa, onde há uma pracinha bem frequentada pela criançada, estava um silencio tremendo...

Fonte jornal BZ, com a legenda original: "Primeiro dia de calor extremo, é assim que Berlin sua e sofre."
     Na sexta-feira, ainda não tão quente, as pessoas aproveitaram mais a cidade, inclusive eu e assim pude documentar um pouco do jeito do berlinense ("original" ou não) de lidar com o verão. A ocupação dos espaços públicos pelo cidadão é praticada de maneira consequente, qualquer pedacinho de grama, qualquer fonte de água é lugar para sentar com amigos e se refrescar. Berlin inteira e "usada e abusada" por seus moradores, os espaços urbanos não são só para protestos.

Enquanto uns descansam na praça outros protestam a favor da Grécia e contra a política européia.
   
Aqui o povo se refrescando nas águas da cachoeira artificial do Victoria Park.
      Agora escrevendo me lembrei de São Paulo e Recife, com os protestos para a manutenção do Parque Augusta e do Cais Estelita, movimentos para resgatar a cidade para o interesse do cidadão. Quero acreditar que daqui a algumas gerações teremos a serenidade dos berlinenses para fazer uso do que nos pertence. E isso inclui até uma farofa na pracinha!









Ana Valéria é historiadora e mora em Berlim. Terminou dois “estudos de História” uma vez no Brasil outra na Alemanha. Hoje trabalha como tradutora.





Fontes:
http://www.berliner-kurier.de/home/7168224,7168224.html
http://www.bz-berlin.de/berlin/hitzewelle-da-so-schwitzt-und-leidet-berlin

1 comentários:

L.T. disse...

Saber das "corriqueirices" berlinenses - ainda mais sobre a ótica de uma brasileira - faz com que pensemos melhor os distanciamentos e aproximações. Parabéns, Ana.

9 de julho de 2015 às 11:47

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