sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Espaços Comunicantes em SP: Se aproprie do espaço público!!!




Textos e fotos: Katia Peixoto dos Santos 

A coluna de hoje é dedicada a imagem e a escuta dos espaços abertos: sem tetos e sem paredes, o externo  a rua. O olhar, a observação, o sentir, o clique. Fotografo os movimentos, as ações que ocorrem neste espaço híbrido e dinâmico de um universo vivido por todos no dia-a-dia e intensamente importante nas relações sociais. Inúmeras formas de comunicação são possíveis; as que provem do olhar, de pedaços de conversas, dos papos rápidos que se formam e se transmudam  a cada instante, dos sons e ruídos que se misturam a buzinas, músicas. Na interação com o outro se estabelece relações sensoriais, afetivas, dramáticas, sociais, culturais, geográficas e políticas. Efêmeras sim, porém significantes. Nestes espaços comunicantes da visualidade e do acústico, estamos face to facedoxa-a-doxa com os outros, estrangeiros ou ex-acústicos  em instantes mágicos e energéticos construindo relações e se estabelecendo como tais. A medida em que se fazem fugazes e aparentemente distantes, as interações comunicativas são perceptíveis aos olhos de quem as visualiza. Sutis e infinitas relações. 
Mais doce Cidade….

Morar é viver: minha casa meu mundo
Naquela rua onde vivo é o meu lugar

Naquela casa onde vivo tem desenhos nas paredes de fora 


"São Paulo é a mais doce cidade. Porque eu e outros adotados, nós vemos beleza é na oportunidade. E a oportunidade de trabalhar e de se afirmar é como um mágico pincel que tudo embeleza." Tom Zé.




Aqui é a minha casa 
Essa é a minha casa 
Se aproprie do espaço público 
Se aproprie do espaço público  



Se aproprie do espaço público 
Se aproprie do espaço público 

Se aproprie do espaço público Se aproprie do espaço públicoSe aproprie do espaço público Se aproprie do espaço público

Segundo Lucrécia Ferrara (2007), a espacialidade à qual se aliam a visualidade e a comunicabilidade, constroem a aparência e proporciona o pronto reconhecimento do significado e da expressividade. Portanto a percepção do mundo se dá a partir de três categorias: espacialidade, visualidade e comunicabilidade.  Os espaços abertos nos proporcionam uma visualidade não previsível, um vai e vem de pessoas que preenchem e esvaziam a cada instante o lugar. O presente que se faz assim do preencher e esvaziar-se. A comunicação se dá pelo viés do imprevisível que fica a mercê do tempo, do clima, da arquitetura e dos objetos que cortam a passividade do imóvel o transformando a cada instante. A comunicação da rua está na escadaria do prédio, que em um momento está vazia e no seguinte instante lotada de pessoas que saem da escola.  Na sequência preenchido pela água que escorre da chuva ou do sabão da limpeza. Nos ruídos dos carros, no silêncio da noite, na música que sai dos carros. A rua é a mutação do espaço num tempo móvel.
A rua pode ser palco de manifestações nas agruras do  povo. Também da alegria, do inusitado, do comum, do usual. A alegria e o prazer dos blocos de carnaval,  da parada gay, dos músicos, dos  hippies, dos atores,  enfim, dos artistas. Moradia para alguns que vivem observando como repórteres visuais que não publicam suas experiências nem em fotos, nem em escritas. Há também as crianças que pedem no semáforo, àquelas que brincam, àqueles soltas tarde da noite.  A rua está na Cravolândia, ignorada pelo poder público e extinta do pensamento e planejamento urbano ficando sem sua concepção de lugar. Um não lugar que existe, que está lá e que é visível.


Katia Peixoto dos Santos é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega

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