Impressões: a mulher na História.
Por Yone Ramos Marques de Oliveira
No meu último texto, decidi abordar muito suscintamente o tema das mudanças na forma de se relacionar na sociedade atual, priorizando a relação conjugal. Na verdade, minha intenção inicial era apenas fazer um texto a respeito, mas quando vi que o tema é muito extenso e exige certo cuidado, resolvi prosseguir na mesma linha de pensamento e continuar aprofundando o assunto. No meu período de graduação, fiz alguns trabalhos tentando entender o papel da mulher na história e esse tipo de relação social, porém a falta de material historiográfico de fácil acesso limitaram minha pesquisa à superfície de seu significado para cada sociedade.
Hoje, na academia, existem diversos estudiosos interessados por esse tema, o que poderá servir de fonte genuína num futuro bem próximo, mas por enquanto a pesquisa para universitários ainda tem suas limitações devido ao difícil acesso aos documentos e aos próprios estudos atuais.
Estudei o papel da mulher em 5 sociedades na Antiguidade, e desejo compartilhar o que aprendi com vocês. As citadas culturas são as sociedades: egípcia, mesopotâmica, grega, romana e hebraica. E além dessas, apesar da diferença do período historiográfico, estudei o papel da mulher no Brasil colonial com a ajuda da pesquisa de Mary Del Priore. Então, vou expor uma por vez a cada quinzena, até concluí-los com mais um texto sobre as relações hodiernas. Hoje começarei pela região mesopotâmica, e eu realmente espero que gostem!
Estudei o papel da mulher em 5 sociedades na Antiguidade, e desejo compartilhar o que aprendi com vocês. As citadas culturas são as sociedades: egípcia, mesopotâmica, grega, romana e hebraica. E além dessas, apesar da diferença do período historiográfico, estudei o papel da mulher no Brasil colonial com a ajuda da pesquisa de Mary Del Priore. Então, vou expor uma por vez a cada quinzena, até concluí-los com mais um texto sobre as relações hodiernas. Hoje começarei pela região mesopotâmica, e eu realmente espero que gostem!
Ao contrário do que muitos ainda pensam, a Mesopotâmia não era um estado organizado, mas sim a denominação da região entre o rio Eufrates e Tigre. O próprio nome mesopotâmia é uma palavra grega da Antigüidade que significa entre os rios. Na verdade, a Mesopotâmia não é uma civilização, mas sim uma justaposição de civilizações - A parte meridional era a Suméria, a região contínua era Acadia, e no alto do vale do Tigre localizava-se Subartu (Assíria). Cita-se aqui justaposição devido aos Impérios que se estabeleceram na região durante a História Antiga - das quais conhecemos a Suméria, a Babilônia e a Assíria.
É difícil falar das peculiaridades dessa civilização devido ao longo período de duração e diversidade de povos que atuaram nessa região. Os Sumérios teriam instalado-se na região aproximadamente em 5.000 a.C. Essa civilização durou cerca de 1500 anos apesar de se saber muito pouco sobre a cultura desenvolvida por eles, já que sua população desapareceu como povo organizado e sua cultura foi assimilada pela cultura babilônica durante o reinado de Hamurabi.
Da dinastia de Sumu-abum, Hamurabi reinou na Babilônia entre 1792 e 1750 a.C., conseguindo anexar os reinos mesopotâmicos a seus domínios. Alguns historiadores preferem denominar o reinado de Hamurabi de “império” devido esse domínio sobre os povos circunvizinhos. Criou uma organização política centralizada, além de ter criado um só código de leis que vigoravam em todo domínio de seu reino. O Código de Hamurabi é muito severo e fala de leis acerca de roubo, adultério, homossexualismo e tinha como função regulamentar as mais diversas práticas sociais e respectivas penas, sendo que as punições para os delitos eram demasiadamente duras, mas sua intensidade e valor variavam entre as classes sociais, e entre indivíduos, dependendo de sua influência e posição.
Na sociedade mesopotâmica, a estrutura era condicionada à divisão de castas e, em se tratando de estrutura de casta, segundo Olavo Leonel Ferreira, “não seria difícil descobrir as diferenças sociais que existiam nas movimentadas ruas e praças das cidades mesopotâmicas”. Para as mulheres, isso significava a mais inferior posição social: as mulheres andavam com os rostos cobertos e nesta sociedade não tinham mais valor do que uma mercadoria. A sua opção de vida era o casamento ou o concubinato; podiam tornar-se também sacerdotisas e dedicar sua existência à religião. Na religião mesopotâmica era comum o serviço de sacerdotizas, e uma das peculiaridades dessa religião era a prostituição sagrada praticada por essas mulheres.
Existe um texto que se refere ao código das mulheres, no qual a punição para as mais diversas penas eram os mais diversos tipos de mutilação, além de muitos outros castigos . Cabia ao marido julgar ou perdoar a mulher do "crime" cometido e se o marido o fizesse, o rei também perdoava os cúmplices do delito. Caso contrário, a mulher e os cúmplices teriam que cumprir as penas determinadas. Esse é o caso aplicado para crimes como aborto voluntário e o adultério.
Apesar da condição precária da mulher nessa estrutura social, é importante ressaltar que não diverge muito de outras estruturas do mesmo período (como pretendo ilustrar posteriormente, mas que não é muito segredo para a maioria das pessoas), porém como todas as sociedades, possui suas peculiaridades. Os mesopotâmicos eram muito cruéis e rigorosos em suas punições não só para mulheres como para escravos de guerra e outros povos subjugados, mas uma curiosidade é que, apesar da condição subjugada da mulher, os mesopotâmicos tinham deusas na religião: é o caso da deusa da água, Ea e a deusa do amor e da guerra, Ishrtar.
Nos registros da História, a mulher como ser social teve papel secundário em muitas culturas e religiões, e embora hoje, nossa conquista nos possibillite uma participação ativa no mundo e na sociedade, ainda temos muitas conquistas a fazer. Por isso, eu mulher na sociedade contemporânea, todos os dias quando acordo sinto o privilégio de ser mulher HOJE!
Nos registros da História, a mulher como ser social teve papel secundário em muitas culturas e religiões, e embora hoje, nossa conquista nos possibillite uma participação ativa no mundo e na sociedade, ainda temos muitas conquistas a fazer. Por isso, eu mulher na sociedade contemporânea, todos os dias quando acordo sinto o privilégio de ser mulher HOJE!
Yone Ramos Marques de Oliveira, teóloga e historiadora, escreve aos sábados, quinzenalmente no ContemporARTES.