Tristão e Isolda


Escrita a partir da lenda medieval celta, Tristão e Isolda conta a história de um casal que enfrenta diversos obstáculos para se unir. Trata-se do arquétipo base que dá origem a muitas histórias que tratam de honra e traição, amor e sacrifício. Assim como é o caso de Lancelot e Guinevere ou de Romeu e Julieta.

Os muitos estudos históricos discordam das origens reais destes personagens, tornando impossível identificar uma origem em comum para a lenda. Porém, há ecos de sua narrativa em diversas culturas. As origens da lenda remetem ao início do século XII, e envolvem muitas fontes e versões, sendo as mais antigas as do folclore celta do norte da França. Dois poetas da época, Thomas of Britain e Béroul detêm os primeiros textos mais conhecidos e, apesar de pequenas diferenças, ambos possuem a essência da história.

Nestas versões da história de Tristão e Isolda não há nada a ver com a corte do Rei Arthur ou a Demanda do Graal. Porém, a partir do século XIII, este conto passa a se confundir com a literatura arthuriana, tornando-se muito popular e sendo contado várias vezes e de variadas formas, em todas as líguas da Europa.

Richard Wagner, um dos maiores compositores alemães de todos os tempos, era versado em toda a literatura que envolvia este casal medieval e compôs a sua própria versão, baseando-se principalmente nos escritos de Gottfried von Strassburg. Para se saber como ficou esta magnífica opera de Wagner, ouçam:


Houveram muitas versões para o cinema. Sendo que a última, produzida por Tony Scott e Ridley Scott e escrita por Dean Georgaris, é a mais rica historicamente, pois podemos averiguar no contexto de invasões da Bretanha a história de muitos povos e o surgimento de uma língua. Na história da língua inglesa encontramos muitas referências aos povos e locais citados no romance e que são bem nítidos e definidos no filme. Mas a narrativa deste perde, e muito, ao ignorar a influência da poção do amor na história dos dois. Caso se interessem, logo abaixo segue o trailer deste filme:


Agora, se, como eu, preferem saborear este lindo romance através da leitura, eu sugiro a versão escrita por Fernandel de Abrantes. Pois ele tenta cozinhar as visões dos outros autores aqui citados em uma única panela, além de ser um livro de baixíssimo custo.


Vinícius "Elfo" Rennó é graduando em Letras pela UFV. Gosta de cozer bem o que escreve. Basicamente, trata-se de um leitor glutão, amante de cinema e viciado em música. Atualmente é membro do corpo editorial da Contemporâneos – Revista de Artes e Humanidades e, juntamente com a Prof. Dr. Ana Maria Dietrich, coordena a ContemporARTES – Revista de difusão cultural.
Ler Mais

MULHER[ES]


Canção: MULHER (1982)
(Erasmo Carlos)
Fotos: MULHERES, SERES GRÁVIDAS
Tiradas no Museu de Arte da Bahia/MAM2010)
Modelo: Nany Oliveira


Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas...
Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço
Satisfaz meu ego, se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça
Quando eu chego em casa a noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas pra quem deu a luz não tem mais jeito
Porque um filho quer seu peito








O outro já reclama a sua mão
E o outro quer o amor que ela tiver
Quatro homens dependentes e carentes da força da mulher.




Mulher, mulher
Do barro de que você foi gerada
Me veio inspiração pra decantar você nessa canção
Mulher, mulher
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um dez, sou forte mas não chego aos seus pés.



DUDA WOYDA, ator, com experiências no Paraná e Rio de Janeiro, cidade com a qual mantem contatos profissionais. Integra a CIA Ateliê Voador e a CIA Teatro da Queda. Pesquisa questões relacionadas ao teatro físico e a sua relação entre dramaturgia corporal e teatralidade, priorizando a multidisciplinaridade.
dudawoyda@yahoo.com.br
Ler Mais

Eleições e ética na mídia

    Sempre quando se aproxima a data de publicação da minha coluna, já começam a ferver assuntos diversos que gostaria de escrever ao leitor Contemporartes. A era da informação nos traz esse grande benefício de ficarmos sabendo de todos e de tudo sem sair da nossa cadeira do computador. E nessa semana não foi diferente. Aconteceu o primeiro turno das eleições presidenciais, algo que movimentou o Brasil em debates, propaganda e muita discussão. A candidata petista Dilma Rousseff somou 46,90% e o tucano José Serra ficou com 32,61%. Em terceiro lugar, Marina Silva com 19,33%.

                                            Candidatos à presidência: Dilma e Serra

     Porém, chamou a atenção a falta de ética na mídia sobre a campanha de Dilma Roussef, principalmente em correntes mentirosas na internet. Dispostos a abafar a popularidade conquistada pelo apoio do presidente Lula, foram divulgadas notícias que a vinculavam a assassinatos, bombas, terrorismo etc. Eu me espantava a cada dia quando aparecia uma "novidade" no meu email. O que me assombrava mais era quem eram as pessoas que estavam ajudando a disseminar tais informações: parentes, alunos (será que eles haviam esquecido as aulas sobre Ditadura Militar e sobre a importância dos movimentos de resistência? Do filme Zuzu Angel na parte principal - a meu ver - que ela clama no tribunal, por justiça?), amigos próximos.

   Felizmente havia vozes em contrário também.  O blog Seja dita a verdade fez uma compilação das mentiras publicadas sobre a candidata, principalmente rebatendo as mentiras relacionadas a seu passado durante a ditadura militar. No link Central de Boatos, respondendo a cada uma delas. Rebatendo as informações sobre o papel de Dilma na luta armada e à divulgação de uma foto-montagem na qual Dilma aparece com um fuzil, o blog denuncia:

"Dilma já falou, seus companheiros da época já declararam e é público: Dilma nunca pegou em armas, nunca participou de assaltos à banco e nunca participou de ações armadas em geral quando lutou contra a ditadura."


   Alguns amigos intelectuais me informaram da demissão da jornalista Maria Rita Kehl pelo Estadão por ter publicado um texto cuja indignação pelo tratamento da mídia a candidatura da candidata petista fica evidente. Em uma das respostas às supostas correntes de internet, Kehl escreveu:

"Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola."

Sua denúncia de fundo se referia a como as tão analisadas pela historiografia "classes médias urbanas" se revoltavam com o que seria de mais transformador no governo Lula, a diminuição da desigualdade social por meio de programas sociais como o Bolsa Família. Logicamente, sentiam-se ameaçadas por tais "pés de chinelo" que calados durante a história republicana brasileira, passam a conquistar o mínimo básico de direitos, o de comer.


Outro texto, enviado por um grande amigo historiador, foi publicado no blog da Cidadania com o sugestivo título Ovo da Serpente mediática.  O autor - Eduardo Guimarães - faz remissão ao filme de Ingmar Bergmann, o Ovo da Serpente (1977), cuja metáfora foi utilizada pelo diretor em alusão a sociedade da república de Weimar cujas frustrações e ressentimentos econômicos, sociais e políticos representariam o ovo do que estaria por vir, o regime nazista (1933-1945). A semelhança com o cenário político brasileiro é que a mídia cujo papel primário deveria estar  intensamente associado à proteção e promoção dos valores democráticos estaria dando vazão a fundamentalismos ideológicos que colocariam o saudável debate eleitoral em uma sinuca de bico. Escreve Guimarães:

"A serpente midiática colocou seu óvulo entre a sociedade civil. Na última quarta-feira, denunciei aqui o efeito maciço que as campanhas difamatórias de Globo, Folha, Veja e Estadão contra Dilma insuflaram em grupos de classe média alta, levando pessoas comuns a promoverem verdadeiros arrastões político-ideológicos intimidando a qualquer um que manifeste opiniões favoráveis à candidata do PT à Presidência.
O fundamentalismo religioso tem sido estimulado pelos grandes meios de comunicação eletrônicos e impressos, gerando milhões de e-mails e de panfletos contendo calúnias sobre a petista. Ataques à sua honra como mulher, acusações de ser homicida, prostituta, ladra se espalham e chegam a atingir, de forma estarrecedora, até a crianças.
Enfim, esta é a campanha eleitoral mais suja que vi."

Outro amigo também historiador me enviou o manifesto dos intelectuais e artistas pró Dilma assinado por Chico Buarque, Leonardo Boff, Fernando Moraes, Emir Sader entre outros. Em uma das frases mais significativas a meu ver, estava:

"Entendemos que, muito mais que uma candidatura, o que está em jogo é o que foi conquistado." Diretos básicos? Cidadania aos excludentes?

Fazia referência às inúmeras conquistas em termos sociais e educacionais do governo atual.

Perante tal quadro, deixo aqui minha singela opinião. O jogo eleitoral é composto de adversidades e pluralismos, mas atrás dele deve se manter a ética, por que se não assinamos um decreto que vivemos em terra de ninguém. Ninguém manda, não há normas a ser seguidas, a arbitrariedade composta de confusas sombras impera.


*         *             *
Outros assuntos:

Opinião Contemporâneos

Copa do Mundo no Brasil

Mande sua opinião para Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades/ (revistacontemporaneos@gmail.com) sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil. Aos cuidados de Franklin Lopardi Franco - editor assistente.

1. Sendo o Brasil o país do futebol você concorda com o projeto de sediar a copa do mundo? Você acha que ele será capaz de atender todas as expectativas e prazos?
2. Você conhece as exigências da FIFA para um país sediar a copa? Se sim opine se estas exigências demonstram um interesse da instituição pela questão social?
3.Você acha que a violência é um obstáculo a ser superado para realização da copa? Se sim qual seria a melhor solução para tal problema?
4. Suas expectativas, extra-campo, para a copa do mundo realizada no Brasil são boas ou ruins? Você conhece algum projeto de mesma natureza que tenha tido um balanço positivo, explique por que você acha este projeto positivo?

*   *   *
Estão abertas até 3 de novembro as inscrições para o simpósio acima, organizado pelo Programa de Mestrado em História da Universidade Severino Sombra (Vassouras, RJ) que se realizará nos dias 1, 2 e 3 de dezembro de 2010 na USS – Vassouras – RJ.

Mais informações pelo site: http://www.uss.br/web/page/simposiopol.asp

Junto a Rosângela Dias e Katia Peixoto (colunista da Contemporartes) estarei coordenando um Simpósio Temático sobre Cinema.


1. Cinema e História: discussões de linguagens historiográficas
Coordenação:
Katia Peixoto dos Santos (PUC-SP)
Rosangela de Oliveira Dias (USS)
Ana Maria Dietrich (UFABC/USS)
Inaugurada por Marc Ferro na década de 60, a intersecção entre as duas áreas de conhecimento Cinema e História será objeto de reflexão desse seminário temático. Pretendemos agregar pesquisas que explorem os questionamentos teóricos e metodológicos que demandam dessa discussão interdisciplinar, assim como conhecer os atuais estudos que privilegiam a análise de imagens audio-visuais e/ou a linguagem cinematográfica. O cinema enquanto narrativa específica elaborada como resultado da composição de diversos elementos fílmicos e polissêmica ao utilizar o som e a imagem também serão foco de análise.

*   *   ¨*





Seminário Argumentos do Corpo
Essa nota foi enviada pela também colunista Alyne Vilaça (Bar Contemporartes).

O I Seminário Argumentos do Corpo tratará de questões pertinentes ao corpo, estética e criatividade. Propõe estimular a pesquisa, divulgar a produção artístico-acadêmica, integrar e promover intercâmbio entre artistas, docentes, discentes do curso e entre outros cursos da UFV. Concretizar ações interdisciplinares, confirmando e efetivando o papel socializador da arte na sociedade brasileira

http://www.argumentosdocorpo.blogspot.com/




Ana Maria Dietrich é coordenadora junto a Vinicius Rennó, da Contemporartes-Revista de Difusão Cultural.
contemporartes@gmail.com
Ler Mais

Rompendo o Silêncio da poesia


Leitores, algumas vezes entramos em contato com novos autores, principalmente, novos textos que nos tocam profundamente. Pensando nisso, hoje, resolvi fazer a apresentação de uma poeta que se revelou há pouco tempo, com seu livro Rompendo o silêncio, lançado no início de setembro deste ano. Esta autora se chama Maria das Graças Corrêa Martins, nasceu em uma pequena cidadezinha do interior de Minas Gerais, chamada Canaã, em 5 de maio de 1948.

Maria das Graças escreve poemas desde sua adolescência, no entanto somente agora resolveu publicar alguns deles. Segundo a poeta “O poema é uma forma de sair de si mesma e deixar vazar aquilo que pulsa dentro de nós”. Desta maneira, ela diz que decidiu romper o silêncio que guardava para si e em seus manuscritos, agora não há mais volta.

Após ler todo o livro, eu pude perceber que os poemas revelam uma mulher feminina, sensível e que ao mesmo tempo é forte, que ama, chora, sofre e ri e que se revela em cada linha poética, como podemos observar a seguir:

Essência
Não demora uma eternidade
para que se esfume no ar
a imagem nítida
da pessoa que amamos.
Para nossa proteção
além do nome
apenas um lembrar opaco
está presente
quando pensamos.

Somente os gestos
e atitudes marcantes ficam.
Acrescentando-nos.
Subtraindo-nos.

Ou ainda neste poema:
Poema

É o receio de não ser aceita
que me faz rasgar o poema
ainda não lapidado
mas suado, extravasado
e consentindo.
A insegurança do agrado
e o enfado
fazem-no a meu ver
proibido.

Assim, esse meu avesso
que eu nem própria conheço
silencia.
Timidez?
Modéstia?
Covardia.
Tudo isso e talvez
o instinto de defesa natural.
É que confusa
me esvaio obtusa
na poesia que é meu abrigo,
minha toca,
minha fortaleza,
minha nave espacial.

Há também outros poemas em que a autora revela sua cidade, sua vida, a natureza que permeia toda sensibilidade. Poemas que expõem o cotidiano de uma mulher que vive em consonância com o real e capta a beleza das mais simples imagens do dia-a-dia e que, muitas vezes, nos passam despercebidas:

Carícias
Um galho se deixa embalar
Acariciado pelo vento.
Embriagados pela carícia
não se apercebem
que as horas se esvaem.

Enciumadas,
legitimamente ofendidas
as florinhas amarelas
uma a uma caem.

Também podemos notar a percepção refinada da poeta a seguir:
I
São as bochechas do dia
que sopram o pescoço do rio.
O rio tem cócegas no pescoço
e se arrepia.
Cai de riso pela cachoeira
e mais além se espraia
sob o abraço da areia.

Rompendo o silêncio é uma obra que muito instiga o leitor a conhecer a poeta que por trás do livro se esconde, que convida aos demais que o desfrutem, que é como um tecido formado por vários que fios a fim de enriquecê-lo. Achei que esta obra e esta autora singulare deveriam ser apresentadas, pois ambas refletem um olhar feminino sobre o mundo, olhar este que revela nas entrelinhas que a poeta é leitora de Adélia Prado e Cora Coralina. Todas elas mulheres que nos convidam a conhecer seu mundo particular e que, sem pedir licença, adentram nossas leituras, quem sabe, até mesmo nossas vidas.





Rodrigo C. M. Machado é Graduando em Letras pela Universidade Federal de Viçosa e, neste momento, pesquisa a representação dos corpos na poesia de António Botto. 
Ler Mais

Nova Apresentação da Segunda Poética!


COLUNA “POESIA COMOVIDA” PASSA A SER QUINZENAL

por Altair de Oliveira


A partir desta data, a nossa coluna “Poesia Comovida” passa a compartilhar o espaço “segunda poética” da revista Contemporartes, com a nova coluna “uni.versos”, do poeta Geraldo Trombin, sendo que ambas passam a ser editadas quinzenalmente, em publicações alternadas a cada segunda-feira. Desta forma, acreditamos que conseguiremos manter a nossa dose semanal de poesia e poderemos diversificar e enriquecer os enfoques dados aos trabalhos da boa poesia feita atualmente no país.

Respeitado o tema “poesia contemporânea”, o conteúdo a ser trabalhado em cada coluna é bastante livre e continua a ser definido pelo livre arbítrio do colunista. Mas podemos adiantar que a “Poesia Comovida” manterá alguns enfoques em temas como entrevistas com gente ligadas à poesia, apresentações e comentários sobre autores e livros de poemas ou eventos de poesia e, muito provavelmente, a coluna “Uni.Versos” tratará da apresentação de poemas e de poetas. Porém nada deve impedir que eventualmente estas posições de abordagem possam ser revezadas, em prol da poesia, por uma ou por outra coluna.

Gostaríamos então de desejar ao nosso camarada Geraldo Trombin toda a energia, toda sorte e toda poesia, para que possa fazer da coluna “Uni.versos” um espaço agradável, onde a palavra esteja sempre em festa! Seja muito bem-vindo, poeta!


Um pouco sobre o poeta Geraldo Trombin:

Poeta, publicitário e membro do “Espaço Literário Nelly Rocha Galassi” – de Americana/SP (desde 2004), lançou em 1981 o seu livro “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas. Com mais de 160 classificações conquistadas em inúmeros concursos realizados em várias partes do país, tem trabalhos editados em mais de 60 publicações.


***


Resultado do Prêmio Jabuti 2010!

Foi divulgado no dia 01 de outubro 2010, a lista dos vencedores do prêmio Jabuti 2010 (para os livros editados em 2009), um dos mais badalados prêmios literários do país e que chegou este ano à sua 52a edição.

O Jabuti é um prêmio literário anual, promovido pela Câmera Brasileira do Livro (CBL) para os livros editados no ano anterior em 21 categorias entre as classes de “ficção” e “não ficção”. Os destaques deste ano foram para o jornalista Edney Silvestre, que ganhou o prêmio de “Melhor Romance” com o seu livro “Se Eu Fechar os Olhos Agora” (Record) e para a escritora Marina Colasanti, que ganhou o prêmio de “Melhor Livro de Poesia” com o seu “Passageira em Trânsito” (editora Record). Edney Silvestre ganhou também este ano, com este mesmo livro, o prêmio São Paulo de Literatura na categoria “Romancista Estreante”. Por este feito, ele recebeu R$ 200.000,00.

O vencedor de cada categoria do prêmio Jabuti 2010 recebe a quantia de R$3.000,00 e pode ainda concorrer ao melhor livro do ano nas categorias de “ficção” ou de “não ficção”, pelo voto popular. Os premiados nestas categorias serão eleitos por um júri de internautas, através de votos no site da CBL e receberão apenas um placa de premiação, não recebendo nem a estatueta do Jabuti Livro do Ano nem o prêmio em dinheiro.

O Prêmio Jabuti, que é simbolizado por um quelônio brasileiro, tido como sábio, lento e de grande longevidade, é um prêmio de editores e é oferecido para os livros já publicados. Sábia decisão, penso eu pois, caso contrário, os 3 mil reais pagos pelo prêmio não seriam suficientes para cobrir os custos de uma decente edição.


Confira abaixo a lista dos principais vencedores do Prêmio Jabuti 2010, nas categorias relacionadas à literatura:


Poesia

1º) Passageira em Trânsito (editora Record), de Marina Colasanti

2º) Sangradas Escrituras (editora Star Print), de Reynaldo Jardim Silveira

3º) Lar, (editora Companhia das Letras), de Armando Freitas Filho


Romance

1) Se eu fechar os olhos agora (editora Record) - Edney Silvestre

2) Leite derramado (editora Companhia das Letras) - Chico Buarque

3) Os espiões (editora Objetiva) - Luis Fernando Verissimo


Contos e Crônicas

1) Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras histórias de amor) (editora 7letras) - José Rezende Jr.

2) A máquina de revelar destinos não cumpridos (editora dimensão) - Vário do Andaraí

3) Paulicéia dilacerada (editora Funpec-editora) - Mário Chamie


Infantil

1) Os herdeiros do lobo (editora Comboio de Corda/Grupo SM) - Nelson Cruz

2) Carvoeirinhos (editora Companhia das Letras) - Roger Mello

3) A visita dos 10 monstrinhos (editora Companhia das Letras) – Ângela Lago


Juvenil

1) Avó dezanove e o segredo do soviético (editora Companhia das Letras) - Ondjaki

2) Marginal à esquerda (editora RHJ) – Ângela Lago

3) Sofia e outros contos (Saraiva S/A Livreiros Editores) - Luiz Vilela


Tradução

1) O leão e o chacal mergulhador (Editora Globo S.A.) - Mamede Mustafa Jarouche

2) Canção do Venerável" (Editora Globo S.A.) - Carlos Alberto Fonseca

3) Trabalhar cansa" (editora Cosac Naify) - Maurício Santana Dias


Tradução de obra literária espanhol-português

1) Purgatório (editora Companhia das Letras) - Bernardo Ajzenberg

2) Três tristes tigres (Editora José Olympio) - Luís Carlos Cabral

3) Cem anos de solidão (Editora Record) - Eric Nepomuceno


Teoria/Crítica literária

1) A clave do poético (editora Companhia das Letras) - Benedito Nunes

2) O controle do imaginário & a afirmação do romance (editora Companhia das Letras) - Luiz Costa Lima

3) Cinzas do espólio (editora Record) - Ivan Junqueira


Um pouco sobre Marina Colasanti

Marina Colasanti foi concebida na Itália e nasceu em Asmara, Etiópia em 26 de setembro de 1936, morou sua primeira infância na Itália, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1948. Estreou na carreira literária em 1968, com o livro “Eu sozinha” e atualmente tem mais de 40 livros publicados, entre poesia, crônicas, contos, livros para crianças e jovens.

Escritora, poeta, jornalista, artista plástica, ensaísta e palestrante, Marina Colasanti é hoje uma das mais importantes escritoras do país, tendo ganhado vários prêmios literários importantes, incluindo 4 vezes o Prêmio Jabuti. Iniciou-se na literatura escrevendo prosa e literatura infantil e só em 1992 editou o seu primeiro livro de poemas "Cada Bicho seu Capricho" (1992). Neste livro premiado “Passageira em trânsito”, a poeta analisa a transitoriedade do homem a partir do olhar atento do viajante, do transeunte e do imigrante, situações tão bem conhecidas dela.



Um Poema de Marina Colasanti:


Entre Ferro e Fio


Como punhal

sem sangue

e sem ruído

a agulha vara a carne do tecido.

Ouvem-se apenas

do metal vencido

a queixa do dedal

e um leve sibilar

ferindo as fibras.

A linha se insinua

serpente que

entre trama e urdidura

de outros fios se defende

e ponto a ponto

impõe

nova estrutura.

A essa falsa fronteira

que sem ser cicatriz

o corte emenda escondida na beira

a essa semovente arquitetura

batizamos

costura.


Poema de Marina Colasanti, In: “Passageira em Trânsito”


***


Dois Poemas de Geraldo Trombin:


VIAGEM


Estou aqui de passagem,

Velocímetro avançando

Na minha insólita viagem.

Só que não sei até quando!


***

CHUVA DE ESTRELAS


Noite densa.

Gotas de chuva

Repousando

Contra a luz.

Estrelas d’água

Na janela!


***


Ilustrações: 1- foto do poeta Geraldo Trombin; 2- foto de um simpático Jabuti; 3- foto da poeta Marina Colasanti; 4- capa do livro de poesia "Passageira em Trânsito", vencedor do Jabuti 2010.


Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve quinzenalmente às segundas-feiras no ContemporARTES a coluna "Poesia Comovida" e conta com participação eventual de colaboradores especiais.

Ler Mais

Uma imagem vale?


Não é de hoje a velha discussão sobre o clichê das mil palavras. Mas hoje, a coluna Drops Cultural traz um elemento novo. Vocês vão conhecer Ryan Lobo, um fotógrafo indiano conhecido por contar histórias de vida incomuns. Nesse vídeo, retirado do site da TED, uma organização sem fins lucrativos, criada em 1984, para reunir pessoas ligadas à tecnologia, entretenimento e design. 

Nesse vídeo, Ryan Lobo fala de suas experiências acompanhando filmagens de documentários, mas, segundo ele, as fotos dizem mais e são mais legítimas. Acompanhe o vídeo e as 3 histórias vividas pelo fotógrafo.




Confira também
Seminário Vozes da Globalização - Módulo IV - Identidades Afros (com direito a certificado presencial de horas)Uma série de palestras que analisa as identidades afros na contemporaneidade em suas mais variadas expressões culturais e artísticas.

Apoio
Associação Cultural Morro do Querosene


Realização:
Casa da Palavra - Escola Livre de Literatura
Prefeitura Municipal de Santo André
Local - Praça do Carmo, 171, Santo André - SP.

Sábado das 10h30 às 12h30
02 de outubro a 11 de dezembro de 2010.

Próximas palestras
16.10- O negro na literatura brasileira contemporânea e sua relação com a construção da identidade literária africana - Vanessa Mollnar
23.10- Mulheres Negras na litetura - Benedita da Silva
06.11- Narrativas infantis africanas na literatura  - Kiusan Oliveira
27.11-  A literatura fragmentada de Mia Couto. Entre o imaginário e o projeto de reconstrução nacional de Moçambique - Cristiane Santana
4.12 -Solistas dissonantes - historia de cantoras negras - Ricardo Santhiago
11.12 - A representação do negro no modernismo brasileiro - Renato Gilioli





 CHAMADA DE ARTIGOS
A Contemporâneos - Revista
eletrônica de Artes e Humanidades, disponível em
www.revistacontemporaneos.com.br
recebe artigos, resenhas, opiniões e ensaios críticos para seu próximo dossiê.
Nº 8 Minorias e suas representações
até 15/03/2011


Ana Paula Nunes é jornalista, Pós-graduanda em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo/USP. Editora assistente e Coordenadora de Comunicação da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades. Escreve aos domingos na ContemporARTES.
Ler Mais