Recesso


Comunicamos aos leitores que durante este mês de Janeiro de 2011 estamos em recesso e voltaremos com nossas publicações em Fevereiro.


Até breve!

Vinícius "Elfo" Rennó é graduando em Letras pela UFV. Gosta de cozer bem o que escreve. Basicamente, trata-se de um leitor glutão, amante de cinema e viciado em música. Atualmente é membro do corpo editorial da Contemporâneos – Revista de Artes e Humanidades e, juntamente com a Prof. Dr. Ana Maria Dietrich, coordena a ContemporARTES – Revista de difusão cultural.
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VALENTINA, A FOTÓGRAFA.




Valentina, é um dos personagens femininos mais famosos   da história em quadrinhos, mas poucos se lembram de sua profissão: Valentina Rosselli é fotógrafa e tem seu estúdio em Milão. Sua profissão  não é tratada superficialmente nos desenhos, ao invés disso, Guido Crepax (1933 - 2003), seu autor, tem um design cuidadoso com os equipamentos de estúdio e câmeras.
Embora ela goste de renomear os equipamentos com nomes de fantasia, como não  reconhecer a Rollei TLR, a Kodak e Nikon nos desenhos?  Valentina não descuida da forma como empunha e mantém sua câmera, como muitas vezes é esquecido nos detalhes de um filme, onde é fácil ver que o ator nunca tinha visto uma câmera em sua vida.


Valentina é retratada em sua cidade natal de Milão, que percorre através do metrô, de carro ou bicicleta. Crepax retrata a cidade visualmente, incluindo os sons e ruídos. Ela também testemunhou três décadas de mudanças e transformações na formas de se vestir que refletem os modelos das revistas Elle e Vogue.



Valentina nasceu em 1965, um equilíbrio perfeito entre uma mulher real e um símbolo da transgressão: o rosto famoso com os traços de sua personalidade são inspirados na atriz Louise Brooks, estrela do cinema mudo e personagem principal de "Lulu" de Georg Wilhelm Pabst (1928).





Além da cultura - política, ideológica e estética do seu autor - Valentina encarna uma espécie de "zeitgeist", o espírito da época da sociedade italiana através das grandes mudanças ocorridas entre os anos sessenta e oitenta. Suas tiras continham uma forte dose de erotismo, e um filme chamado "Baba Yaga" foi feito em 1973, baseado em sua obra.




  Louise Brooks, atriz do cinema mudo que inspirou a personagem Valentina.





           Izabel Liviski é Fotógrafa e Mestre em Sociologia pela UFPR. Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem e Antropologia Visual. Escreve quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.











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2010: Ano de conquistas e aprendizado








Definitivamente não temos como escapar do balanço de cada ano nesta época de festividades natalinas e da tão esperada "virada". Ao relembrar do que imaginei o ano de 2010 vejo que foi um ano de conquistas e muito apredinzado. Conquista porque algo que até então era um sonho, a realização de um documentário sobre a vila de Paranapiacaba, se tornou uma meta. Aprenzidado pois entendi que quando um sonho se torna uma meta as coisas passam a ser verdadeiras, e desta forma muito mais árduas, mas muito mais interessantes.
Quando sonhamos com uma realização tudo nos parece perfeito, o plano mental nos dá a possibilidade de encurtar as coisas, de transformá-las em lindas obras primas sem esforço, pois sonhar é muito prazeiroso. Quando lidamos com uma meta descobrimos até quanto cada um de nós irá se sacrificar para de fato ve-lo realizado. É neste momento que nos deparamos com uma escolha díficil: se queremos correr o risco de realizar algo e se surpreender, de forma positiva ou negativa, ou de não correr o risco de estragar o projeto perfeito, ou seja, de ser um eterno sonhador.
Sonhar é como uma novela, no fim todo mundo sabe que a felicidade será uma dádiva de todos os núcleos envolvidos, além do casamento que não pode faltar.Existe tempo para analisar o sentimento do público em relação aos personagens, se basear na receita de bolo para escrever uma novela de sucesso, ,moldar durante a trama o caminho do imaginário do espectador. Ter uma meta é mais como o teatro. é necessário pensar em cada cenário, em cada vestimenta do personagem,dar sentido e o devido entendimento do público em um curto espaço de tempo.




Set de novela: o sonho de fazer e refazer .


Além disso o sucesso de uma peça de teatro está diretamente ligado ao esforço do ator a cada espetáculo, sem respeitar uma gripe, uma cólica, um infarto, um término de namoro.
Assim como o sonho a novela possui uma palavra mágica chamada CORTA! A chance de fazer e refazer diversas vezes a mesma cena. Se um ator de novela está de mau humor ele apenas irá fazer mais vezes a mesma cena. Agora se um ator de uma peça de teatro está de mau humor ele poderá comprometer a qualidade de todo um elenco.





teatro: a meta. autenticidade da vida.


Na vida não existe a possibilidade de voltar atrás, quando um sonho se torna uma responsabilidade ele se torna algo diferente, que estará diretamente ligado ao compromentimento de cada membro do grupo de concretizá-lo. Por isso o ano de 2010 foi tão intenso para nosso grupo e gostaria de homenagear todas as pessoas que assim como eu escolheram ser atores da peça de teatro chamada vida:





a flor de rosmaninho, muito amor!!


Familia: A quem eu amo pertencer, minha fonte de força, de vida, de amor e lealdade. Em especial este ano a minha irmã Luciana que me surpreende a cada dia, a cada gesto e que me fez sentir muito próxima de seu coração.

Soraia em uma de diversas visitas na vila de Paranapiacaba


Soraia O. Costa: É companheira, é guerreira, é com quem iniciei diversos sonhos e que a cada passo transformaremos em metas. Movida pelo balanço do trem é uma fonte de energia, de amor em viver.

Terezinha Ferrari: Me ensinou a ser autônoma, a entender o universo da academia e de respeitar a escolha de cada um em lutar pela história de uma Universidade, a qual tenho que agradecer do ensino médio até o término de minha graduação.

Odair de Sá Garcia: Um eterno mestre, companheiro, perdidamente apaixonado pelos questionamentos da vida e pela propagação do conhecimento. Eterno companheiro de luta, eterno no coração.

Ana: nossa nova companheira


Ana Maria Dietrich: Foi uma pessoa essencial neste ano, que me deu a oportunidade de fato de divulgar nosso projeto, uma pessoa que se apaixonou perdidamente com o tema e se esforçou muito para chegarmos até aqui. Uma pessoa maravilhosa que me ensinou a valorizar meus esforços e conhecimento.

Paulo no evento UFABC para todos



Paulo Akio: Um amigo que não conheci e sim reconheci. Sempre disposto a ajudar e que assim como a Ana se apaixonou por nosso tema. Sinto que dele todos seus esforços foram feitos de coração.
O grupo neblina sobre trilhos: Sonhar é seguro, nós ousamos fazer, concretizar e fazer de sonhos metas, por isso fizemos neste ano:

banner do grupo Neblina feito pelo integrante Demócrito Nitão



A participação em 2010:

no simpósio do GEPHOM;

no evento UFABC para todos;
no festival de inverno de paranapiacaba;
de Soraia no Simpósio de Política e Cultura no RJ;
na I Jornada Cultural da UFABC;



Agradeço todos meus amigos, sim, vocês que foram muito importantes!!








Marina Rosmaninho é graduada no curso de Ciências Sociais na CUFSA, atualmente membro do grupo Neblina sobre trilhos. É apaixonada por cinema, trilhos, fábricas, escombros, sociologia e de utilizar de tudo isso para investigar a sociedade. Participa desta coluna a socióloga Soraia O. Costa.
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RECOMEÇO - 2011


Todos nós, em um momento da vida, temos que lidar com a dor do luto. A morte em sua túnica negra que vem e nos leva alguém para sempre. Nunca mais teremos a chance de dizer o quanto o amávamos, segurar suas mãos ou beijar sua testa. Nunca mais teremos a possibilidade de dizer o quanto nos arrependemos de palavras e atos proferidos entre chamas de intempestividade. Mas quem ama sabe, entende e perdoa mesmo que não tenhamos tido oportunidade de verbalizar um pedido. A morte também se aplica a relacionamentos, empregos, residências, saúde, entre outros. No sentido figurado é “fim, desaparecimento de qualquer coisa que tenha se desenvolvido por algum tempo”.

Em 1969, a Dra. Elisabeth Kubler, uma psiquiatra suíça, descreveu os cinco estágios das emoções de quem sofre de luto. Nem sempre passamos por todos, ou na sequência que ela usou, mas quem sofre uma perda provavelmente encontrar-se-á nessas emoções. A primeira, a negação, quando não aceitamos o que aconteceu, entramos em um estado fantasioso e não tomamos as providências necessárias. “Eu não acredito que isso aconteceu, é um sonho, quando acordar tudo voltará a ser como antes”. Acreditamos que podemos reaver o que ou quem perdemos, continua-se o dia a dia como se nada houvesse acontecido, estranhamente com alegria.

Na segunda, a raiva nos consome, procuramos defeitos no passado ou acusamos pessoas e o destino pelo evento: “Nem era um bom emprego”. “Os outros” são culpados pela nossa perda, pelo nosso fracasso, como se não houvéssemos participado do processo ativamente. A negociação vem a seguir, a dor é grande demais e passamos a procurar formas de amenizá-la, seja através de oração, reuniões, pedido de desculpas: “Não posso viver com esse vazio”. Procuramos o passado para tentar mudá-lo. Depois, na depressão, percebemos que realmente não foi possível negociar com a vida e voltar a um tempo antes da perda, entramos em um estado depressivo, sentimos impotência, culpa: “A minha vida não mais tem cores”. Finalmente, vem a aceitação e continuamos a vida, seguimos em frente, buscamos novos objetivos, reencontramos a energia de outrora e voltamos a sorrir: “É preciso continuar”.
A época do Natal inunda muitas pessoas de nostalgia e sentimentos de luto, como um tsunami de memórias de um tempo que se afogou. Se não fossem as crianças esperando o Papai Noel, talvez muitos preferissem acordar em janeiro (negação).  Nós, adultos, temos que lidar com a confirmação de que mais um ano se foi feliz ou não, nunca mais viveremos os mesmos momentos. Filhos cresceram, pessoas amadas partiram, empregos terminaram...  Para os que foram felizes nesse ano, desejo que 2011 seja ainda melhor. Para os que passaram por um luto em 2010, desejo que o próximo ano seja o começo de uma nova estória, dessa vez com um final feliz.
Reafirmo as palavras de Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.




 
Simone Pedersen, escritora, autora de diversos livros infantis e dois para adultos, tem mais de cem textosselecionados  em concursos literários no Brasil e exterior, participando de mais de sessenta antologias com poemas, contos e crônicas.

Blog: http://www.simonealvespedersen.blogspot.com/



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POESIA NO OLHO DA RUA





Lugar de poesia é na rua, dizia o poeta curitibano Paulo Leminski


Reforçando o conceito de que a disseminação da literatura não se limita ou não se restringe apenas a livros, que pode ir mais além na sua forma de apresentação e divulgação, em outubro de 2009 foi concebida uma maneira inusitada de se espalhar pela cidade mensagens natalinas diferenciadas através da poesia aplicada em outdoors.




Porém, o Projeto "AmericaNatal - Decoração Poética", idelizado por este colunista e membro do "Espaço Literário Nelly Rocha Galassi", contando com a primorosa direção de arte do designer Fábio Benencase, somente ganhou as ruas de Americana, interior de São Paulo, em 20 de dezembro deste ano, agregando a ele, logo na sequência, uma segunda fase intitulada "BrindAmericana - Virara 2010/11" - mensagens poéticas para o ano-novo, com início da divulgação neste dia 27.




Tudo isso só foi possível graças à excelente aceitação da campanha como também ao apoio fundamental da iniciativa privada que custeou a produção e veiculação.




"A ideia consiste em emprestar um ar de poesia às nossas ruas", comentou a escritora Cecília dei Santi. "Quem sabe esse seja o pontapé inicial de uma nova tradição no município, esperando que aconteça inclusive em outras datas comemorativas como: dia das mães, dos namorados, dos pais, etc., e, por que não, que se repita também em dezembro do próximo ano", completou.




Esperando que as nossas mensagens não cheguem apenas aos olhos da comunidade, mas, sim, que alcancem principalmente o coração de todos, a seguir apresentamos na íntegra as duas fases do projeto.




Feliz 2011. Tim-Tim!








Geraldo Trombin é publicitário e membro do Espaço Literário Nelly Rocha Galassi, de Americana - SP (desde 2004), lançou em 1981 o seu livro “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas. Com mais de 160 classificações conquistadas em inúmeros concursos realizados em várias partes do país, tem trabalhos editados em mais de 60 publicações.
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Os Mercenários, mocinhos ou bandidos?


por José Alexandre da Silva.

Um filme pode gerar muitos significados. Provavelmente, boa parte desses pode ir de encontro à intenção inicial do autor. Entre a intenção desse último e a recepção do público existem filtros que podem dar novos significados à obra. Além dos autores, são os críticos e comentadores que desempenham um papel que pode inclusive influenciar o gosto do público e a forma como esse interpretará a obra fílmica.

Os Mercenários (The Expandables) é o último filme dirigido e protagonizado por Sylvester Stallone. O elenco conta com brutamontes dos filmes de ação que figuram no cinema estadunidense, desde os veteranos da década de 1980 até os surgidos mais recentemente e também a atriz brasileira Gisele Ytié. O enredo é referente a um grupo de paramilitar que é contratado para tirar do poder um general de um país latino-americano corrompido por um ex-agente da Cia.

O filme está repleto de estereótipos, ainda que possa não ter nenhuma intenção de dialogar com temas do presente. Somális fazem reféns em um navio e são massacrados pela milícia de Barney Ross (Stallone). O fictício país da América do Sul (Vilena) onde se passa maior parte da ação é governado por um militar corrupto, General Garza, (David Zayas) dando a entender uma fragilidade das democracias locais. Curiosamente, o corruptor do General e que controla o país é o ex-agente da Cia James Monroe (Eric Roberts). Mesma instituição que contrata o grupo de mercenários para tirar o país do domínio de seu antigo membro.

O enredo não consegue deixar de lembrar a influência que os Estados Unidos tiveram nas ditaduras dos países da América do Sul na segunda metade do século. Tinham pleno interesse no distanciamento dos demais países do continente de Cuba e da União Soviética. James Monroe que controla o fraco General Garza tem um papel de controle em Vilena, mas o envio de uma Milícia para tirar essa ilha de seu poder alude a uma possível redenção norte-americana.

O objetivo de Monroe em Vilena é a produção de tóxicos e é controlando Garza que o cumpre. Esse ditador latino-americano, ainda é um traidor de seu povo, vende o trabalho dos filhos de sua pátria a um representante do país que mais consome cocaína no mundo. A fictícia Vilena não é nada mais que um seleiro das drogas consumidas nos E.U.A. graças ao lucro de Monroe com a anuência do ditador. Situação que se reverte graças à milícia de Barney Ross que, por sua vez, nutre uma simpatia para com Sandra (Ytié) filha do General Garza.

O novo filme de Stallone constroi uma imagem de como os norte-americanos se relacionam com países que de alguma forma possam contrariar seus interesses. Para tirar Vilena do domínio de Monroe o lugar teve de ser destruído pelo grupo de Ross. Resta torcer para que a produção hollywoodiana não inspire a realidade, mas, a julgar pelo andar da carruagem, já apareceram previsões (espero que os analistas videntes sejam neuróticos) que depois do Oriente Médio a América Latina possa vir a ser palco de interferências norte-americanas.

Na divulgação do filme, no Comiccon 2010, Stallone declarou que filmar no Brasil foi bom. Disse que podiam matar pessoas, explodir tudo e diziam "Obrigado, obrigado e leve um macaco". Ainda traziam cachorro quente para aproveitar o fogo. Referiu-se também ao símbolo do Bope, uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro, como elemento que mostra o Brasil como um país problemático. As afirmações do autor repercutiram instantaneamente pela internet. Esse desculpou via Twitter de imediato. O Fantástico ainda enviou um jornalista para entrevistá-lo, como que a tirar satisfações.

Se Sylvester Stallone quis ou não reproduzir, com seu filme, uma série de estereótipos sobre os países latino-americanos não importa. Se o preconceito demonstrado pelo diretor, com relação ao Brasil, interferiu em seu trabalho também não importa. Ocorre que o palco criado para seus brutamontes bancarem os heróis é uma suposta ilha na América do Sul.

Contribuição do leitor José Alexandre da Silva, Professor de História da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED) e membro do Grupo de Estudos em Didática da História (GEDHI).
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