HOMENAGEM AO DIA MUNDIAL DA POESIA



  



Olá, caros leitores!

Hoje inicio minha participação na coluna Escritos Contemporâneos. Aqui postarei sempre textos  de minha autoria, incluindo poemas, haicais, contos e crônicas.


Como no dia 21 de março comemorou-se o Dia Mundial da Poesia, em homenagem à essa data, publico hoje poemas que falam sobre o sentir poético e sobre poetas consagrados pela nossa literatura.


Espero que apreciem a leitura.


Um abraço.

Ianê Mello






CONVERSA COM DRUMMOND



Para Carlos Drummond de Andrade


O quanto você riria, poeta,
um riso frouxo e feliz
de ver sua estatueta
em plena praia de Copacabana
Você, mineiro de Itabira,
tendo a seu lado, simplório,
debaixo de pleno sol,
sem pruridos ou vergonha,
sem com nada se importar,
homem de origem simples
sentado a conversar
Vai se saber que prosa
ele está a entoar,
mas parece animado
de contigo prosear! ...


Há, como ririas, poeta,
ao ver seus pequenos óculos,
aquele mesmo com que lias
ser retirado na madrugada
sabe-se lá com que intuito
por uma pessoa qualquer,
e, ao amanhecer, numa faixa,
você riria ao ler: 


"Não roubem meus óculos,
leiam meus livros" !


Mas que povo engraçado,
você certamente pensaria,
roubar um óculos
apenas por puro prazer
já que nem servem para ler!


Querido poeta, que saudade
de seus versos, que universos
desvendaram para mim
Em meu coração permaneces,
mineirinho de Itabira,
e com carinho me recordo:


"Vai, Carlos, ser gauche na vida!"






PESSOAS EM PESSOA


Para Fernando Pessoa


 Fernando Pessoa

que pessoa és?
Não és uma única pessoa
és vários...
És Alberto Caeiro
És Ricardo Reis
És Álvaro de Campos
Todos personagens em ti
Heterônimos
que habitam
e coexistem
em tua alma de poeta


Alma fragmentada
em teus múltiplos se expressa
cada qual a teu modo peculiar
Essa a beleza e grandeza de tua poesia
Ser um e ser vários
E quantos poetas
não guardam em si mesmos
esse ser múltiplo e multifacetado?


Não importa quantos heterônimos possuis
a qualidade de tua obra supera qualquer
outra possível indagação
O que seria de nós
sem ti Fernando
que em si abriga
outros tantos poetas de igual grandeza?







MOÇAMBIQUE CHAMA...


" A vida é demasiado preciosa
para ser esbanjada num mundo desencantado."

Mia Couto, in Jerusalém



 Moçambique clama por suas palavras
por sua presença amorosa
pela visão de seus olhos profundos:
olhos da infância querida.

Clama por aqueles dias
dias de intenso viver
em que o tempo era infinito
e a esperança sorria em seus lábios

Você que teve no medo seu primeiro mestre
temendo monstros, fantasmas e demônios
só conhecendo os anjos tempos depois,
quando vieram para guardar sua alma

Você que crê no amadurecimento da dor
em seu intenso sentir, corpo e alma,
para que se dilua no correr do tempo infinito,
no choro que escorre dos olhos em lágrimas sentidas

Você que com o próprio sangue escreveria
e até mesmo em seu próprio corpo,
caso tinta e papel não houvessem,
mas não calaria a sua voz jamais

Você, que cantou a África, em versos,
como tradutor fiel de suas dores,
dando voz ao seu silêncio negro,
transmutando morte em vida. 






FAZEDOR DE SONHOS


Para Jorge Luis Borges


Ao som de um tango
a Argentina celebra
Jorge, o menino,
nasceu para brilhar
Palavras brotaram
de suas mãos de criança
para nunca mais abandoná-lo
Fábulas e símbolos
expressões de sentimentos seus
como um olhar-se através do espelho
vendo seu próprio rosto refletido
Fazedor de sonhos
com a emoção escrevia
procurando levar aos leitores
um pouco de alegria
Idealista apaixonado
pelos livros encantado
Em seus sonhos o paraíso
uma biblioteca seria
Para seu desencanto
cometeu em vida
seu maior pecado:
não foi feliz
Descanse em paz, Borges,
em seu paraíso tão sonhado
deixando em nós a saudade
em seu imenso legado.







LOUCOS POETAS

A diferença entre um poeta e um louco é que o
poeta sabe que é louco...
Porque a poesia é uma loucura lúcida.

Mario Quintana



Para Mario Quintana


Profundas nossas palavras
que gotejam emoção
como se fossem lavas
de um vulcão em erupção


Viscerais e pungentes
arrancadas de nossa alma
Sentimentos tão urgentes
que necessitam de expressão
e não ponderam a calma


O papel é o veículo
para nossa exortação
O instrumento precípuo
à nossa liberação


Súplicas podem ser
e urgem serem ouvidas
a quem as quiser ler
para que sejam sentidas


Gritam eloquentemente
saltando aos olhos de quem lê
Não há de ser mansamente
que expressaremos o sofrer


Seremos por isso dementes
estando sempre a mercê
de críticas incoerentes?



Nos sabemos loucos
como bem disse Quintana
Nos importarmos pra quê?
Se nossa mente é insana,
a lucidez ... é pra poucos.



**********





Ianê Rubens de Mello nasceu no Rio de Janeiro (RJ). É educadora e pós-graduada em Pedagogia. Identificada com as diversas propostas em textos literários, escreve também com resultados diversificados. Seus textos incluem contos, crônicas, aforismos, haicais e poesias. Alguns deles são publicados na internet, em sites, blogs e revistas eletrônicas. 






Blogs Pessoais:




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Interioridade, vacuidade, liberdade …


Interioridade, eis o remédio para a mais pura felicidade.

Felicidade para além da alegria de boutique, para além do bem estar, felicidade vazia, felicidade diante das impossibilidades possíveis de serem desbravadas.

Contra a imaturidade inovacionista que as(os) sábias(os) medievais olhavam com desconfiança.

Contra as ideias e valores dogmáticos sólidos como pedras de gelo a derreter diante da tempestade contemporânea.

Contra a balbúrdia pós-moderna que tenta gaseificar valores e ideias e intoxica a humanidade com o veneno da pluralidade esquizofrênica.

Terrível prisão da linguagem, com suas deficiências simbólicas e incapacidade representantiva de transmitir a expressão do ser em sua plenitude.

Basta, estou cansada !


Da ilusão empirista radical, que tentou criar um ser humano factual, pragmático, concreto e que teve como característica o esvaziamento humano, seu apequenamento, sua redução aos fenômenos e aparências. Tirou-lhe a graça, a ternura, a volúpia, a loucura, a demência, o risco, as inverdades e no limite todos os ingredientes da criatividade. Criatividade perigosa das(os) subversivas(os) artistas.

Do misticismo debilizante, que nos afasta de nossas conquistas científicas e tenta no afogar num mar de obscenidades mentais.

Dos marxismos e dos liberalismos que são incapazes de nos levar à condição de libertas(os), e permanecemos presas(os) aos grilhões de um sistema capitalista que nos torna servas(os) do capital e da paranóia igualitária que enforca as possibilidades humanas, por mais absurdas que elas possam parecer.

Da vida comunitária opressiva, autoritária, prescritiva, ilusoriamente otimista, mesquinha.

De uma academia estéril, antro da incompetência, incapacidade e vulgaridade, que busca massificar a imbecilidade e os pacotes ideológicos, teóricos, culturais e científicos produzidos em outros tempos. Antro de uma burguesia bem comportada, alinhada e cheirosa, tomada por um câncer profundo que faz apodrecer qualquer célula que demonstre vida, vigor, paixão, tesão, diferença.

Do ativismo carente de reflexividade, assassino dos questionamentos impudicos, pretexto salvador de almas sofredoras e libertador de oprimidas(os) opressoras(es).

Em que diferem estes produtos intelectuais da teologia da Santa Igreja? Meros tapa-buracos metafísicos de uma sociedade que destronou o santo papa e em seu lugar colocou o cientista. Ambos cometeram crimes semelhantes, luxúria, opressão, dogmatismo e inquisição aos infiéis, loucos, não-científicos, pagãos.

É claro que a vida feliz é coisa para ingênuas(os). Desde o momento em que colocamos os pés nesta terra moribunda somos acometidas(os) de todas as enfermidades culturais que nos rodeiam. Já estão preparadas quase todas as nossas possibilidades de ações e suas respectivas repreensões. Nossos desejos, medos, sonhos, modos de vida ... metodicanente cauculados, sistematicamente planejados, excessivamente medicados, ostensiamente (des)organizados.

Ó por favor, livrai-me das(os) outras(os). Permita-me existir longe da contaminação social, da intersubjetividade artificial !

Não quero Democracia, Igualdade, Fraternidade, Verdade, Moralidade, Amizade ... quero apenas poder sentir este corpo no qual habito, esta pele que me cobre, este calor que emano ... quero sentir, eu mesma, o vazio profundo que há neste ídolo vão, com formas arredondadas e textura plástica, antes que ele se desmanche com o passar do tempo ... Sentir o vazio que tantos tentam preencher ... incapazes de perceber que nada pode ser mais belo do que um vazio profundo e sublime ... vazio que não é, mas pode ser e nunca será realmente ... pois é o vazio necessário para que possamos diariamente buscar dar um sentido momentâneo, saboroso e perigoso e que ao cair da noite, ao deitarmos nossos corpos em nossos macios sepulcros, possamos esvaziar-nos sem sentir a culpa, pelo vazio que nos é inerente.

Não quero ser penetrada culturalmente, deixem-me cultivar a castidade de uma viuvez prematura. Não me interessam os papéis deste espetáculo social fracassado. Essa vidinha cheia de tédio e máscaras brilhantes embebida pelo prazer frívolo e pelo orgasmo sem fluídos.

Não quero que me toque, quero que me veja, quero que se enoje, que me deseje, que me consuma secretamente, que me repudie, que não me compreenda, que me beije com ternura e seque as lágrimas de minha infelicidade diante da consciência da artificialidade das relações ...

E depois vou tomar um lambrusco, apreciar o crepúsculo de uma noite bela e nua diante dos versos sacros que leio silenciosamente.


Tatyane Estrela é graduanda no Bacharelado em Ciências e Humanidades e no Bacharelado e Licenciatura em Filosofia na Universidade Federal do ABC. Integrante do grupo de pesquisa ABC das Diversidades. Bolsista de iniciação científica do CNPQ, no qual desenvolve pesquisa com o seguinte tema: Formação e atuação de entidades de representação LGBT no grande ABC: Impactos na formulação de políticas públicas.
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Literatura (nada) Infantil




No texto anterior, para introduzirmos o assunto, procuramos situar o leitor de maneira geral sobre a problemática do jogo de ditos e interditos nos discursos, afirmamos ainda que “é no domínio da arte que as vozes silenciadas, os gritos contidos, os ditos interditos tem se revelado” e acrescentamos que, neste espaço da revista Contemporartes, “procuraremos a cada mês dar vez a uma voz” especialmente relacionando à nossa pesquisa acadêmica que tem se detido “no mapeamento de autores que problematizaram esteticamente a resistência ao regime de exceção de 64-84/5”. Aprendi com uma professora – acho que – de Antropologia da Universidade Federal do Pará, que o pesquisador tem o seu foco de pesquisa, inclusive institucionalizado, com projeto, portaria e carga horária definida, mas que ele deve ter também (preferencialmente dentro do mesmo foco) uma pesquisa para diversão. A minha pesquisa “B” é com a coleção TABA – histórias e músicas brasileiras, sobre a qual já escrevi informalmente e já publiquei no espaço de crônicas de meu site, no texto Escritor, por quê?. E sobre a mesma já orientei monografias, artigos, escrevi artigos acadêmicos...


O que mais me chamou a atenção na coleção é que eu me encontrei com ela em dois momentos diferentes da minha vida. Na época em que foi publicada (1981-2), quando eu estava na infância e obviamente minha leitura só comportava o entendimento de um discurso, e recentemente, já professor universitário e pesquisando Literatura de Resistência ou os vínculos entre Literatura e História Brasileira Recente. Na época, além de não conseguir ler o segundo discurso, não sabia – entre outras coisas – que a coleção tinha 40 volumes, pois só ganhei sete fascículos.


Muitas estratégias foram utilizadas pelos autores para driblar a censura ou devido a impossibilidade de representar realisticamente, embora simbolicamente, os tempos (mais que) difíceis da ditadura militar brasileira. As armas literárias contra a ditadura estavam disfarçadas em narrativas fantásticas, na ficção científica, em narrativas míticas, nas alegorias, no romance reportagem... e – pasmem! – na literatura infantil, ou na literatura produzida para crianças. Senti-me bastante gratificado ao saber que outro pesquisador se apercebeu de coisa semelhante, escreveu uma tese a respeito e a publicou em livro. Referi-me ao trabalho da professora Maria Lucia Marchens, Ruptura e subversão na Literatura para Crianças, em que a autora analisa a revista Recreio (1979) e a presença de novos autores como Ruth Rocha, Ana Maria Machado e Joel Rufino dos Santos, os mesmos presentes na coleção TABA – Histórias e Canções Brasileiras. Autores que promoveram certa renovação na literatura para crianças e souberam dialogar com os adultos sobre problemas nada infantis em textos (?) para o público infantil.


Na coleção TABA, as narrativas abordam temas relacionados à liberdade, seja a simples liberdade de um papagaio em Currupaco Papaco, de Ana Maria Machado, seja a liberdade de um menino escravo em O Mistério de Zuambelê, de Joel Rufino dos Santos. Outras temas relacionados a políticas da época, especialmente a políticas públicas federais, como a crítica feita aos financiamentos de casas populares que seriam pagas pelos brasileiros em “suaves prestações mensais” por duas décadas e meia, em Malandragens de um Urubu, de Sylvia Orthof (que também tematiza a liberdade). Mas todas, de um modo ou de outro, trazem uma reflexão sobre o momento político da ditadura e, sendo publicadas em 81-2, algumas trazem uma reflexão da intelectualidade brasileira pós-anistia (sobre esse assunto publicarei um artigo intitulado O que será do amanhã: hipóteses sobre o futuro do Brasil democrático em narrativas para crianças publicadas na pós-anistia): afinal após a reinstalação da democracia, o que iria acontecer? Um processo de conciliação nacional entre opressores e oprimidos? Essa conciliação só iria acontecer com as gerações seguintes? Um novo momento totalitário e ciclo oscilando democracia com ditadura? Uma “desforra” (revanchista?) dos oprimidos? A chegada a uma democracia de fato?


Bastante intrigante é O Bicho Folhagem, de Sonia Robatto. Uma avó conta aos netos a história da raposa e da onça, que não se entendem e mantém uma briga sem fim e sem motivo, como são “as brigas de família”. A onça sempre fazendo armadilhas para pegar a raposa. Numa delas, finge-se de morta, mas a raposa, sem se aproximar, diz que sua vó quando morreu espirrou; onça ouvindo isso, espirra duas vezes e revela seu disfarce. Em outra tentativa de pegar a raposa, a onça fica deitada na beira da única lagoa, assim a raposa não teria onde beber água e morreria de cedo. A raposa, entretanto, passa mel no corpo, rola numas folhas e se passa por Bicho Folhagem. Quando vai à lagoa, bebe água com tanta ânsia que deixa escorrer pelo corpo e termina estragando o disfarce. A história termina com a onça correndo atrás da raposa e a vó dizendo aos netinhos que aquilo nunca iria acabar “como certas briguinhas aqui de casa...”


A narrativa é intrigante por causa da hipótese relacionada ao contexto político-histórico da ditadura/anistia. Se as narrativas tematizam (representam, simbolizam, alegorizam) questões históricas relevantes e há um discurso silenciado que está em todas elas no interdiscurso, o que representa a vó que conta a história e a briga sem fim da onça e da raposa?


Como meu objetivo aqui, não é didatizar, ou explicar mastigadinho, mas provocar reflexão a fim de trazer à tona a voz silenciadas, convido o leitor a (tentar) responder. Quem se atreve ou se habilita?




Abilio Pacheco é professor universitário, escritor e organizador de antologias. Três livros publicados. É membro correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense (com sede em Marabá), integra o conselho de redacção da Revista EisFluências, de Portugal, é Cônsul dos Poetas Del Mundo para o Estado do Pará e é Embaixador da Paz pelo Cercle Universal des Ambassadeurs de la Pax (Genebra-Suiça).

Site: www.abiliopacheco.com.br.


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Amor: sonho ou ilusão.




Geralmente eu escrevo temas relacionados a problemas sociais, mas dessa vez criei um história de amor que acredito que homens e mulheres sonham em viver e com isso parei para pensar será que o amor existe com final feliz ou o que às vezes vivemos é pura ilusão na ânsia de encontrar a felicidade?
A história começa de uma forma inusitada, através de um convite pela internet, tudo marcado e o encontro seria numa das casas mais importantes de Artes da América Latina a Pinacoteca de São Paulo.
De repente surge em minha frente um homem simpático e se mostrando muito gentil e educado.
Fomos à cafeteria e deu-se inicio há uma breve conversa, estávamos muito tímidos, natural para um primeiro encontro.

Meu coração batia de uma forma diferente descompassada, mas tinha que me conter, e além do mais durante a conversa descobriu que o coração dele tinha dona. Recebi naquele momento um balde de gelo. Isso de inicio foi bom para que eu pudesse voltar à realidade e saber que estava ali somente para ampliar talvez o meu rol de amizades.
Pude conhecê-lo um pouco e saber de suas aventuras por outros países, adquiri um pouco mais de conhecimento sobre seu país.
A conversa estava a fluir naturalmente, mas para ele o lugar não era mais tão agradável e saímos em busca de outo lugar que pudesse acolher o mais novo casal de amigos.
Diante da maior capital brasileira não tínhamos destino e ficamos perdidos a procura de um lugar que nos acolhesse.
Mas tudo tem sua hora e momento e decidimos realizar um passeio meio que infantil, mas sem saber que aquele lugar mudaria toda a nossa vida.

Fomos ao Jardim Zoológico passeio estranho para um casal de amigos, mas ali podemos nos conhecer melhor porque não tínhamos pressa de nos separar.
Depois de uma longa caminhada e muitas risadas, paramos para descansar na trilha dos pássaros.
Mal sabíamos que aquele lugar já nos era reservado e que ali uma linda e eterna história de amor começaria.
Ele com toda a sua gentileza abriu lenços de papel para que eu pudesse me assentar e ter um merecido descanso ao seu lado.
Nossos olhares se tornaram diferentes e a cada minuto nossos corpos se atraiam mais.
De repente um beijo tímido e acanhado aconteceu, foi a faísca que precisava para acender toda uma labaredas que envolveram nossos corpos de uma maneira inesquecível.
Tudo começou a mudar de uma forma muito rápida, mas natural, os planos e projetos de vida foram surgindo e ele colocando seus desejos e anseios.
Eu que até então tinha minhas convicções feministas de viver solitária fui pega de surpresa e me deixei envolver por aquele homem que em fração de minutos mudou toda a minha vida.
Fiquei sem ação, não tive uma reação sequer diante daquelas palavras tão envolventes e sedutoras e acabei me rendendo a todos os encantos dele.
Mas nosso dia não terminou ali não, fomos a outros lugares e a cada lugar que chegávamos nosso sentimento crescia.
Nascia assim uma linda e eterna história de amor que com certeza será eternizada, porque a viveremos intensamente.
Não acredito em amor a primeira vista, nem acreditava no amor, mas descobri que existe a pessoa certa no lugar certo e que devemos aproveitar cada oportunidade que a vida nos oferece, até mesmo as mais loucas e impensáveis.
O que posso dizer é que hoje apesar da distância que é temporária entre nossas vidas sou a mulher mais feliz do mundo porque tenho alguém pra amar e dela receber igualmente o mesmo sentimento.
Essa história seria perfeita se as pessoas fossem perfeitas, mas às vezes vivemos, queremos viver ou presenciamos alguém a viver a doce ilusão do AMOR.
Alexandra Eliziario,graduanda na Uniabc,militante da Unegro e filiada ao PCdoB
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A literatura da internet: a poesia de Rodrigo Damacena




Hoje, para nossa coluna, tencionei a trazer algo contemporâneo, para que possamos verificar como anda a literatura nas suas faces escondidas, isto é, trago um autor provindo de blogs. Pouco conhecido entre muitos, até por ser proveniente da internet, ele possui uma poesia de extremo estilo e trabalha as palavras de forma cuidadosa.



Rodrigo Damacena é um goiano com seus “vinte e poucos anos” – como já dizia a música que marca sua época – e professor na área de Letras. Possui uma veia artística muito forte, o que fez com que seu blog, intitulado “Primeiro Gole”, obtivesse um tom literário que poucos artistas contemporâneos, inclusive no meio digital, conseguiram transpor.

É importante que não nos limitemos a busca de artistas, e dar devidos valores àqueles que estão à margem do cânone, por razões diversas. Se hoje existem meios de difundir a arte, por que não fazermos? Nos apropriemos deles para que façamos arte!

Antonio era poeta,
Antonio era poeta,
Mas há três meses não escrevia nada.

João estava desempregado.

Luis escreveu o poema “Desodorante”
E postou em sua página na internet.

Antonio culpava Maria,
Que o abandonou depois de mais de três anos.

Maria cansou de sustentar o poeta,
Que para seu pai, não passava de um vagabundo.

João continua desempregado.

Luis conheceu Fernanda,
Mas na verdade ela se chamava Catarina.

Catarina não gostava de seu nome,
Mas na internet podia ser qualquer pessoa.

Antonio começou a beber, delirava ótimos versos,
Mas andava deprimido demais para escrever.

João saiu para procurar emprego.

Luis publicou um poema de Neruda em seu novo blog,
E assinou como se fosse seu.

Fernanda estava completamente apaixonada,
Rabiscava os versos de Luis em guardanapos.

"Saudade é amar um passado que ainda não passou"

Antonio já nem saia de casa, nem pensava em escrever mais,
Sem dinheiro, começou a beber cachaça.

João ainda não voltou, e continua sem emprego.

Luis marcou um encontro com Fernanda,
Mas achou Catarina feia.

Antonio morreu aos 27 anos sem ter publicado nada,
Mas querem fazer um filme de sua vida – morte?

Maria casou-se novamente no mesmo dia que recebeu o inesperado seguro.
Foi passar a lua de mel em Recife.

João virou assaltante, e
Pela primeira vez ganhou dois versos.

Luis perdeu espaço para blogs de escritores anônimos.

Fernanda agora se chama Valéria,
Mas continua iludindo jovens internautas.


Desacordar
Me estacionei num esquecimento
Numa falta de trânsito,
Na incerteza da dúvida,
Num desquerer de tudo
Não preciso mais acordar às seis
Mas nem durmo
Nem desacordo.

Soneto I para Teresa

Teresa é o desejo de um gole,
O primeiro gole
E todos os outros possíveis!
E Teresa é eufemismo,

De um vazio da presença que falta
Ao meu lado na fotografia,
Pois Teresa não é só uma poesia,
Mas Teresa poderia era ser só soneto,

Quem dera Teresa ser só sonho,
Que acaba quando se acorda, mas
Teresa não termina quando eu acordo

Ela me espera sexta-feira,
E me arranha de longe,
E me beija no sonho.

- E o Primeiro Gole resiste em minha Teresa...

Primeiro Gole é fazer com que cada momento além de único, além de novo, que seja SEMPRE!


Para quem quer tomar mais um gole literário, acesse ao blog de Rodrigo Damacena: http://primeiro-gole.blogspot.com.br/


Renato Dering é escritor, mestrando em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo graduado também em Letras (Português) pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Realizou estágio como roteirista na TV UFG e em seu Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolveu pesquisa acerca da contística brasileira e roteirização fílmica. Atualmente também pesquisa a Literatura e Cultura de massa. É idealizador e administrador do site EFFI, que divulga o cinema e conteúdos audiovisuais. Contato: renatodering@gmail.com @rdering
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