O amor nos tempos do cólera




Sabe quando você está lendo um livro do qual não consegue se separar? Pois é o que passei com a leitura de Amor no Tempo do Cólera de Gabriel Garcia Marques. Após o início da leitura dessa obra, eu me envolvi de tal forma que li horas e horas a fio sem conseguir dela me separar.
A narrativa conta a história de um casal de Jovens, Fermina e Florentino, que apaixonou-se na juventude, mas por contrariedade paterna e depois pela percepção dela de que não o amava, separou-se. Fermina casou-se com outro homem, teve filhos, viajou pelo mundo, tornou-se uma mulher da alta sociedade. Já Florentino, movido por uma espécie de amor doentio, passou toda a vida a espera da morte do marido da amada para, assim, poder com ela viver um amor.
Depois de mais de cinquenta anos passados desde seu casamento, Fermina perde o marido de forma acidental e estúpida, uma vez que ele subira em uma mangueira para resgatar o papagaio de estimação, de lá caiu e morreu. Aproveitando-se da viuvez da amada, Florentino tenta dela se aproximar e, aos poucos, consegue o seu intento: viver um amor com Fermina.
É interessante ressaltar que no processo de aproximação entre o casal, Fermina (muito mais racional) tem consciência de que o que houve na juventude está no passado e lá deve continuar, como ela mesma evoca em um ditado popular “Águas passadas não movem moinhos”, buscando compreender e deixando-se apaixonar não pelo jovem Florentino, mas por esse homem da terceira idade que com ela é sempre tão companheiro, doce e divertido.
Florentino, por outro lado, demora para compreender que o amor que nasce entre eles, após mais de cinquenta anos, é, deveras, totalmente diverso do que passou-se na juventude. Agora, na velhice os sentimentos são mais claros, talvez porque, não se tenha mais tanto tempo a perder.
A obra de Gabriel Garcia Marquez em questão não só é uma narrativa envolvente, que entremeados a seus fatos, tem também a função de denúncia social, como também lança um novo olhar sobre o amor na terceira idade, ou melhor, a respeito do amor não possuir idade, sexo, religião, sexualidade. Trata-se de uma obra despida de preconceitos arraigados em sociedades patriarcalistas e que, por esse caráter, celebra o amor acima de quaisquer empecilhos.

Referência bibliográfica:

MARQUEZ, Gabriel Garcia. O amor nos tempos do cólera. Trad. Antonio Callado. 22ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.


Rodrigo C. M. Machado é mestrando em Letras, com ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Viçosa. Dedica-se ao estudo da poesia portuguesa contemporânea, com destaque para a lírica de Sophia de Mello Breyner Andresen.

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Música Judaica no Rito Fúnebre: ouvir, internalizar e entender “culturas” dentro de uma etnia

Vocês conhecem algo a respeito da música fúnebre judaica? Não? Então vale a pena conferir  a pesquisa realizada pelos alunos de Graduação em Música  da FAC FITO na disciplina Etnomusicologia, ministrada pela professora Katia Peixoto

Ao visualizar o tema deste trabalho – A Música Judaica no Rito Fúnebre – a primeira coisa que passa pela cabeça de quem  lê é o motivo que teria levado a decidir por um tema que talvez não expressasse nada de musical. Entretanto, cabe ressaltar que o interesse por este assunto surgiu do fato de uma das integrantes do grupo ter participado desta cerimônia de enterro judaico, ficando, dessa forma, admirada com o fato da música, como expressão dos sentimentos e aproximação com Deus, está presente em um momento tão doloroso da vida de alguém, que é a morte de um familiar.
Partindo desse ponto, começamos nossos trabalhos sobre o assunto, em pesquisas baseadas em livros e internet, procurando informações sobre o tema em si, o rito, conceitos e a música praticada no ritual. Informações estas, básicas para que pudéssemos partir para a próxima etapa da pesquisa, que seria o trabalho de campo. Dessa forma, começamos nossa maratona de entrevistas com a Professora Sônia Goussinsky, que nos forneceu informações mais aprofundadas sobre o assunto em questão, bem como nos indicou outras pessoas que poderiam complementar nossos estudos. Sendo assim, conseguimos entrevistar o Chazzan Felipe Grytz, o que foi de extrema importância, visto que este, por ser um cantor de cerimônias judaicas, pôde, com sua experiência nos ritos e em música, já que é formado nessa área, passar informações até então não encontradas em nenhuma fonte, como questões de estruturação da música presente nesses ritos.


Cabe relatar ainda, que toda a pesquisa forneceu dados plausíveis para o entendimento de conceitos apresentados nas aulas de etnomusicologia – disciplina a que se destina esta pesquisa – como, por exemplo, o fato de que as etnias, muitas vezes, não enxergam a música da maneira ocidental como a conhecemos, sendo esta apenas uma parte que está inserida em um contexto cultural e jamais é vista como algo isolado – fato este, discutido entre os integrantes do grupo, após a entrevista feita com o Chazzan.
Entretanto, não poderia deixar de acrescentar o grande crescimento pessoal e, talvez, espiritual proporcionado por este trabalho, de forma que, após cada uma das entrevistas, as conversas sempre giravam em torno de como os judeus enxergam a vida e como tratam o seu próximo, bem como sua relação com Deus e com o mundo.
Dessa forma, é importante que, ao iniciar a leitura deste trabalho, a mente e intenções de quem o fizer devem voltar-se para o entendimento de uma etnia/cultura que possui muito mais do que encontrará escrito, visto que possui quase seis mil anos de história por todo o mundo. Dessa forma, basta-se, apenas, este texto, de assuntos básicos da música no rito fúnebre judaico, servindo como incentivo na maior procura de informações sobre este assunto.
 Escrever e falar de cultura, música e sociedade judaica poderia render folhas e dias de discussões, entretanto entender o conceito que as etnias atribuem a cada um desses elementos – e talvez seja este o principal aprendizado deste texto – é algo bem complexo, mesmo porque ao iniciar uma pesquisa como esta as idéias já estão “pré-definidas” dentro de uma cadeia de pré-conceitos que carregamos em nossa bagagem cultural. É tentando escapar destas formas, que se pretende trazer à tona uma parte desta cultura com foco na música presente no rito fúnebre. Todavia, para tanto, é necessário entender a origem e a função da música no judaísmo, o ritual fúnebre – perpassando por questões como o conceito de morte, falecimento, funeral e período de luto –, a música neste ritual – o seu significado e por quem é executada – e a estrutura musical em si, trazendo dessa forma, como esta é praticada, escrita, transmitida, tocada ou cantada, como é sua instrumentação e função estética, visto que o foco deste texto é elucidar questões musicais da etnia judaica.

Sendo assim, é necessário remeter a tempos remotos para entender que a música sempre teve papel primordial no judaísmo, estando presente em quase tudo, de forma que os pais cantam para seus filhos, na sinagoga existe uma música específica para cada reza e as festas são sempre marcadas por músicas animadas. Além disso, a Torá traz referências claras à questão musical, como as partes em que menciona o louvar a Deus com instrumentos musicais, como o chofar, os símbalos e a harpa – instrumentos típicos da época em que este livro foi escrito –, bem como partes conhecidas como Ta'amim, que são indicações específicas de como se deve seguir com a melodia e o ritmo da música encontrada nesse livro sagrado.
Entretanto, para falar da música específica do rito fúnebre é preciso entender o ritual em si, portanto, para os judeus a morte não é o fim, senão o princípio, tanto que a vêem com tristeza, mas não com aflição. Somando-se a isso, as observâncias tradicionais judaicas, relativas à morte e ao luto, têm por objetivo prestigiar a pessoa falecida e confortar os enlutados.
Sendo assim, este rito fúnebre tem várias características específicas com relação ao falecido, que deve ser lavado (Tahará), vestido com roupas específicas (Tach’richim), não deve ser visto, entre outras especificidades que são atribuídas à Chevra Kadisha, instituição judaica responsável pelo cuidado dos cemitérios e preparação do falecido para o enterro. O velório geralmente é curto e marcado por alguns costumes específicos, como discursar para o falecido e a Keriá, que significa rasgar um pedaço da roupa que o enlutado está usando, representando a perda do ente querido. Além disso, recitam-se ou cantam-se alguns Salmos e rezas específicas. É estritamente proibido, cremar ou embalsamar o corpo e este deve ser enterrado em uma cova funda, reafirmando que: Porquanto do pó vieste e ao pó retornarás” (reza realizada no momento em que se cobre o caixão com terra). Ao saírem do cemitério, as pessoas que acompanharam o velório, devem lavar suas mãos, simbolizando que não fizeram nada de mau para aquela pessoa que acabou de ser enterrada.
Logo após o enterro, passa o vigorar o luto que é divido em três períodos chamados Shivá, Sheloshim e Avelut, compreendendo respectivamente os sete dias, trinta dias e um ano após o falecimento. Durante os sete primeiros dias os familiares permanecem juntos na casa do falecido a fim receberem visitas para realizarem as três rezas diárias – Arvit, Shacharit e Minchá –, rezar o Cadish e serem consolados. Neste período, é costume cobrir os espelhos, não sair de casa, não se sentar em cadeiras altas e acender uma vela em memória do falecido. Ao final desses dias, o enlutado é levantado do chão e é comum que se dê uma volta pela rua com a finalidade de “acompanhar a alma”, que deixa a casa por término da Shivá. Os vinte e três dias que se seguem são o segundo período de luto, que termina com uma cerimônia realizada no cemitério, onde são recitados os cantados Salmos e o Cadish, a prece El Male Rachamim, as estrofes alfabéticas do Salmo 119 que compõem o nome do falecido e a palavra Neshamá, que significa alma. O terceiro período de luto é observado apenas pela morte de pai e mãe e, durante os doze meses que o formam, é costume recitar o Cadich todos os dias, nas três orações diárias. Além disso, no aniversário de um ano de falecimento, ou ainda, aos trinta dias é comum colocar uma lápide à cabeceira do túmulo – Matsevá.

O RITO

A música está presente em todos esses momentos, então, no funeral ela tem papel primordial, visto que são realizadas rezas específicas, cantadas ou recitadas, sendo que uma delas – o Cadish – que tem função de exaltar a Deus e é realizada em todos os momentos sagrados do judaísmo, também é feita no funeral, não no sentido de uma oração para os mortos especificamente, mas sim como forma de enaltecer aquela pessoa. Além do Cadish, são salmodiados várias Salmos, dentre eles o Salmo 119 – versos que comecem com as letras do nome do falecido – e o Salmo 91, que é cantado ou recitado repetidamente em sete paradas, até chegar-se à cova. Outra reza que pode ser cantada e acontece ainda no cemitério é o El Male Rachamim, que assim como o Yiscor – realizado quatro vezes por ano em memória dos mortos – é uma reza rememorativa, que visa reverenciar a memória do morto, através de preces de bons atos. Ao final dos trinta dias do falecimento, na cerimônia do Sheloshim, são cantados ou recitados outros Salmos, o Cadish e o El Male Rachamim.
É de extrema importância lembrar que em todas essas cerimônias a música é executada por um Chazzan – que significa cantor em hebraico –, que é sempre um homem, não necessariamente com formação musical e que é o responsável por cantar em todas as cerimônias dos judeus, sejam elas nas sinagogas, em festas ou em enterros. Contudo, existe uma série de atributos para ser um cantor. Como exemplo é necessário que cante bem, que conheça as leis do judaísmo mais que a maioria das pessoas da sua comunidade e que tenha conduta adequada com a função que exerce. Como muitas vezes não tem formação musical, o Chazzan aprende as melodias apenas ouvindo os mais velhos, mas isso não é uma máxima, visto que em alguns lugares existe um preparo técnico musical mais aprimorado para aqueles que pretendem tornarem-se cantores.
A música cantada por esse cantor, na maioria das vezes é transmitida de forma oral, ou ainda por indicações – Ta’amim – como aquelas existentes na Torá, porém nem sempre os Chazzanin aprendem a ler esses “neumas”, pois a função de estudar a Torá é específica dos Baah Corê. Entretanto, atualmente, essas melodias e outras mais modernas são grafadas em partituras, visto que assim como a sociedade judaica evoluiu, a sua música também se fez evoluir. Outra característica da música judaica tradicional é a presença de estruturas musicais – Nussar –, como se fossem “modos gregos” ou uma família de melodias e ritmos que servem para designar algo específico, como uma cerimônia ou uma festa, ou seja, basta ouvi-los para saber o que representam. Esse Nussar pode vir a ser tanto em modo maior, como menor, mas nunca é analisado dessa forma, assim como os modos gregos também não eram.  
Todavia, retornado à música específica do rito fúnebre, essa sim é quase sempre salmodiada – falada e cantada ao mesmo tempo, porém com poucas notas e alguns melismas –, mesmo porque são rezas que tem a função de passar uma mensagem e, para tanto, precisam ser entendidas. Somando-se a essas informações, tal música é sempre executada sem acompanhamento instrumental, sendo cantada apenas por uma voz masculina em hebraico ou aramaico. 
Dessa forma, cabe ressaltar como a música é primordial em todas as cerimônias judaicas, assim como no rito fúnebre, em que é usada como forma de consolar os enlutados e enaltecer a memória do morto, bem como serve de ponte para entender como o conceito de música é variável com relação a diferentes etnias, mostrando neste contexto, como as pré-concepções relatadas no início deste texto precisam ser desmistificadas para o estudo de música étnica, pois cada sociedade mantém sua cultura de maneiras diferentes, de forma que fica, como exemplo maior de tudo que foi visto, a questão da união das diversas “culturas judaicas” pela fé em uma crença e pelo texto do seu livro sagrado – Torá –, pois apesar de ser uma etnia dispersa pelo mundo, mantém suas tradições, mesmo que influenciadas pelo lugar onde se encontram.

Kaila Chelli
Rafael Fonte
Renato Ernesto
Tiago Clarinetista 
Juliana Batista Furlan
Alunos da Graduação em Música da FACFITO/ Disciplina: Etnomusicologia/Katia Peixoto  - Música Fúnebre Judaica 

 Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega. 
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Livro Neblina Sobre Trilhos e Transparência ABC




O projeto Neblina Sobre Trilhos está quase chegando a sua meta de exibição acompanhada pela equipe e estamos focados na produção do livro. A equipe que está envolvida nesta fase do projeto é o Heitor Glauber (UFABC), Fernanda Furtado (UFABC), Ana Lee (UFABC), Profa. Ana Maria (UFABC), Prof. Claudio Penteado (UFABC) e o Prof. Odair de Sá Garcia (CUFSA), além das Prof. e fotografas Melina Resende (FMU) e Katia Peixoto (FPA) que irão fazer a composição das imagens do livro. Na próxima matéria, postarei o esqueleto do livro e informarei as novidades do andamento desta nova fase do projeto.

Grilo, Ex-ferroviário e morador. Neblina Sobre Trilhos no Festival de Inverno 2012
Paranapiacaba - Sto. Andre/SP
. Foto de Melina Resende.


Estamos também pleiteando mais recursos para produzir um livro com qualidade, pois, foi aprovado pela UFABC um pequeno orçamento que nos impossibilitará de ter fotos coloridas, de ter um bom papel para impressão e capa dura. Caso alguém saiba de algum edital ou agência fomentadora que tenha interesse em nos ajudar, por favor, nos comunique (soraia.o.costa@gmail.com, anadietrich1@gmail.com ou odairgarcia@uol.com.br)

Dona Francisca, Moradora. Paranapiacaba -
Sto. Andre/SP. Foto Melina Resende
Coco, Ex-ferroviário e morador. Paranapiacaba -Sto. Andre/SP

Foto Melina Resende


Foi lançado a organização Transparência ABC, que luta para combater ou minimizar a corrupção. Uma instância regional, que ajuda a aumentar e facilitar a atuação da Transparência Brasil http://transparencia.org.br/ ou http://www.portaltransparencia.gov.br/, visto que a "região do ABC" tem um vasto histórico de movimento social, além da repressão militar. A ditadura que sofremos no Brasil trouxe muitas mazelas que ainda não foram se quer esclarecidas. Infelizmente, muitos torturadores ainda nos representam politicamente, o que contribui para impedir que estas questões sejam reveladas.



Com a globalização os problemas se acentuaram e fica difícil os administrar de uma forma geral, existem muitas particularidades.  Acredito que, apesar de ser uma ação paliativa e institucional, toda a manifestação e/ou organização que luta pela ou propõem a melhoria desta sociedade tão desigual e corrupta é uma boa iniciativa! Portanto, apoio a entidade e por isso divulgo a sua existência nesta coluna.

Tenho esperança que as novas gerações cobrem e participem mais da gestão governamental, uma das atuações que me empenho na educação é a de incitar a reflexão e provocar a participação política dos alunos.

Outro movimento que recentemente vi na internet são os ativistas ANONYMOUS:


"FAMIGERADO por conta das greves e movimentos trabalhistas que ocorreram nas décadas de 80 e 90s. O GRANDE ABC tornou-se uma tribuna livre aberta para cidadãos politizados e ativistas políticos, que desejam de forma efetiva participar das decisões que definirão o futuro da região, senão da nação.

Em busca de uma DEMOCRACIA mais justa, flexível e participativa o movimento anuncia um embate subversivo ao atual sistema político e econômico, e defende o direito de todo cidadão participar das decisões que interferem e causam impacto direto na sociedade em que vive, através da Democracia Direta, assim como faziam os gregos na antiguidade, realizando assembleias onde os cidadãos reuniam-se para decidir o que atualmente somente os "representantes" políticos que são eleitos a cada quatro anos podem decidir sem ao menos consultar a opinião da sociedade, priorizando assim tudo o que lhes convém, e consequentemente privilegiando os interesses de grupos, partidos, sindicatos, empresas, instituições e pessoais."

Fonte:  http://anonabc.org/

Abaixo copio uma citação que cabe muito bem para este momento de decisão eleitoral:

"O Analfabeto Político
(Bertold Brecht)

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."



Muito obrigada,

Soraia Oliveira Costa, graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA). Professora de Humanidades, trabalha também com fotografia, audiovisual e oralidades desde meados de 2007, quando começou a analisar o cenário urbano, a natureza, o trabalho, os transportes, o comportamento, a cultura, a arte... 
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Sexo é coisa séria. Será?


         Antigamente só homem podia gostar de sexo. Mulher que gostasse de sexo era mal vista, mal falada e mal ouvida. Um ser sem qualquer direito ao quesito respeito.


        Não é inverdade dizer que o homem sempre gostou de sexo, desde os tempos de Adão e Eva. Por muitos séculos, sexo era assunto intocável. Um segredo de estado matrimonial.  Senhoras engravidavam e tentavam esconder a barriga que fofocava seus pecados. Meninas se casavam sem imaginar que seriam usadas, violadas, viradas do avesso e depois descartadas. 

         Prazer feminino era palavra inexistente. Só o do macho importava. Mesmo que para atingi-lo, a mulher fosse transformada em boneca inflável.

         Creio eu que sempre houve um caso de amor, aqui e acolá. Talvez Adão tenha sido um homem apaixonado que dava flores para a Eva e acariciava seus lindos cabelos longos após fazerem amor, em uma ilha paradisíaca.
         Nos anos 60 veio a liberalização em forma de cartela com vinte e oito comprimidos. Mulheres saíram às ruas com os seios de fora e gritaram por igualdade. Pena que a cegonha não as ouviu. 
         O que vimos depois disso foi uma rápida mudança no comportamento social e sexual da humanidade nos países ocidentais. De iguais passaram a dominar a relação e destacaram todos os rótulos, abolindo contratos nupciais, eliminando a obrigatoriedade do hímen e inventando novos verbos: ficar, transar, curtir, além de outros impublicáveis.
       Não sei onde ficou o amor nessa história toda. Só sei que ele continua essencial em todos os relacionamentos. Casais se amam, amigos se amam, familiares se amam. Logo, sem amor não há relacionamento de verdade, principalmente quando se envolve sexo.
    E o amor é gostoso, livre, desregrado. Relacionamentos formais, enjaulados, enferrujados não são banhados em amor. Sexo com amor é maravilhoso, instigante, renovável.
        Dizem que um casal que nunca se separará é aquele que conversa muito sobre todos os assuntos. Ou seja, a amizade é o alicerce do amor apaixonado. Eu acredito que um casal que nunca deixará de fazer amor é aquele que conversa muito e ri mais ainda. Porque rir é sinônimo de alegria e sexo é isso: um momento de felicidade em que duas pessoas unidas em carne e espírito comungam do mesmo sentimento, criando um elo mágico, que como o vento, não se vê. E o vento não é sério. Ele está sempre dançando. Ele sempre nos faz sorrir. 
        Sexo tem que nos fazer rir e não chorar como antigamente.

                        Simone Pedersen é escritora. Tem livros publicados para crianças e adultos.


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AS ALVENARIAS DA VIDA

 

AS ALVENARIAS DA VIDA


Abraços literários. Até +

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Cem anos do Anjo Pornográfico

   
Essa semana, no dia 23 de agosto, comemoramos o centenário de nascimento do escritor, jornalista e dramaturgo, Nelson Rodrigues. O anjo pornográfico, como se autodenominou, nasceu em Recife, ainda muito jovem muda-se juntamente com a família para o Rio de Janeiro.

Nelson iniciou sua carreira de jornalista aos treze anos e meio, no jornal “A Manhã”,  fundado pelo seu pai, Mário Rodrigues. Trabalhou em muitos outros periódicos, como: o Tempo e o Globo. Em 1941, escreveu sua primeira peça “A mulher sem pecado” que apenas foi encenada em 1942, depois de muito esforço do autor. No ano seguinte ele escreve “Vestido de Noiva” e a partir de então, não abandonou mais esse novo ofício.



Além de peças, o autor também continuava escrevendo crônicas, como as que escrevia para o jornal “A Ultima Hora” intitulada “A vida como ela é...”, adaptada muitos anos depois para televisão.






Para os que gostam das obras e gostariam de conhecer mais sobre a vida do escritor, a biografia “Anjo Pornográfico” escrita pelo Ruy Castro é uma excelente forma de desmistificar um pouco esse ícone da literatura brasileira. É interessante saber que por trás das frases e declarações polêmicas, havia um homem que passou por momentos realmente difíceis na vida e soube utilizar a literatura como uma forma de transmitir tudo isso.



Ana Paula Nunes é jornalista, Especialista em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo. Coordena a Comunicação da Revista ContemporARTES.
       
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