quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Transformação prático sensível, do verde ao cinza.”





Desde a infância gosto de assistir filmes e, desde 2007, tenho buscado sanar algumas dúvidas com profissionais que me ajudam a entender os procedimentos técnicos de roteiro até pós-produção. Por acreditar que a obra áudio visual pode ser um importante meio de difusão cultural, tenho a pretensão de expressar o acumulo de conhecimento adquirido nas inúmeras possibilidades proporcionadas pela imagem estática ou em movimento.

Realizei a comunicação do meu projeto de dissertação, no IV Simpósio de Política e Cultura: Diálogos e Interfaces, do mestrado em História da Universidade Severino Sombra (USS), em Vassouras, interior do Rio de Janeiro.


Vilmar, Ana Maria, Soraia, Kathia, André e Filipe

O enfoque foi nas produções áudios visuais que venho me dedicando, mas assim como feito em Vassouras, afim de contextualizar citarei brevemente do projeto de dissertação:

“Do verde ao cinza: A primeira estrada de ferro do Estado de São Paulo e a sua influência no processo do desenvolvimento da industrialização até 1955”

A atividade prática humana no mundo sensível proporciona mudanças em todo o cenário natural. O homem, que apesar de também ser natureza, transforma meio em que vive. A história é, em primeira instância, a história da sociedade civil e o sujeito da história é o homem.

No livro intitulado “Região e Organização Espacial” o autor Roberto Lobato Corrêa cita que “A intervenção na natureza foi, em um primeiro momento, marcada pelo extrativismo, passando em seguida por um progressivo processo de transformação, incorporando a natureza ao cotidiano do homem como meios de subsistência e de produção, ou seja, alimentos, tecidos, móveis, cerâmica e ferramentas.” (7ª Edição, Editora Ática, São Paulo, 2000.)

Em São Paulo, nota-se uma alteração na paisagem com o escoamento de mercadorias realizado por tropas de muares. Os tropeiros que faziam o transporte das cargas até o porto de Santos, mas, nos fins do século XIX o volume de demanda do café chegou a um patamar que mesmo com diversas dificuldades a utilização do percurso chegou a colocar em risco a Mata Atlântica, ao atender as necessidades mercantis vigentes neste período. Os caminhos que os índios utilizavam foram gradualmente transformados em estradas, com o fluxo constante dos tropeiros foram feitas paradas para o descanso – pouso dos tropeiros –, feiras de trocas para os intercâmbios de mercadorias e o incipiente desenvolvimento do comércio nas proximidades do trajeto. O cultivo do café em SP começa a se expandir, assim como o aumento da procura internacional pelo insumo, os tropeiros não conseguiam mais dar suporte ao crescimento da demanda. Até que em 1854 o governo Imperial autoriza a implantação do sistema ferroviário, devido à falta de recursos para a consolidação Barão de Mauá procurou investidores na Inglaterra para a efetivação da proposta. A proposta foi aceita e, assim, consolidada a estrada de ferro São Paulo Railway com o intuito de realizar a interligação do oeste paulista ao porto de Santos, de forma mais eficaz. Apesar de estar pesquisando este tema há mais de três anos, de imediato, não é fácil se explicar sobre o desenvolvimento de São Paulo, mas, tenho grandes pretensões de continuar com esta pesquisa.

História e Cinema

Estou produzindo um documentário com apoio das instituições UFABC e CUFSA, que propõe a produção de um vídeo-documentário como instrumento pedagógico multidisciplinar de divulgação do patrimônio histórico relacionado à identidade dos ferroviários na Vila de Paranapiacaba. Elaboramos entrevistas para analisarmos a memória coletiva dos ferroviários que se estabeleceram na Vila de Paranapiacaba (Santo André-SP) durante o processo de implantação e desenvolvimento da primeira via férrea em solo paulista: São Paulo Railway. Por meio das narrativas e dos materiais de arquivos, pretendemos estabelecer um diálogo entre passado e presente, entre a memória e o espaço e entre as identidades dos grupos sociais que possuem algum vínculo com a Vila, na procura de aumentar a visibilidade ao passado relacionado aos protagonistas desta obra: os ferroviários.


Foto de Soraia O. Costa

O projeto está dividido em três etapas: pesquisa histórica e de campo (elaboração de entrevistas com ferroviários, seus familiares diretos, turistas e moradores da Vila de Paranapiacaba e estudiosos da memória dessa região); produção do documentário e exibição e debate com alunos de instituições do ensino superior, entidades, associações, sindicatos e núcleos de memorialistas que pretendam congregar o patrimônio ferroviário, para a população de Paranapiacaba e outros interessados. O público alvo são alunos, professores, ferroviários, especialistas ligados às áreas de engenharia, tecnologia e humanidades (destacando o caráter interdisciplinar do projeto), estimuladas, sobretudo na produção de novos conhecimentos gerados em exibições e debates. Ao final, pretende-se criar um registro histórico audiovisual de um importante fragmento da história brasileira, da ferrovia e dos ferroviários, assim como registrar a memória relacionada ao cotidiano, ao trabalho e às técnicas de antigos ferroviários da Vila de Paranapiacaba.

Além desta produção, estou desenvolvendo outro documentário sobre a área da Luz, em São Paulo. Este que temos a pretensão de salientar o contraste das mudanças na região, uma produção que o enfoque principal é elaborar, por meio de imagens, a história do Bairro da Luz. Com a intenção de difundir o conhecimento deste bairro de uma forma inovadora e dinâmica, explicar à intensificação das mudanças ocorridas em um dos principais bairros localizado na região central do Estado de São Paulo, a área da Luz.

Foto de Melina Resende

Essas mudanças da metrópole são promovidas pelos movimentos das contradições, transformações provocadas pela atividade do homem no mundo, em suma, a reprodução do espaço é um produto histórico.



Foto de Melina Resende



Foto de Melina Resende

O crescimento econômico determina a produção do espaço, em condição das mudanças e interesses econômicos houve a reestruturação do espaço. Como, por exemplo, os interesses mercantis, fins do século XIX, com a facilidade de transportes da estrada férrea e com as condições de energia atraíram fábricas, empreendimentos comerciários e o aumento da população e a paisagem que a predominância era vegetação verde começa a diminuir bruscamente e assim o cenário passa a se acinzentar.


Foto de Soraia O. Costa

Com orientações da professora Dra. Guiomar Ramos e da fotógrafa Melina Resende, esta que está produzindo o livro “Na Estrada Sul” chegamos à conclusão de que ficaria magnífico se contextualizarmos estes importantes momentos históricos na região central paulistana com alguns elementos significativos que ilustre cada período colocado em questão:

  1. Antes da chegada da ferrovia;


  2. Implantação da ferrovia inaugurada em 1864 até o fim da concessão inglesa em 1946;


  3. Degradação do Bairro: década de 1940 até 1970;


  4. Políticas públicas, “revitalização”: década de 1970 até hoje;


  5. ....................?



Foto de Melina Resende.

Percebi que a pesquisa bibliográfica é muito importante para dar base na elaboração do roteiro, da condução e do enfoque que o documentário pretende seguir.

Faremos uma troca com o bairro e aceitamos participação > uma ação em conjunto com autores, moradores e admiradores. Estamos criando, recebemos intervenções, sugestões e apoio para dar corpo ao conteúdo.

Como por exemplo, o Sr. João Carlos Matos de Carapicuíba-SP, que forneceu o material da visita que realizou na CPTM, caso queiram assistir, basta clicar em: "Entrando na Estação Luz vindo do Brás"




Soraia Oliveira Costa
Graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2009). Pesquisadora e documentarista do projeto Neblina sobre Trilhos sobre a memória ferroviária de Paranapiacaba - apoio institucional Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Ministério de Cultura e Educação MEC/SEsu. Pesquisadora do Intituto Brasileiro da Economia, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (IBRE/FGV-SP). Participamm desta coluna o historiador Demócrito Mangueira Nitão Junior FSA/UFABC e a socióloga Marina Rosmaninho FSA/UFABC.

2 comentários:

discutindo educação e história disse...

Adorei o texto e as fotografias, cada vez mais me envolvo com sua competência e capacidade de pesquisa e escrita. Um grande beijo e o desejo sempre de sucesso.

15 de dezembro de 2010 às 18:28
blognautillus disse...

Obrigado Soraia!
Certa vez, mestre Glauber ensinou: uma ideia na cabeça e uma camera na mão. Naquela época o mais difícil ainda era conseguir uma câmera... caríssima, pesada, complicada de usar...
Hoje, qualquer um com alguns trocados sobrando, e um pouco de habilidade para o manuseio, consegue: "uma câmera na mão!"
E a outra metade? Cadê a ideia?
Não ter a câmera era a melhor ideia...
Ainda bem que existem pessoa pensantes e de boas ideias, objetivas, estudiosas, esforçadas, e que acreditando sim, no desenvolvimento humano, sonham e realizam como a pesquisador Soraia.
Seus estudos sim, são ótimas ideias, e serão ótimas contribuições para as próximas gerações de "Glaubers" e tudo isso com: Uma ideia na cabeça e um ideal no coração!
Parabéns Soraia e os estudiosos da "Neblina sobre trilhos"

16 de dezembro de 2010 às 15:16

Postar um comentário

Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.