sábado, 7 de maio de 2011

Para a CNN, Bin Laden tem muito a ver com Hitler.





Esta semana o mundo todo, literalmente, foi informado pelo governo norte-americano que o saudita Osama Bin Laden havia sido morto. Imediatamente, a CNN comparou a morte do guerrilheiro com a morte de Hitler e enfatizou que a postura dos americanos de sumir com o corpo tinha sido a mesma que os soviéticos tiveram com o corpo de Hitler. Ao mesmo tempo em que os EUA realizam ações deste porte, como o assassinato de Bin Laden, eles tentam reescrever a história da Segunda Guerra. Para que estas versões fantasiosas não sejam propagadas algumas considerações devem ser feitas. Hitler não foi assassinado. Ele se matou junto com sua mulher Eva Braun nos últimos dias da guerra, quando os soviéticos já estavam a poucos quilômetros de seu bunker. Seu corpo foi queimado por guarda-costas fiéis ao Führer. Os soviéticos tinham verdadeira obsessão em encontrar os restos mortais de Hitler, que até a atualidade não se sabe ao certo onde foi parar.



Já Osama não cometeu suicídio. A morte de Bin Laden foi um assassinato político caracterizado pela demonstração do poderio militar estadunidense. A sua morte foi realizada pela elite das forças armadas norte-americanas que não pediram autorização ao Paquistão, país onde Bin Laden estava abrigado, para matá-lo. Quatro helicópteros e um número não divulgado de soldados cercaram o esconderijo de Osama, uma mansão próxima ao principal complexo militar paquistanês e começaram a operação militar que culminou com a morte do homem mais procurado do mundo. Até o presente momento não existem imagens da ação, apesar de Obama e seu staff político terem assistido a peleja ao vivo. Segundo os EUA, Bin Laden não estava armado, mas mesmo assim foi morto. Seu corpo foi jogado ao mar, o que contraria as tradições mulçumanas relativas aos funerais islâmicos. Todas estas informações acima foram obtidas através das empresas de mídia ocidentais. Alguns destes dados demonstram certa contradição do establishment estadunidense. Primeiro declararam que Bin Laden estava armado e que tinha sido alvejado na troca de tiros. Algumas horas depois o comando militar americano negou esta informação e o pentágono passou a alegar que Bin Laden estava desarmado. Também afirmaram, em principio, que Bin Laden tinha usado a própria esposa como escudo humano, mas depois a CIA negou esta informação e passou a dizer que esta mulher estava viva, porém ferida. Depois de tantos desencontros, o cidadão comum, com senso crítico não se sente seguro em acreditar nos dados divulgados pelo governo dos EUA.




O que podemos extrair disto tudo, com certeza, é que Bin Laden não foi igual a Hitler e suas mortes foram bem diferentes. A intenção desta comparação estrambólica é clara, demonizar ao máximo Bin Laden. Contudo, não estamos em 1945, mas em 2011, e hoje a construção de uma narrativa midiática deste porte é unilateral. A humanidade, só terá acesso a informações confiáveis quando alguém resolver contar o que sabe ou quando o Wikileaks divulgar algo oficial sobre este acontecimento. Enquanto isso não acontece, estaremos sujeitos a este tipo de comparação estapafúrdia, entre Hitler e Bin Laden, destinada a influenciar e confundir o público, pois estes dois sujeitos possuem trajetórias político-ideológicas completamente diferentes, além de serem oriundos de períodos históricos tão dispares.











Diogo Carvalho é historiador pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente desenvolve mestrado pelo programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade(UFBA), onde realiza pesquisas sobre o cinema soviético. Membro da Oficina de Cinema-História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (UFBA). Trabalha com os seguintes temas: cinema, culturas, História, cultura digital, política humanidades e literatura beatnik. diogocarvalho_71@hotmail.com








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