DE OUTROS TEMPOS
Apresento hoje aqui um pouco mais do meu uni.verso: alguns versos do passado publicados no meu primeiro livro “Transparecer a Escuridão – produção independente de poesias e crônicas”.
O lançamento aconteceu no dia 28 de março de 1981, em frente ao “Bié Lanches” – uma lanchonete superfamosa na época, em pleno calçadão central de Americana, São Paulo.
Em meio a tantas pessoas consultadas, apenas duas, eu disse duas, foram 100% receptivas ao meu projeto e incentivadoras na realização do meu sonho, a quem tenho muito a agradecer: António Zoppi (jornalista e escritor) e Walther De Faé (professor, escritor e crítico literário).
Destaco trecho da matéria “Livro obteve sucesso”, veiculada no Domingo Jornal após o evento: “Fato interessante de notar é que o livro de Geraldo é o terceiro do gênero, num prazo de aproximadamente um ano, a ser editado pelos próprios autores, casos de António Zoppi e Waldemar Tebaldi. Isso, claro, constitui-se num dado alentador, principalmente numa cidade onde o trato com a literatura é raro hábito entre seus habitantes. Aliás, também interessante de ser ressaltado foi o comportamento das pessoas que foram atraídas ao local devido à aglomeração junto à mesa onde o escritor autografava seus livros. Curiosos se aproximavam mas evitavam tocar nos livros ou mesmo manuseá-los. Essa inibição deve-se, na certa, à falta do hábito de leitura de livros ou mesmo do desconhecimento do que seja o lançamento de um livro. Principalmente se é feito sob animação, música à vontade e farta presença de público jovem, na porta de um bar do convívio.”
Só para complementar: fizemos um tacho gigantesco de caipirinha que era distribuída à vontade entre os presentes e passantes. Na ocasião, em apenas duas horas de lançamento, foram vendidos mais de 100 exemplares.
Produzido nos tempos do linotipo e do clichê, a capa de “Transparecer a Escuridão” foi uma criação conjunta com o amigão e também publicitário Antonio Silvio de Andrade, que, com muita arte e carinho, cuidou da sua finalização. Como costumava brincar com ele: “Impossilvio” não reconhecer seu talento! Valeu, Silvião!
ÁGUAS ORIENTAIS
Você, que é fonte da volúpia,
Persiste sobre o meu mais profundo ser.
E, das suas águas, quero que saiba,
Eu quero beber.
Nada adianta esconder os sentimentos.
Suas águas sequiosas não resistirão.
E, nas cataratas dos nossos pensamentos,
Nada de solidão.
Eu quero deslizar sobre seu corpo.
Descer a cachoeira do prazer.
Sentir o padecer das turvas taras.
E, ao mesmo tempo, seu corpo esvaecer.
Eu quero sentir as suas água
Inebriadas a seguir pelo meu leito
Numa incessante queda de desejos
Em nossos momentos íntimos de pleito.
DE SÚBITO, AMARILISVocê, que é fonte da volúpia,
Persiste sobre o meu mais profundo ser.
E, das suas águas, quero que saiba,
Eu quero beber.
Nada adianta esconder os sentimentos.
Suas águas sequiosas não resistirão.
E, nas cataratas dos nossos pensamentos,
Nada de solidão.
Eu quero deslizar sobre seu corpo.
Descer a cachoeira do prazer.
Sentir o padecer das turvas taras.
E, ao mesmo tempo, seu corpo esvaecer.
Eu quero sentir as suas água
Inebriadas a seguir pelo meu leito
Numa incessante queda de desejos
Em nossos momentos íntimos de pleito.
E lá vinha ela
Seus passos a desfilar poesia,
Alindando ambientes.
Seu corpo trajando alegria,
Bem o quero.
Seus olhos retocados de romance,
Cantigas de amor.
E aqui estava ela
Seus lábios sedentos brilhavam pureza,
Dádiva dos seus.
Sua cútis macia rubra de ruge,
Enfeitiçando coração.
Seus olhos retocados de romance,
Fartura angelical.
E lá ia ela
Sua cabeça refletindo aventuras,
Gatinha siamesa.
Seus traços delineando ternura,
Harmonia edênica.
Seus passos arrastando ranhuras,
Indizível sensação.
E lá se foi...
HUMOR DO AMOR
Enquanto que
O canto que-
Ente
O pássaro assovia,
Aço via
Penetrar no peito.
E no deleite,
Assim no leito,
Que seja com quem for,
Desde que se arda
Em fruto-fulgurante amor,
A queimadura
Ferva as mais
Sensíveis partes
Inerentes.
Enquanto
O encanto
Do canto
Vibra delicioso as cordas vocais,
O pássaro alado
Bica fascinado
O assinado
Do peixe assim a nado.
E o nado
Do nada
Vertente como fada
Na cabeça camuflada
Das pétalas,
Margarida prazerosa,
Esfolheadas,
Vivem a acidez
Do aço.
Vivem a placidez
Da gravidez.
Vivem o amor
E jamais ocultam
E esquecem.
Nunca apagam
Os vestígios
Com os vestidos,
Nem tencionam carcomer
As cicatrizes
Que as cicas atrizes
Atrozes
Pincelaram,
A TROTES,
Pela consubstanciada
Essência das carnes
A se enxertarem,
Carne a carne,
Olho a olho,
Canto a canto,
Órgão a órgão.
Não negam jamais
A cuspida do humor
Do humor do amor.
O ECOSSITEMA
A poluição do ar intoxicou.
A poluição das águas envenenou.
A poluição do solo contaminou.
A poluição acústica perturbou,
surdificou.
A poluição da mente condicionou,
massificou e
agrediu.
A poluição dos alimentos oxidou, cancerizou.
A poluição radioativa (o lixo atômico) invalidou.
A poluição térmica febricitou.
A poluição energética paralisou, perigou.
O meio ambiente desequilibrou. Morreu!
Abraços literários e até +.
14 comentários:
As ÁGUAS da maravilhosa poesia de Geraldo Trombin chegaram e fascinaram a este colega no Oriente. Parabens, Poeta!
18 de julho de 2011 às 08:10Grande, Ed. Obrigado por estar sempre por aqui com palavras de incentivo.
18 de julho de 2011 às 08:30Abraços
Parabéns, Gera, 30 anos batalhando na causa literária não são para qualquer escritor. Apenas para os têm a literatura como "tara" congênita! Aquelabraço, e vamos que vamos!
18 de julho de 2011 às 10:41Parabéns, Gera, teu EU "desfila Poesia".
18 de julho de 2011 às 11:14Abraço.
Jussára
Muito gostoso um flash-back literário pra começar a segunda feira.
18 de julho de 2011 às 11:19Lembro-me muito bem dessa época e de toda a emoção que nos envolveu pelo lançamento de seu livro. Meu exemplar autografado está guardadinho, lido e re-re-re-re-re-re... lido.
Sérgio, nem tinha me dado conta dos anos... Como passou rápido.
18 de julho de 2011 às 11:24Ju, quando dá a gente sempre prepara um desfilezinho... rsss
Piaia, realmente foi uma emoção única aquele lançamento realizado de
um jeito meio tupiniquim... Mas foi inesquecível, muito legal.
Bons tempos, boas lembranças!
Querido Gera,
18 de julho de 2011 às 14:37Obrigada pelo convite a este espaço maravilhoso de poesia que você cultiva tão bem. Belíssimos poemas, aliás, como sempre. Gostei muito do artigo sobre as suas publicações também. Meus parabéns, Amigo! Beijos, Cris:)
Obrigado, Cris! Muito feliz por você estar aqui novamente...
18 de julho de 2011 às 15:41A amiga Rosana me pediu para inserir aqui também o seu comentário.
18 de julho de 2011 às 15:44Aí vai então:
"Nossa, a pegada é a mesma de hoje um tom irônico sobre a vida, com a diferença da sua maestria na concisão. Essa história do medo aos livros, do tacho com caipirinha, amei. Não desista nunca."
Rosana Banharoli
Sublime, meu amigo! A sua poesia comove e convence.
19 de julho de 2011 às 23:17beijos
Geraldo querido, estou lendo os seus Só Concursados e já havia admirado a beleza das Águas Orientais, mas apenas um livro é pouco para expor em totalidade o seu maravilhoso arranjo de palavras. Muuuuuito boas!
20 de julho de 2011 às 09:20Concordo com a Tatiana e com os colegas acima, é sublime, encanta!
Inclusive, acabo de realizar o cadastro do Só Concursados no Skoob. Assim que eu terminar de ler posto uma resenha lá e no meu blog também =]
BjsS!!!
Tati, agradeço as palavras e o carinho.
21 de julho de 2011 às 11:11Amanda, ontem mesmo tinha visto a inserção que fez no Skoob... Gracias... pelo apoio...
Meninas e galera em geral, obrigado mesmo, pela leitura, pela força e incentivo, o que me motiva a continuar fazendo essas mal traçadas linhas...
Geraldo,
21 de julho de 2011 às 20:12parabéns pela bela carreira literária!
Você é um exemplo de dedicação e valorização da poesia.
Um grande abraço,
Sônia
Sônia, ainda muito a trilhar, a aprender.
22 de julho de 2011 às 13:40Obrigado
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