O ETERNO FEMININO E SEU UNIVERSO
Oscar Niemeyer, autor do projeto arquitetônico do Museu (MON) e que dá nome ao mesmo, assim descreve sua geometria:
"Não é o ângulo reto que me atrai nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher amada. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein."
Pois o MON está com o seu acervo em cartaz, em que se propõe apresentar o feminino e seu universo nas diversas linguagens artísticas, sem a pretensão de um recorte curatorial específico ou a preocupação com qualquer cronologia ou gênero. O feminino e seu universo foi o estímulo que norteou a seleção das obras dessa mostra em sua maioria, desenhos, entre outras técnicas. Os trabalhos exortam a mulher e refletem sobre a eternidade da temática feminina e ao exortar a mulher, exorta-se também o homem, parte de outra parte, segundo Estela Sandrini, diretora do museu.
Na dialética das relações sociais, as pessoas formam-se no contraponto das imagens recíprocas, como em um jogo de espelhos, compreendendo-se ou opondo-se, contemplando-se ou estranhando-se. Aí se revelam identidades e alteridades, diversidades e desigualdades, acomodações e oposições. Nesse sentido é que o espelho da mulher pode ser o homem, assim como o espelho do homem pode ser a mulher, ambos constituindo-se recíproca, necessária e contraditoriamente. Essa é a dialética das relações sociais, com a qual se consitutem todos, coisas, gentes e ideais, realidades e imaginários já disse uma vez o saudoso Octavio Ianni refletindo sobre as figurações da mulher nas ciências sociais e na arte.
Voltando à mostra, ela passeia pela história da arte refletindo sobre a eternidade da temática feminina. Desde a Pré-história, com a Vênus de Willendorf, passando pelas musas do Renascimento até as figuras inovadoras das “Demoiselles d’Avignon” de Picasso, a exposição explora o universo das mulheres em um total de 59 trabalhos de diversas linguagens e técnicas. Entre os artistas que compõem a exposição destacam-se Iberê Camargo, Torres Garcia, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Letícia Marquez e a paranaense Helena Wong.
Estela Sandrini ilustra a exposição do acervo com essas palavras:
"...Ah...mulheres...! De todas as cores e sotaques, de todas as idades. Mulheres plenas ou à espera. Quem é você? E você? As mulheres de cada face, inspiração de artistas e poetas. Desejos, necessidades ou vaidades. Quantos há em teu riso ou em teu pranto? O que levas? Alegrias ou tristezas, sempre esperança e saudades. Quem são vocês? Por vezes inteiras, outras metades. Mas mulheres de guerra e de paz. Quem são vocês? Partes de uma mesma face!"
Serviço:
Mulheres no acervo MON- Sala Helena Wong
Até 29 de agosto de 2011.
Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999)
Curitiba - Informações: (41) 3350-4400.
"Colombina"- Arthur Nísio
"Mulheres com criança" - Helena Wong
"Campesina de Quiromarca" - Martin Chambi
"A fonte"- Theodoro de Bona
"Rotunda vaidosa" - Ennio Marques Ferreira
"Nu deitado" - Estanislau Traple
"Pernas" - German Lorca
"Menina sentada"- Theodoro de Bona
Izabel Liviski é Fotógrafa e Mestre em Sociologia pela UFPR, Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem e Artes Visuais em geral. Escreve quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.
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