quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pré estreia do Documentário Neblina sobre trilhos


No último sábado, dia 17, aconteceu a pré-estreia do Documentário Neblina sobre Trilhos no Sub Bar na Vila de Paranapiacaba (Santo André - SP). Estavam presentes alguns ferroviários que  concederam entrevista, alunos da UFABC, moradores da Vila, turistas e a equipe de docentes e discentes da UFABC e Centro Universitário Fundação Santo André que trabalhou dois anos para a produção desse filme. O documentário tem 35 minutos de duração e sua estreia em Santo André está prevista para o próximo 8 de março.


Acompanhe as novidades de nossa equipe também pelo facebook. A exposição sobre o curta ficará na Vila em diferentes pontos - Sub Bar, Restaurante Acarajé e Cia do ex-ferroviário Diniz e no quiosque de Gersino - até fevereiro, compareçam!



Abaixo, hoje trazemos a colaboração de um dos diretores do documentário, Rafael Caitano.


Produção do documentário na Vila de Paranapiacaba, como forma de representação do social e patrimonial

O documentário Neblina sobre Trilhos sobre a vila de Paranapiacaba, localizada em Santo André - São Paulo -, enfoca sua transformação cultural, ambiental e socioeconômica desde a implantação da estrada de ferro São Paulo Railway, a partir de entrevistas de ex- ferroviários.
A Vila de Paranapiacaba, primeira linha férrea em 1867, registra um período que mostra a influência da cultura inglesa, ou ainda, a construção da arquitetura e da tecnologia inglesa sobre uma porção do território natural brasileiro. Essa tecnologia importada enfrentou o desafio de vencer o grande desnível da Serra do Mar, que separava o planalto paulistano da Baixada Santista, a ligação das principais regiões produtoras do café ao seu porto exportador. [1867]
Na visão do Padre Simião sobre o cenário em que se insere a vila:

 “(...) A profundeza dos vales é espantosa; a diversidade dos montes uns sobre os outros, parece tira a esperança de chegar ao fim; quando cuidas que chegais ao cume de um achai-vos ao pé de outro (...) donde via o mais alto cume, lançando os olhos para baixo me parecia que olhava o Céu da Lua, e via todo o globo da terra posto debaixo dos meus pés; e com notável formosura, pela variedade de vistas do mar, da terra, dos campos, dos bosques e serranias, tudo vário e sobremaneira aprazível. (...).” [“lugar onde se vê o mar” em tupi-guarani; Padre Simião de Vasconcelos, ano de 1554. Crômicas da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, Volume Primeiro].



Ao ser inaugurado o novo sistema tecnológico, funicular, foi necessário ter operários no período de 24 horas/dia para a manutenção da linha, com isto, o local passa a abrigar os ferroviários, consolidando assim uma vila.
 A decadência ocorre posteriormente à década de 1940, onde se inicia o fim da concessão inglesa, resultando assim nas transformações urbanas e econômicas mais latentes, ancorados pelo sistema de transporte modal rodoviário que passa a ser principal fonte de escoamento de mercadorias.
Observamos que os impactos sociais na época são ocasionados pela falta de emprego e abandono da vila por equipamentos e infra-estrutura, onde os ferroviários tiveram que reelaborar seu passado - marcado pelos sentimentos de solidariedade e corporativismo - a partir do presente traumático: falta de políticas públicas para a preservação e descaso com o patrimônio ferroviário.


No documentário busca-se trabalhar com a história oral contada pelos depoimentos dos ex-ferroviários do impacto com que a ferrovia trouxe na sociedade local, mostrando que apesar de ser planejada, projetada e controlada, [grifo meu] a transformação é sensível, sendo produzida através da ação do homem em conjunto social.


Rafael Caitano é estudante de Engenharia Ambiental da UFABC, documentarista do documentário Neblina sobre Trilhos fomentado pela Pró-reitoria de Extensão da UFABC.

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