Construindo o patrimônio a partir de um olhar cidadão
A presente matéria apresenta
o trabalho de Educação Patrimonial e Ambiental realizado pela equipe do projeto
Educação Patrimonial do Campo: guardiões da paisagem e da cultura. Tais
atividades acerca da educação patrimonial são realizadas em municípios do
entorno da fazenda Fortaleza de Sant 'Anna, que se estende por mais de quatro mil
hectares, localizada próximo a Juiz de Fora esta fazenda é de grande
representatividade para sua microrregião, por haver construído ao longo de dois
séculos um rico patrimônio material como antigas instalações (capela,
residências de moradores e áreas de beneficiamento dos grãos). Tem também um
patrimônio imaterial por sediar, por exemplo, a Festa de Sant 'Anna. Dentro de
seu perímetro, encontra-se ainda um sítio arqueológico explorado no início do
século XIX por cientistas estrangeiros que visitaram o território brasileiro.
Fig. 1 – Casa
de beneficiamento de grãos. Fachada frontal (foto de Márcio Carvalho, 2010)
O objetivo principal do trabalho é resgatar e sistematizar através
de processos educativos e coletivos o patrimônio histórico, cultural e
arqueológico. Valorizar os conhecimentos dos sujeitos envolvidos e gerar,
através do diálogo do saber acadêmico e popular, a consciência histórica e
novos conhecimentos. Portanto, estão incluídos as
cidades no seu entorno que são: Goianá, Coronel Pacheco, Rio Novo e São João
Nepomuceno por suas relações históricas entre si e com as atividades da
Fazenda.Assim como o Acampamento Denis Gonçalves que se encontra as margens da
Fazenda.
O
público-alvo são os moradores do Acampamento Denis Gonçalves, membros do MST,
nas cidades vizinhas, os professores das escolas da rede pública, assim como
moradores que serão ainda selecionados para um trabalho de História Oral.
Fig. 2 – Capela da fazenda Fortaleza
de Santana. Fachada principal (foto de Márcio Carvalho, 2010)
O projeto tem como metodologia, trabalhar com oficinas de Educação
Patrimonial e História a partir dos princípios da Educação Popular e do
trabalho com História Oral, propondo assim a criação, em comunhão com o
público-alvo, de uma perspectiva autônoma do que é patrimônio e de que memória
os grupos pretendem preservar para a posterioridade.
Fig. 3– Oficina- Membros da projeto
Educação Patrimonial e integrantes do Denis Gonçalves/ MST(foto de Márcio
Carvalho, 2011)
Acreditamos que as ações de
preservação e tombamento fazem parte da seleção da memória de um povo, dos
marcos que serão lembrados de sua história, sendo constituinte de sua
identidade coletiva. Assim, todos os indivíduos têm o direito de deixar marcas
e de identificar-se com as marcas de seu povo na paisagem. Uma de nossas
atividades já realizadas foi a oficina denominada Educação Patrimonial: A
Construção das Identidades, que é parte do projeto de construção de uma
consciência pela comunidade local de seu papel histórico na construção e na
preservação do patrimônio material e imaterial existentes no local.
Fig.4 Oficina- Membros da projeto
Educação Patrimonial e professores da rede pública de São João Nepomuceno(foto
de (foto de Márcio Carvalho, 2011)
Sob a abordagem da Educação
Popular, entendida como um processo, pensar em resultados em um projeto tão
recente é difícil. Porém, a perspectiva patrimonial dos envolvidos já foi
colocada em debate e, para um futuro próximo, as especificidades de cada
comunidade, com modos diferentes de se relacionar com os saberes acadêmicos,
revelarão os impactos causados por nossas atividades.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA:
CANCLINI,
Nestor García O Patrimônio Cultural e a Construção Imaginária do Nacional.
Trad. DIAS, Mauricio Santana. Revista do
Patrimônio histórico Artístico Nacional, 1984.
FREIRE,
P. Extensão ou comunicação? 10. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
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Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FUNARI, Pedro Paulo A. Os Desafios da Destruiçao e conservaçao do
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de Antropologia e Etnologia, Porto, 2001.
HORTA,
Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial.
Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu
Imperial, 1999.
PELEGRINI,
Sandra. Cultura e Natureza: os desafios das práticas preservacionistas na
esfera do patrimônio cultural e ambiental. Revista
Brasileira de História, v. 26, n. 51, 2006.
Márcio Francisco de Carvalho é graduando em
História pela UFV (Universidade Federal de Viçosa). Bolsista PROEXT- Educação
Patrimonial do Campo: guardiões da paisagem e da cultura. e-mail: mar.carvalho@yahoo.com.br
A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.
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