AINDA NA SÍNTESE DA LINGUAGUEM
AINDA NA SÍNTESE DA LINGUAGUEM
Não é de hoje que gosto de passear pelos textos minimalistas, pela concisão poética, ensinamentos passados pela propaganda e também pelo grande amigo, redator e escritor, Devanir Luiz Kauffman Ferreira, devoto dessa arte “dos curtos, curtíssimos” desde os longínquos anos 80.
Algumas modalidades são recentes no meu aprendizado e até que acabei me saindo bem: a trova, o haicai e a aldravia.
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O que é aldravia?
“Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem saída. Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia – aldravia. O Poema é constituído numa linométrica de até 06 (seis) palavras-verso. Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.”
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Em 2011, participei de um concurso de trovas, haicais e aldravias, promovido pelo InBrasCI (Instituto Brasileiro das Culturas Internacionais – RJ), que tinha como objetivo “incentivar antigas e novas formas poéticas, que primam pela síntese da linguagem, sem prejuízo do conteúdo”.
O tema era livre e a avaliação baseada no conjunto de obras inscritas (até, no máximo, 5 poemas em cada modalidade). Com pontuações feitas também por modalidade, a somatória de pontos atribuídos pela banca determinaria os 1º, 2º e 3º lugares.
O resultado, previsto para outubro, acabou saindo apenas em 6 de março de 2012, quando recebi um e-mail da Sra. Marilza de Castro – Presidente do InBrasCI – comunicando a minha classificação. No dia 19 de março de 2012 aconteceu a premiação, onde meu conjunto de obras inscritas “abocanhou” o 3º lugar.
A seguir, os textos selecionados. Espero que, a exemplo dos jurados, você também aprecie o resultado das minhas incursões minimalistas.
Trovas_______________________________________________________
(comumente essa modalidade não recebe título)
VIAJANDO
Caminhos e descaminhos,
Vou pisando na embreagem
Entre flores, passarinhos...
Essa vida é uma viagem!
TEMPORAL
Ah! Como o tempo se escassa
Rapidinho na ampulheta,
Mexendo com a carcaça,
Deformando a silhueta.
PASSA
Tudo nessa vida passa
Tão rápido como a hora.
Nada é feito de argamassa
Que demora a ir embora.
CHORO RABISCADO
O lápis rabisca e chora
O sumiço da caneta.
É solidão que devora
Grafite, papel, prancheta.
LOUVA-A-DEUS
Sentindo a perda dos seus,
O cavalinho de Deus
Os seus joelhinhos dobrou
E por um momento orou.
Haicais_______________________________________________________
DESALUMIADO
Sol brilha no céu,
vaivém de sonhos, além
do gosto de fel.
NEGRITUDE
Tem tudo na noite:
má fé, pó de chaminé,
derradeiro açoite.
PIPOCANDO
Verão queima o chão,
os pés salpicam. Revés
que arde o coração.
GELEIRA
Frio. Vento a gelar,
cortar o peito, sangrar.
Tempo de chorar.
VERTICAL
Linha do horizonte,
um bar a me embebedar.
Lágrimas na fronte.
Aldravias______________________________________________________
DESTEMPO
Arritmia
Relógio
parado
no
meio
dia
ROMPIMENTO
Linha
da
vida
interrompida
Triste
Partida
SORRISO NOTURNO
Boca
da
noite
Dentestrelas
já
reluzem
CANTATA
Ninho
de
passarinho
Canto
da
vida
ABOCANHADA
Noite
engole
dia
Que
linda
poesia
ABRAÇOS LITERÁRIOS E ATÉ +.
13 comentários:
Que lindos! Você é ótimo em tudo o que se dispõe a compor. Parabéns.
21 de maio de 2012 às 10:03Abraços literários,
Maria Angela
Uma bela aula. Grato.
21 de maio de 2012 às 11:21Lindos, como tudo que produzes, amigo!
21 de maio de 2012 às 13:15Abração!
Ju
Maria Angela, Piaia e Ju... Obrigado pela visitinha e pelas linhas deixadas. Vão ficar pro cafezinho? rsss
21 de maio de 2012 às 15:23Querido Gera,
21 de maio de 2012 às 15:28É o que a nossa Amiga Ju disse acima: tudo muitoooo Lindooo! Parabéns de novo e sempre
Cris :)
Geraldo, Ótima a sua coluna. Confesso que não conhecia esta modalidade poética: aldravia! Vou tentar!!!! Beijos carinhosos, Aninha
21 de maio de 2012 às 16:19Obrigado, Cris e Aninha... E vamos seguindo nos versos diversos... bjos
21 de maio de 2012 às 17:24mensagem do novo amigo literário, Olivaldo Júnior:
21 de maio de 2012 às 18:38Obrigado, Geraldo, por dividir sua coluna Uni.verso comigo.
Suas trovas, haicais e poemas são lindos. Sei que isso não diz muito, adjetivos nunca dizem o dizível, mas apreciei sua delicadeza e perspicácia com as palavras.
Vou tentar escrever em aldravia. Nunca o fiz!
Boa sorte!
Abraços.
Olivaldo
mensagem da minha ex-professora Maria Cecília, a Ciça:
21 de maio de 2012 às 19:37Lindos ! Viajando, Temporal, Ninho... todos. Aplausos.
Gera.
22 de maio de 2012 às 09:45A concisa forma de trovas, haicais e aldravias afirma mais uma vez que, não por acaso, menos é sempre mais. No caso específico desses poemas, você alcança muitíssimo mais com tão pouco.
Deva
Grande Deva. Obrigado pelas palavras. E pelas conversas de sempre.
22 de maio de 2012 às 10:42Geraldo, eu não conhecia essa modalidade! Adorei!
28 de maio de 2012 às 14:54Você é ótimo na concisão, e isso não é nada fácil de alcançar. Parabéns!
Um abraço!
Obrigado, Sônia!
28 de maio de 2012 às 21:18Postar um comentário
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