segunda-feira, 21 de maio de 2012

AINDA NA SÍNTESE DA LINGUAGUEM

  

AINDA NA SÍNTESE DA LINGUAGUEM

Não é de hoje que gosto de passear pelos textos minimalistas, pela concisão poética, ensinamentos passados pela propaganda e também pelo grande amigo, redator e escritor, Devanir Luiz Kauffman Ferreira, devoto dessa arte “dos curtos, curtíssimos” desde os longínquos anos 80.  

Algumas modalidades são recentes no meu aprendizado e até que acabei me saindo bem: a trova, o haicai e a aldravia.
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O que é aldravia?
“Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem saída. Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia – aldravia. O Poema é constituído numa linométrica de até 06 (seis) palavras-verso. Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.”
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Em 2011, participei de um concurso de trovas, haicais e aldravias, promovido pelo InBrasCI (Instituto Brasileiro das Culturas Internacionais – RJ), que tinha como objetivo “incentivar antigas e novas formas poéticas, que primam pela síntese da linguagem, sem prejuízo do conteúdo.
 O tema era livre e a avaliação baseada no conjunto de obras inscritas (até, no máximo, 5 poemas em cada modalidade). Com pontuações feitas também por modalidade, a somatória de pontos atribuídos pela banca determinaria os 1º, 2º e 3º lugares.

O resultado, previsto para outubro, acabou saindo apenas em 6 de março de 2012, quando recebi um e-mail da Sra. Marilza de Castro – Presidente do InBrasCI – comunicando a minha classificação. No dia 19 de março de 2012 aconteceu a premiação, onde meu conjunto de obras inscritas “abocanhou” o 3º lugar.

A seguir, os textos selecionados. Espero que, a exemplo dos jurados, você também aprecie o resultado das minhas incursões minimalistas.

Trovas_______________________________________________________
(comumente essa modalidade não recebe título)

VIAJANDO
Caminhos e descaminhos,
Vou pisando na embreagem
Entre flores, passarinhos...
Essa vida é uma viagem!

TEMPORAL
Ah! Como o tempo se escassa
Rapidinho na ampulheta,
Mexendo com a carcaça,
Deformando a silhueta.


PASSA
Tudo nessa vida passa
Tão rápido como a hora.
Nada é feito de argamassa
Que demora a ir embora.

CHORO RABISCADO
O lápis rabisca e chora
O sumiço da caneta.
É solidão que devora
Grafite, papel, prancheta.

LOUVA-A-DEUS
Sentindo a perda dos seus,
O cavalinho de Deus
Os seus joelhinhos dobrou
E por um momento orou.

Haicais_______________________________________________________

DESALUMIADO
Sol brilha no céu,
vaivém de sonhos, além
do gosto de fel.

NEGRITUDE
Tem tudo na noite:
má fé, pó de chaminé,
derradeiro açoite.

PIPOCANDO
Verão queima o chão,
os pés salpicam. Revés
que arde o coração.

GELEIRA
Frio. Vento a gelar,
cortar o peito, sangrar.
Tempo de chorar.

VERTICAL
Linha do horizonte,
um bar a me embebedar.
Lágrimas na fronte.

Aldravias______________________________________________________

DESTEMPO
Arritmia
Relógio
parado
no
meio
dia

ROMPIMENTO
Linha
da
vida
interrompida
Triste
Partida

SORRISO NOTURNO
Boca
da
noite
Dentestrelas
reluzem

CANTATA
Ninho
de
passarinho
Canto
da
vida

ABOCANHADA
Noite
engole
dia
Que
linda
poesia



ABRAÇOS LITERÁRIOS E ATÉ +.


13 comentários:

Maria Angela disse...

Que lindos! Você é ótimo em tudo o que se dispõe a compor. Parabéns.
Abraços literários,

Maria Angela

21 de maio de 2012 às 10:03
Blog do Piaia disse...

Uma bela aula. Grato.

21 de maio de 2012 às 11:21
Jussára C Godinho disse...

Lindos, como tudo que produzes, amigo!
Abração!
Ju

21 de maio de 2012 às 13:15
geraldo trombin disse...

Maria Angela, Piaia e Ju... Obrigado pela visitinha e pelas linhas deixadas. Vão ficar pro cafezinho? rsss

21 de maio de 2012 às 15:23
Cris Dakinis disse...

Querido Gera,
É o que a nossa Amiga Ju disse acima: tudo muitoooo Lindooo! Parabéns de novo e sempre
Cris :)

21 de maio de 2012 às 15:28
artes e literatura disse...

Geraldo, Ótima a sua coluna. Confesso que não conhecia esta modalidade poética: aldravia! Vou tentar!!!! Beijos carinhosos, Aninha

21 de maio de 2012 às 16:19
geraldo trombin disse...

Obrigado, Cris e Aninha... E vamos seguindo nos versos diversos... bjos

21 de maio de 2012 às 17:24
geraldo trombin disse...

mensagem do novo amigo literário, Olivaldo Júnior:
Obrigado, Geraldo, por dividir sua coluna Uni.verso comigo.


Suas trovas, haicais e poemas são lindos. Sei que isso não diz muito, adjetivos nunca dizem o dizível, mas apreciei sua delicadeza e perspicácia com as palavras.


Vou tentar escrever em aldravia. Nunca o fiz!




Boa sorte!
Abraços.


Olivaldo

21 de maio de 2012 às 18:38
geraldo trombin disse...

mensagem da minha ex-professora Maria Cecília, a Ciça:

Lindos ! Viajando, Temporal, Ninho... todos. Aplausos.

21 de maio de 2012 às 19:37
Anônimo disse...

Gera.

A concisa forma de trovas, haicais e aldravias afirma mais uma vez que, não por acaso, menos é sempre mais. No caso específico desses poemas, você alcança muitíssimo mais com tão pouco.

Deva

22 de maio de 2012 às 09:45
geraldo trombin disse...

Grande Deva. Obrigado pelas palavras. E pelas conversas de sempre.

22 de maio de 2012 às 10:42
Sônia Barros disse...

Geraldo, eu não conhecia essa modalidade! Adorei!
Você é ótimo na concisão, e isso não é nada fácil de alcançar. Parabéns!
Um abraço!

28 de maio de 2012 às 14:54
geraldo trombin disse...

Obrigado, Sônia!

28 de maio de 2012 às 21:18

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