sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Pássaros e Intentos

 


Caros leitores,

apresento-lhes hoje uma produção recente destas noites de inverno. Como em alguns outros textos, sua composição é fruto de reflexões não inteiramente baseadas em experiências vividas mas, também, nelas. É a soma resultante de conversas, diálogos, observações, introspecções, assim como de diferentes episódios que eu, assim como cada um de vocês, já pude mergulhar. Há um momento na vida em que olhar pra traz e ver, agora de longe, os percursos, torna-se uma condição interessante. "Passáros e intentos" é um mirante... E a paisagem, esta... É uma construção pessoal, sinta-se livre...

Adriano de Almeida
                                                                                              
 
 
Pássaros e intentos
 

Confesso que já falei frases feitas...
Confesso que chorei escondido,
que corri sem rumo pela madrugada,
que sentia o mundo e não lhe disse nada.


Já desliguei ao ouvir sua voz.
E, por vezes, não quis ficar só...
Já tentei, mas não pude...
desejar ver-te bem...


Por mais que quisesse,
confesso que não sabia ir além...
Por mais que tentasse,
Não queria nada...
Nem sorriso, nem lágrimas...


Eu já passei trotes imbecis,
Pra sentir você perto...
Pra invadir seu incerto...
Pra ver sentido nas noites errantes.


De tudo ficaram as loucuras...
As minhas doces penúrias.
Minhas doses de desequilíbrio.
Minha liberdade e meu vazio.


Confesso que já gritei pelas ruas...
Que já corri pela chuva...
Que já me sentei sem rumo,
Que ri pra não chorar...


Confesso que já chorei,
e nem sei porquê...
Que já ri de tudo isso,
e outra vez chorei sem saber...


Conheço meus impulsos incertos...
E cada um dos meus erros cegos.
Conheço meus sonhos incrédulos...
Minhas fantasias absurdas...


Sem máscaras e truques,
lancei meus braços abertos...
Sentindo meu vôo voar com o vento...
Buscando meu mundo...
Meus pássaros e intentos...





   Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.





0 comentários:

Postar um comentário

Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.