Sexo é coisa séria. Será?
Antigamente só homem podia gostar de sexo. Mulher que gostasse de sexo era mal
vista, mal falada e mal ouvida. Um ser sem qualquer direito ao quesito
respeito.
Não é inverdade dizer que o homem sempre gostou
de sexo, desde os tempos de Adão e Eva. Por muitos séculos, sexo era assunto
intocável. Um segredo de estado matrimonial. Senhoras engravidavam e tentavam esconder a barriga que fofocava
seus pecados. Meninas se casavam sem imaginar que seriam usadas, violadas,
viradas do avesso e depois descartadas.
Prazer feminino era palavra inexistente. Só o do macho importava. Mesmo que
para atingi-lo, a mulher fosse transformada em boneca inflável.
Creio eu que sempre houve um caso de amor, aqui e acolá. Talvez Adão tenha sido
um homem apaixonado que dava flores para a Eva e acariciava seus lindos cabelos
longos após fazerem amor, em uma ilha paradisíaca.
Nos anos 60 veio a liberalização em forma de cartela com vinte e oito
comprimidos. Mulheres saíram às ruas com os seios de fora e gritaram por
igualdade. Pena que a cegonha não as ouviu.
O que vimos depois disso foi uma rápida mudança no comportamento social e
sexual da humanidade nos países ocidentais. De iguais passaram a dominar a
relação e destacaram todos os rótulos, abolindo contratos nupciais, eliminando
a obrigatoriedade do hímen e inventando novos verbos: ficar, transar, curtir,
além de outros impublicáveis.
Não sei onde ficou o amor nessa história toda. Só sei que ele continua
essencial em todos os relacionamentos. Casais se amam, amigos se amam,
familiares se amam. Logo, sem amor não há relacionamento de verdade,
principalmente quando se envolve sexo.
E o amor é gostoso, livre, desregrado. Relacionamentos formais, enjaulados,
enferrujados não são banhados em amor. Sexo com amor é maravilhoso, instigante,
renovável.
Dizem que um casal que nunca se separará é aquele que conversa muito sobre
todos os assuntos. Ou seja, a amizade é o alicerce do amor apaixonado. Eu
acredito que um casal que nunca deixará de fazer amor é aquele que conversa
muito e ri mais ainda. Porque rir é sinônimo de alegria e sexo é isso: um
momento de felicidade em que duas pessoas unidas em carne e espírito comungam
do mesmo sentimento, criando um elo mágico, que como o vento, não se vê. E o vento
não é sério. Ele está sempre dançando. Ele sempre nos faz sorrir.
Simone Pedersen é escritora. Tem livros publicados para crianças e adultos.
11 comentários:
Muito obrigada por me lembrar do meu amor de jeito tão gostoso.
28 de agosto de 2012 às 11:00Parabéns Simone,
28 de agosto de 2012 às 13:35É isso mesmo, viva o direito de prazer no sexo que as mulheres conquistaram e conquistam a cada dia, mas tudo com muito AMOR!
enfim, viva o direito... e cada uma das nossas merecidas conquistas...
28 de agosto de 2012 às 13:47Muito bom o texto, bem colocado para sua preservação nos dias de hoje.
28 de agosto de 2012 às 15:48Ótimo o seu artigo. A revolução sexual feminina, como qualquer outra revolução, foi uma explosão contra uma situação sufocante e, por isso, resvalou para o excesso oposto. Mas chegaremos, se é que não já estamos chegando, a um equilíbrio. Como você, acho que o amor não pode se condicionar a certidões de casamento, nem descambar para a promiscuidade.
28 de agosto de 2012 às 18:44Uma brincadeirinha: gostaria de compartilhar sua suposição romântica de que talvez Adão tenha sido carinhoso e apaixonado por Eva. Mas olha a trova que fiz, há bastante tempo:
Um dia, no paraíso,
Eva perguntou a Adão:
− Me amas? − e deu-lhe um sorriso...
Ele disse: − É o jeito, não?
Wanda de Paula Mourthé
Um dia, no paraíso,
Eva perguntou a Adão:
− Me amas? − e deu-lhe um sorriso...
Ele disse: − É o jeito, não?
Wanda de Paula Mourthé
Wanda, morri de rir, pobre Eva, e o Adão, como um bom macho, sempre dando a resposta errada - rs
28 de agosto de 2012 às 18:49O triste é que tem gente que mesmo que seja a única pessoa que sobrou ao seu lado, você prefere morar do outro lado da ilha, bem longe...
Bonito texto. Parabéns
28 de agosto de 2012 às 19:15Querida amiga, teus textos são bons e gostosos de se ler...parabéns !
28 de agosto de 2012 às 20:02Amigo Pim
Belo texto, Simone!
29 de agosto de 2012 às 22:42E como o mundo de hoje está precisando introjetar essa idéia de um sexo agradável, alegre, enriquecedor e energético!
Pena que nem todo mundo pense assim... O que mais se vê com a liberdade sexual de hoje é a banalização de algo que poderia ser muito gratificante para os amantes. Abs. Maria Teresa
Olá Simone! Gostei do texto. Assunto bem colocado, tabus de lado, verdade inconteste. Mas, sou de opinião que esse ato se banalizou. Fazer amor deve ser interpretado como ato diferente de fazer sexo. As moças e rapazes que usam o corpo como fonte de renda fazem amor? Será?Na minha opinião, fazem
30 de agosto de 2012 às 11:39sexo, ou melhor, usam o sexo, isto é, suas partes genitais para ganhar a vida. O amor é, como disse no texto, entrega, uniaõ carnal e espiritual. Mas, com a estrutura obtida pelas mulheres depois dos anos 60, elas deixaram de ser usadas, mas estarão usando essa estrutura para se valorizarem ou se depravaram? Liberdade sem freio moral é licenciosidade...
Um abração, quero ler sempre seus textos. Qualquer hora, venha a Jundiaí para conhecer os escritores daqui.
Julia Heimann
O homem foi feito
31 de agosto de 2012 às 15:19para a caça e o combate,
caçando e lutando
a tudo abate.
A mulher imagina,
sonha, ela é mãe
dos deuses.
Ela tem a visão do amor,
tem a asa infinita do desejo,
tem no coração a flor
e nos olhos mil, sonhos, vezes.
Seus olhos baixando
às amorosas flores,
aprende com elas
os filtros de amores.
E o homem, apesar de forte,
sempre sucumbe
aos olhos da mulher.
É a mulher feiticeira,
amorosa e bondosa,
quando e onde estiver.
Simone essa é uma das formas em que vejo a mulher
no livro de minha autoria; "A Mulher Sobre o Homem".
Sebastião Geraldo Ferreira Gomes
Cadeira 01 - Patrono Gustavo Teixeira
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