terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sexo é coisa séria. Será?


         Antigamente só homem podia gostar de sexo. Mulher que gostasse de sexo era mal vista, mal falada e mal ouvida. Um ser sem qualquer direito ao quesito respeito.


        Não é inverdade dizer que o homem sempre gostou de sexo, desde os tempos de Adão e Eva. Por muitos séculos, sexo era assunto intocável. Um segredo de estado matrimonial.  Senhoras engravidavam e tentavam esconder a barriga que fofocava seus pecados. Meninas se casavam sem imaginar que seriam usadas, violadas, viradas do avesso e depois descartadas. 

         Prazer feminino era palavra inexistente. Só o do macho importava. Mesmo que para atingi-lo, a mulher fosse transformada em boneca inflável.

         Creio eu que sempre houve um caso de amor, aqui e acolá. Talvez Adão tenha sido um homem apaixonado que dava flores para a Eva e acariciava seus lindos cabelos longos após fazerem amor, em uma ilha paradisíaca.
         Nos anos 60 veio a liberalização em forma de cartela com vinte e oito comprimidos. Mulheres saíram às ruas com os seios de fora e gritaram por igualdade. Pena que a cegonha não as ouviu. 
         O que vimos depois disso foi uma rápida mudança no comportamento social e sexual da humanidade nos países ocidentais. De iguais passaram a dominar a relação e destacaram todos os rótulos, abolindo contratos nupciais, eliminando a obrigatoriedade do hímen e inventando novos verbos: ficar, transar, curtir, além de outros impublicáveis.
       Não sei onde ficou o amor nessa história toda. Só sei que ele continua essencial em todos os relacionamentos. Casais se amam, amigos se amam, familiares se amam. Logo, sem amor não há relacionamento de verdade, principalmente quando se envolve sexo.
    E o amor é gostoso, livre, desregrado. Relacionamentos formais, enjaulados, enferrujados não são banhados em amor. Sexo com amor é maravilhoso, instigante, renovável.
        Dizem que um casal que nunca se separará é aquele que conversa muito sobre todos os assuntos. Ou seja, a amizade é o alicerce do amor apaixonado. Eu acredito que um casal que nunca deixará de fazer amor é aquele que conversa muito e ri mais ainda. Porque rir é sinônimo de alegria e sexo é isso: um momento de felicidade em que duas pessoas unidas em carne e espírito comungam do mesmo sentimento, criando um elo mágico, que como o vento, não se vê. E o vento não é sério. Ele está sempre dançando. Ele sempre nos faz sorrir. 
        Sexo tem que nos fazer rir e não chorar como antigamente.

                        Simone Pedersen é escritora. Tem livros publicados para crianças e adultos.


11 comentários:

Unknown disse...

Muito obrigada por me lembrar do meu amor de jeito tão gostoso.

28 de agosto de 2012 às 11:00
Lilly Araújo disse...

Parabéns Simone,

É isso mesmo, viva o direito de prazer no sexo que as mulheres conquistaram e conquistam a cada dia, mas tudo com muito AMOR!

28 de agosto de 2012 às 13:35
geraldo trombin disse...

enfim, viva o direito... e cada uma das nossas merecidas conquistas...

28 de agosto de 2012 às 13:47
Antonio Vendramini Neto disse...

Muito bom o texto, bem colocado para sua preservação nos dias de hoje.

28 de agosto de 2012 às 15:48
Wanda de Paula Mourthe disse...

Ótimo o seu artigo. A revolução sexual feminina, como qualquer outra revolução, foi uma explosão contra uma situação sufocante e, por isso, resvalou para o excesso oposto. Mas chegaremos, se é que não já estamos chegando, a um equilíbrio. Como você, acho que o amor não pode se condicionar a certidões de casamento, nem descambar para a promiscuidade.
Uma brincadeirinha: gostaria de compartilhar sua suposição romântica de que talvez Adão tenha sido carinhoso e apaixonado por Eva. Mas olha a trova que fiz, há bastante tempo:

Um dia, no paraíso,
Eva perguntou a Adão:
− Me amas? − e deu-lhe um sorriso...
Ele disse: − É o jeito, não?

Wanda de Paula Mourthé










Um dia, no paraíso,
Eva perguntou a Adão:
− Me amas? − e deu-lhe um sorriso...
Ele disse: − É o jeito, não?

Wanda de Paula Mourthé

28 de agosto de 2012 às 18:44
Unknown disse...

Wanda, morri de rir, pobre Eva, e o Adão, como um bom macho, sempre dando a resposta errada - rs
O triste é que tem gente que mesmo que seja a única pessoa que sobrou ao seu lado, você prefere morar do outro lado da ilha, bem longe...

28 de agosto de 2012 às 18:49
Gerci Godoy disse...

Bonito texto. Parabéns

28 de agosto de 2012 às 19:15
Anônimo disse...

Querida amiga, teus textos são bons e gostosos de se ler...parabéns !

Amigo Pim

28 de agosto de 2012 às 20:02
Anônimo disse...

Belo texto, Simone!
E como o mundo de hoje está precisando introjetar essa idéia de um sexo agradável, alegre, enriquecedor e energético!
Pena que nem todo mundo pense assim... O que mais se vê com a liberdade sexual de hoje é a banalização de algo que poderia ser muito gratificante para os amantes. Abs. Maria Teresa

29 de agosto de 2012 às 22:42
Anônimo disse...

Olá Simone! Gostei do texto. Assunto bem colocado, tabus de lado, verdade inconteste. Mas, sou de opinião que esse ato se banalizou. Fazer amor deve ser interpretado como ato diferente de fazer sexo. As moças e rapazes que usam o corpo como fonte de renda fazem amor? Será?Na minha opinião, fazem
sexo, ou melhor, usam o sexo, isto é, suas partes genitais para ganhar a vida. O amor é, como disse no texto, entrega, uniaõ carnal e espiritual. Mas, com a estrutura obtida pelas mulheres depois dos anos 60, elas deixaram de ser usadas, mas estarão usando essa estrutura para se valorizarem ou se depravaram? Liberdade sem freio moral é licenciosidade...
Um abração, quero ler sempre seus textos. Qualquer hora, venha a Jundiaí para conhecer os escritores daqui.

Julia Heimann

30 de agosto de 2012 às 11:39
BlogTiaoGomes disse...

O homem foi feito
para a caça e o combate,
caçando e lutando
a tudo abate.

A mulher imagina,
sonha, ela é mãe
dos deuses.
Ela tem a visão do amor,
tem a asa infinita do desejo,
tem no coração a flor
e nos olhos mil, sonhos, vezes.
Seus olhos baixando
às amorosas flores,
aprende com elas
os filtros de amores.

E o homem, apesar de forte,
sempre sucumbe
aos olhos da mulher.
É a mulher feiticeira,
amorosa e bondosa,
quando e onde estiver.

Simone essa é uma das formas em que vejo a mulher
no livro de minha autoria; "A Mulher Sobre o Homem".

Sebastião Geraldo Ferreira Gomes
Cadeira 01 - Patrono Gustavo Teixeira

31 de agosto de 2012 às 15:19

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