quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Do sentir e das entregas



Na perigosa tentativa de se tentar separar a razão e a emoção, @s pobres mortais se mecanizam. Eliminam as possibilidades que lhe são dadas, otimizando ganhos em perdas, transformando a riqueza das experiências num eterno cassino.

Cansad@s do jogo, se entregam às lamúrias, se vitimizam, terceirizam a culpa, cultivam ódios, num infernal e sutil estado de esquizofrenia. Covardes, querem fugir dos dilemas existenciais, e acreditam que quanto mais conseguirem usar a manipulação para posicionar as pessoas em seus tabuleiros de xadrez, estarão mais bem sucedid@s. Gozam de uma felicidade estéril, de alegrias instantâneas e de uma angústia eterna em busca de um possível eu, que destroem paulatinamente. Tentam se refugir e se defender e se tornam cárceres dos seus emaranhados de artimanhas. Não podem se entregar, pois não são, não existem como entes singulares, mas como mero script a ser reproduzido.

Diante disso, só me cabe errar, pecar, profanar, me derramar ... e assim fiz, faço e farei, em busca de um pleno sentir e de uma existência que realmente valha a pena ...

Eu me entreguei, você me consumiu, mas pouco quis dar, pouco pode dar, e assim pouco sentiu, graças a tudo o que você mesmo armou ...

Ao tentar ser o don@ da situação perdeu a sensibilidade, se é que já teve algum dia ...

É preferível ser enganad@ mil vezes, mas poder sentir o gostinho de sonho para depois provar do fel ... a ser uma estátua de pedra impenetrável e imponente, mas oca por dentro, aparentemente forte, mas extremamente frágil, que se engana e engana ... e nesse jogo de sombras jamais tocará algo ... pois paira sobre a luz e a escuridão a penumbra de um espírito perturbado ...

E ria apostando se eu ia escrever estas letras ... hei de escrevê-las e muitas outras, dos momentos que importam marcar e descartar ...

Não quero ser culpad@ pelo crime de negar um pouco do mel de minha boca à um@ pobre mortal, deus@ que sou, sei que a eternidade vale mais do que qualquer frivolidade humana, do que os poucos momentos que pensam abandonar a servidão em busca de um pouco de prazer ... miseráveis, dignos de pena ... escrav@s de si e dos outros, incapazes de experimentar a pureza da vida ...

Tatyane Estrela é graduanda no Bacharelado em Ciências e Humanidades e no Bacharelado e Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do ABC. Integrante do Grupo de Pesquisa ABC das Diversidades. Atua no projeto de extensão Diversidades em Performances.

0 comentários:

Postar um comentário

Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.