sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um





Caros Leitores,

Nesta sexta-feira, comemoração de uma independência política questionável, não perdendo de vista a importância dessa reflexão convido-lhes também a um mergulho existencial. Acredito que o ser humano precisa viver fora de si e dentro de si... Ser político, no sentido amplo deste termo, e ser existencial na verdadeira necessidade de sua descoberta. Não é possível mudar o mundo, sem antes mudarmos a nós próprios.  Não é possível fazer valer nossas questões e análises da realidade, sem sermos capazes de visualizar nossas dependências mais intimistas, mais nossas...  "Um" é fruto de uma reflexão sobre aquilo que é de todo particular, que é o mais infinito de nós mesmos. Uma descoberta do inseparável. 

Adriano Almeida





Um 
 
Sinto-me só.
Sinto-me sem você...
É como uma viagem sem bússola,
o astrolábio que não existe mais.
Pendo de mim, e um vácuo imenso
desfaz os elos...
Preciso reencontrar os sentidos.
Buscar no mais incompreensível,
a ousadia e a sensatez.
O meu equilíbrio,
e o meu calafrio.
A minha esperança...
O horror, o ódio
e a glória.
O lírio...
e o êxtase.
Não sei mais caminhar sem esse ar intrínseco,
o princípio impregnado.
O começo e o fim,
a síntese dos meus erros,
a resposta da minha humanidade.
O caos,
e a ordem.
O escândalo
e o silêncio.
Seu sorriso, e seu deboche,
sua ironia costumeira.
Seu sinal de certeza.
Sua força e seu suor.
Sua voz e seu fôlego.
Seu arrepio.
O gelo,
O fogo.
Ar, batimentos,
Suspiros ofegantes...
Intensos, 
plenos.
O vital 
e o inexprimível.
Preciso do íntimo,
de não deixar-se ir...
O que sempre esperei estar,
Você,
Eu,
Nós, Um.





Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.

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