sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Poema antes de dormir





Caros Leitores,

Hoje apresento-lhes uma produção que é, em si mesma, uma inquietação. Como o próprio título realça é uma reflexão que sugere uma busca mais intimista das experiências vividas. A ótica da existencialidade sob um mergulho mais substancial, capaz de maiores entregas. Estamos na era da transitoriedade e o texto esboça um questionamento acerca da magnitude desse efêmero, do quão capaz é de realizar os nossos anseios.  Onde residem, de fato, as nossas buscas? Do que depende a alegria? Não estaríamos complexificando demais a simplicidade e extraindo a sua essência mais autêntica? “Poema antes de dormir” é um grito de liberdade, um oásis em meio à ditadura das opressões pós-modernas, é uma carta de alforria.

Adriano de Almeida.


Poema antes de dormir


Deito os pensamentos,
mas o sono não vem...
Sinto um mundo imenso
e um excesso pra jogar no mar...
O ar amanhece pesado
e os dias insuportáveis...
Os pés seguem cansados,
o sorriso abre-se agora tímido.
Caminho pelo deserto...
Encontro os seres,
incertos...
Seus pensamentos governados...
Vejo seus ditadores,
seus homens sagrados...
Suas palavras puras,
seus doces simulacros...
Quero de volta as canções,
quero as músicas e os abraços.
Espero seus olhos sorrindo...
Seus laços, seus passos...
Devolva-me os sonhos.
Deixe-me viver as melodias...
Entregue-me as vozes e as palavras,
para eternizá-las em poesia.
Onde está a liberdade,
que outro dia recitávamos?
Liberte nossos ideais,
nosso mundo sonhado...
E estaremos de novo juntos,
gritando a mesma verdade...
Sepultando as dores,
escrevendo as mesmas inspirações...
Sentindo outra vez o mar e as flores.




  Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.


 

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