sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Planetário


Caros leitores,

Meu encanto pela observação, inúmeras vezes me desconecta do momento das ações e me transporta para outra realidade existencial. Me pego fitando os olhos ao nada, ou em algo que mais ninguém, além de mim mesmo, conseguiria decodificar. Questões absolutamente detalhistas, numa percepção rotineira, costumam me prender a atenção e se fazerem como ponto de partida para reflexões longas e densas. Meus momentos de aparente devaneio ou, ainda, distração, são, na verdade, permeados de intenso existir, de profundo questionamento e, posteriormente, têm resultado em escritos tão mergulhados em si mesmos, quanto o próprio momento em que estas observações se fazem presentes. O texto, forma expressiva que lhes é resultante, não raras vezes encontrará seu sentido exato tão só na mente lúcida de loucuras e inquietações do próprio autor, cabendo a quem venha ler, construir a sua própria interpretação para o emaranhado de palavras dançantes, entregando à elas seus devaneios únicos, suas  viagens pessoais, suas emoções latentes... “Planetário” é uma produção que se expressa nestes termos. Impossível de ser explicada com base em próprios seus fundamentos, os quais sobrevivem num pulsante mundo interior, permite que sua leitura seja construtora de múltiplas interpretações e de múltiplos mergulhos... 

Adriano de Almeida


Planetário


Vejo as retas em curvas, confusas...
Perdidas em passos incertos...
Onde beijo os sorrisos ácidos,
iluminando as canções...
Pra me fazer dormir...


 
Quero ouvir o sono...
Em acordes desiguais...
Perguntando as razões,
do rio e do tempo.


E o mar abraça o caos...
Em poesias frias...
Deixando a noite só,
pra encontrar o dia e a voz.


Buscando os porquês,
em moinhos de vento.
Deixando a noite ir.
Pra deitar o silêncio em sol. 


Volta, devolva as lembranças...
Volta, entregue a calma...
Pra viver estes anos...
Seus risos intensos, únicos.



Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.



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