Poema de Inquietação
Nesta sexta, a inspiração para escrever provém de uma reflexão sobre as ninfas. Tenho mergulhado em pensamentos mitológicos, em busca de condições para entender a beleza e a dor dos dias. As ninfas me representam o espetáculo da vida, a exaltação das possibilidades mais fortes e mais puras, mais verdadeiras e mais sonhadas do humano. Seria quase o mesmo que a exteriorização dos nossos anseios mais latentes e pulsantes. Pensá-las abre um caminho para ver algo além do passível de objetividade, além do concreto. Ninfas são a abstração da realidade, a recriação da vida com seus moldes de utopia, com seu vislumbramento de mudança. Se o homem é feito de sonhos, e deles dependem a entrega e as buscas, o poder da transformação está na experiência do imaginar mais alto que o palpável, no impulso para além do chão, o qual supera os limites, no alcance do infinito.
Adriano de Almeida.
Desconcerta-me sua voz penetrante,
como lâmina na pele.
Me fascina como um vício...
Perturbando meu equilíbrio.
Desejo seus traços perfeitos...
Excita-me seu brilho invasivo.
Ignorando meus conceitos...
Ultrapassando meus limites.
É amedrontador sua certeza,
insuportavelmente delicada...
Lábios e palavras,
monossilábicas...
Delírio ou verdade?
Loucura ou vontade?
A pureza das ninfas,
com a insanidade dos poetas...
Será sempre tal,
como um delírio...
Como um devaneio na noite,
repleta de insônia...
Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.
1 comentários:
Perfeito poema!
3 de dezembro de 2012 às 16:40Postar um comentário
Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.