terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Hoje há ensaio, Sabor Andino, etc e tal

 

Chega o último mês do ano de 2013, vejo alguns frutos gerados, estes que vieram em forma de multiplicação do conhecimento, de parcerias estabelecidas, vivenciadas, aprofundadas... Houve encontros, despedidas... Continuo a contribuir com Revista Contemporartes, definimos o nome da coluna mensal Ecos da Urbanidade, no lugar da coluna do projeto Neblina Sobre Trilhos, deixando-a mais flexível e abrangente. 

Em fevereiro ingressei no mestrado, com o projeto denominado Ciência, trabalho e técnica, investigação sobre o Patrimônio Cultural da Vila de Paranapiacaba, com dedicação exclusiva, me concentro na produção de suas demandas. Dando continuidade a análise do material do projeto Neblina Sobre Trilhos, com participação em exibições, congressos, palestras e a organização do livro com a Profa. Ana Maria Dietrich e apoio da estudante Ana Lee (UFABC).

Aula aberta de Identidade e Cultura na Vila de Paranapiacaba.
Ana Maria, Ana Lee e Soraia.

Hoje, em processo de digestão de muita coisa que marcou... lembro de algo que escrevi em fins de 2012, aproveito para compartilhar aqui:

"Somos determinados a ter a sensação de euforia festiva misturada com o desacelero na entrada do verão tropical. 
Reflexões... fazemos um balanço das conquistas, dos aprendizados, dos obstáculos, dos fracassos...
Delineamos os próximos passos e aos poucos desapegamos de costumes que se tornaram defasados.
Admito que a rotina me entedia.
Mas, continuo enraizada em alguns princípios que só se fortalecem e luto para manter o equilíbrio entre a teoria e a prática.
Me motivei à mudar o eixo de outros enfoques e prioridades que no próximo ano não terão mais sentido efetivo;

Gosto de comemorações e o fim do ano é um ótimo ensejo para festejar.
Ao mesmo tempo, me pergunto: 

   - O que comemoramos?

Será que neste mundo tão desigual existe um real motivo de comemorações? 
Quem afirma que sim não tem um pingo de noção e é muito desumano. Milhões de pessoas sobrevivem neste mundo, muitas outras morrem de subnutrição, hipotermia,  enquanto poucos tem muitos zeros nas suas contas bancárias e passam o tempo pensando no que investir e/ou gastar.
Ora, não deixo de questionar as mazelas do sistema vigente, mas temos que lutar para não nos deprimirmos ou deixar de querer entender as relações sociais - a história.
Neste ano (2012) constatei que na educação o papel transformador se enfraquece na prática, pois culturalmente nossos alunos/estudantes estão acostumado com a educação verticalizada. Os laços hierárquicos/autárquicos continuam a ser pregados e são muito bem recebido pelos nossos jovens doutrinados nesta relação de submissos... E pasmem, caso façamos o contrário, a grande maioria parece mais selvagens do que estudantes! 
A grande massa de alunos não aprendem, apenas decoram os textos e não trocam ideias com o professor que está (ou deveria estar) preparado para transmitir o conhecimento.  
Resíduos culturais do longo período ditatorial ainda permanentes na sociedade brasileira."
(em 2012, atuei como professora no Ensino Fundamental II e Ensino Médio, em escola particular e pública)

É... este ano (2013) voltei a ser estudante, ainda em reflexão produzindo sem 13º salário, sem férias, sob pressão interna e externa. Adelante até no máximo fevereiro de 2015.

Fico contente em poder contribuir com alguns pares e tiveram lançamentos em dezembro de 2013, vamos lá ! Compartilho com vocês aqui parte do resultado de dois camaradas.
Flyer Exposição
Arte: Daniel Camatta e Digo

Primeiramente, o Digo - Rodrigo Silva - me convidou para dialogar a respeito do projeto Residência Artística. Conversamos também sobre o meu projeto de pesquisa no mestrado, ele me pediu textos e imagens, apresentei algumas pessoas, mostrei o material do Neblina... contribuindo para o embasamento de suas inspirações para pintar. 

Sem maiores delongas, compartilho aqui para quem não viu, o texto elaborado, após conversa entre nós (Rodrigo, Soraia e Bob):

A exposição “Hoje Há Ensaio” é resultado da residência artística de Rodrigo Silva realizada na Vila de Paranapiacaba (SP) entre junho e dezembro de 2013, a convite de Regina Silva e Sérgio Chistou (Atelier Cia. da Terra). O título remete à mensagem transmitida pelo telégrafo da Companhia Paulista de Estradas de Ferro como código para o início de uma das primeiras greves operárias paulistas. A paralização, ocorrida entre os dias 15 e 30 de maio de 1906 na cidade de Jundiaí, reuniu mais de três mil ferroviários que, apoiados por suas famílias, tornaram evidente o drama comum vivido pelo proletariado que nascia com o desenvolvimento da malha férrea.

Quadros expostos no Ateliê Cia da Terra.
Vila de Paranapiacaba, 2013
Foto: Soraia OC
A tentativa do artista é desviar o olhar para a construção pintada de um operariado que não quer frequentar a varanda do patrão, registrando na memória coletiva uma coreografia que referencia batalhas de hoje e de amanhã. Sua série busca reparar uma lacuna, repondo a classe operária na disputa pelo sentido de nossa modernidade: uma criação que vem para redimir uma verdade histórica, refazendo o gesto de um passado apagado que manda notícia pela arte em uma utopia estética.



Rodrigo no Atelie Cia da Terra
Fonte: http://atelierciadaterra.blogspot.com.br/


Por isso a Paranapiacaba de Rodrigo não é a vila ferroviária do engenheiro empreendedor, dos ingleses sabidos, do capataz pelego ou da oportunidade de ascensão social, mas a da vanguarda operária anarquista, das mulheres lutadoras em sua dupla jornada e dos negros escravos de aluguel. Representa a totalidade de um processo ao qual a Vila se integra, mas que a transcende. É o sonho entre uma jornada e outra, o esforço para mostrar que aquela revolta dos irmãos e irmãs de 1906 não era empolgação, não era brasa em palha seca, mas participação em algo que é maior e lhes atravessa: a luta de classes durante a modernização das relações de produção. Assim, seus tipos comungam sensações que encontramos no próprio artista: o ensaio de algo que não se sabe bem onde vai dar, mas que está solidamente fundamentado no trabalho persistente.


Exposição "Hoje há ensaio" no Lyra Serrano
Foto: Soraia OC

Entre seus homens estão os antepassados remotos de nossas contradições, a vanguarda operária e seu duplo maldito, o proletariado racista, homofóbico e machista (privilegiado desde aquela época) e que plantava suas sementes debaixo da sombra dos chefetas. Por isso também comparecem a angústia e a revolta de uma classe que é profeta de suas próprias contradições: a tarefa adamítica de ser progenitora de Caim e de Abel. A racionalização do processo produtivo e o aperfeiçoamento da dominação de classes ocasionaram a disciplina, o controle e a distinção social, que se comprovam na arquitetura repressora e na própria divisão topográfica do vilarejo em patamares hierarquizados. O ensaio parte e é consequência disso.
Fora do contexto coletivo em que começou, o artista faz suas telas assumirem uma autonomia relativa e momentânea que suporta dois níveis de expressão: seus tipos em cena e o uso das tintas sem abuso das cores; luta, autonomia e liberdade. Por fim, os dez óleos sobre tela expressam uma unidade técnica que vincula aspectos de tempos, espaços e grupos sociais distintos que são homens e mulheres abrindo, com seu suor e sangue, as veredas de um Brasil moderno, no qual o índio já não tem mais espaço senão na melancolia subjacente de sua ausência."



Fiz uns singelos vídeos das obras na exposição e do relato do artista Digo:






No blog do Ateliê Cia da Terra, tem outros textos e informações a respeito do projeto residência artística, acesse o link:   http://atelierciadaterra.blogspot.com.br/p/1.html

Agradeço o Ribeiro, por ter cedido o espaço Restaurante Tradição dos Pampas para fazermos o evento de confraternização lá. Foi bonito de ver, vários companheiros que direta ou indiretamente somaram com a materialização do trabalho do Digo, gente da gente. 

Confraternização a céu aberto.
Outro lançamento, foi o curta Sabor Andino. Minha amiga, Danila Begio, me contou do seu interesse em aprender audiovisual e que ela havia se inscrito no curso América Latina em Foco: iniciação à criação de documentários (curta metragem), no Memorial. Compartilhou comigo as ideias da equipe de trabalho formada no curso. Quando pude, acompanhei uma das captações, ajudei no registro e orientei o processo de decupagem do material bruto. Por problemas técnicos, a Danila me pediu ajuda para finalização do material, acabamos re-editando todo material, em uma noite fechamos o curta.



Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC
Crianças bolivianas na Feira da Kantuta-SP, alegaram que da Bolívia só sente falta do avó.
Foto: Soraia OC


Sabores Andino, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC

Artesanato, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC

Cartão telefônico internacional, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC
Hola Andina, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC


Crianças pintam, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC

Do individual ao coletivo, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC

Crianças brincam, Feira da Kantuta-SP
Foto: Soraia OC


 O curta está disponível no youtube, para assistir clique em:

Sabor Andino São Paulo

 ou: http://www.youtube.com/watch?v=F3kxGr1qFHQ.


Bom... é isso, preciso voltar aos estudos. 

Valeu pelos acessos e por fortalecerem os nós!!


Boa lida para vocês! 

Até ano que vem,


Soraia Oliveira Costa, bolsista Capes, mestranda em História da Ciência (UFABC), bacharel e licenciada em Ciências Sociais (CUFSA/2009). Utiliza de recursos audiovisuais, fotografia e oralidades desde meados de 2007, quando começou a analisar o cenário urbano, a natureza, o trabalho, as transformações sensíveis, os transportes, o comportamento, a cultura, a arte... Produziu o documentário "Transformação sensível, neblina sobre trilhos" (2012), sobre a vila de Paranapiacaba, feito com incentivo do MEC/SESu, UFABC e apoio do Centro Universitário Santo André.


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