terça-feira, 18 de março de 2014

Neblina Sobre Trilhos: Causos, contos e cliques na Vila ferroviária de Paranapiacaba.


Leitores, olá!
Faz tempo que não falamos por aqui do projeto de pesquisa e extensão Neblina Sobre Trilhos, né? Para tanto, trago boas novidades. O projeto do livro impresso foi entregue ao Programa de Pós-Graduação da UFABC, estamos a espera do retorno para dar andamento as demais atividades, temos o anseio de conseguir lançar ainda neste ano.

Este livro reunirá fotografias e transcrições dos depoimentos coletados nas pesquisas de campo realizadas de 2009 à 2014 pelo grupo Neblina Sobre Trilhos e seus colaboradores. Grupo que lançou o documentário em 2013 para o uso pedagógico multidisciplinar de divulgação do patrimônio histórico e preservação da memória social regional. 
Folhero de divulgação do documentário
Foto: Melina Resende.
Arte gráfica: Eloi P. e Demócrito N.
Texto: Grupo Neblina Sobre Trilhos

Thomas, Marina, André, Soraia e Paulo, 2010.
Foto e arte gráfica: Demócrito Nitão Jr.

Preocupados com os materiais gerados que não entraram no vídeo (pesquisas, acervos, fotografias, transcrições das narrativas, etc.), elaboramos a divulgação da pesquisa em forma impressa, com as entrevistas e ensaios de algumas pessoas que contribuíram com o desenvolvimento do projeto. Pensamos em três capítulos para a estrutura do livro: Artigos, Imagens e Entrevistas.


Obnubilação na Vila Ferroviária, 2013
Foto: Soraia OC


Em relação aos artigos, a composição será dos pesquisadores e colaboradores do projeto. Pretendemos iniciar com o artigo História oral e o documentário Neblina sobre trilhos: métodos e técnicas de pesquisa, da Profa. Dra. Ana Maria Dietrich, na sequência serão publicado os ensaios O "Projeto Neblina” como atividade de extensão da Universidade, do Prof. Mestre Odair de Sá Garcia; minha contribuição denominada Transformação sensível, neblina sobre trilhos?; A linguagem audiovisual e a educação: em busca de um conhecimento sensível, do Prof. Dr. Cláudio L. de Camargo Penteado; Produção do documentário na Vila de Paranapiacaba, como forma de representação do social e patrimonial, Rafael Caitano; Uso de fotografias históricas em documentários Estudo de Caso: Documentário Transformação Sensível, Neblina sobre Trilhos, Fernanda G. Furtado; Arte gráfica do documentário, de Eloi Pisaneschi, Os Roteiros dos Sentidos na Vila de Paranapiacaba e a sensibilização ao patrimônio histórico científico cultural, de Ana Lee. Tem mais outros dois artigos de camaradas que contribuíram muito para a existência deste projeto sendo finalizado e ainda sem título, mas está no pente para ser agregado aos demais em harmonia.


Além dos meus cliques, contaremos com fotografias da Marina Rosmaninho, Demócrito Mangueira Nitão Jr., Melina Resende, Ana Lee e da Prof. Dra. Katia Peixoto dos Santos. Compartilho algumas imagens para aguçar o leitor:

Neblina Sobre Trilhos, 2010
Foto: Demócrito Nitão Jr
E o trabalho, passa a ser controlado pelo tempo, 2010
Foto: Marina Rosmaninho



Vila inglesa em Santo André, 2013
Foto: Ana Lee


A parte das entrevistas contará com as narrativas dos colaboradores do projeto: Manoel Antônio Diniz, Maria Diniz, Dona Francisca, Thomas Fábio Correia, Raphael Martinelli, Luiz Carlos, Aldo do Som, José Carlos, Albério José, Tião da Viola e Fernando de Barros.

Procuramos refletir e difundir o conhecimento da história da ciência com enfoque na técnica, nas relações de trabalho e no patrimônio cultural existentes na Vila da Paranapiacaba, uma vila ferroviária tombada pelo IPHAN como patrimônio industrial e construída no século XIX.  Tais questões são analisadas de forma empírica, tendo como fontes primárias as entrevistas de ferroviários, com destaque nos aspectos de suas relações de trabalho bem como as técnicas para construção e manutenção da ferrovia. As narrativas orais têm grande potencial para promover uma rememoração que traz a tona aspectos não convencionais da história da ciência relacionada à história da ferrovia e do transporte no Brasil, como por exemplo, o sentimento de solidariedade que até hoje se estabelece entre os ferroviários e os causos relacionados ao seu cotidiano na vila. A oralidade e a memória encontram expressões na História da ciência, da técnica e do trabalho criando espaços para expressar vivências esquecidas pela história oficial e pelo chamado “progresso”.



Albério
Foto: Melina Resende

Manoel e Maria Diniz
Foto: Melina Resende

Divido aqui também dois trechos do marcante relato do colaborador Raphael Martinelli, ex-ferroviário, militante arretado e advogado de ex-presos políticos:

"Paranapiacaba, pura, namorada dos deuses, 
o véu, as flores, rica em animais...
Quem foi o criminoso? 
Quem rompeu você pelo meio? 


Foram nós homens que cortamos, 
cortamos matos, matamos os animais, as flores." 


A Maria morta ainda faz Fumaça.
Foto: Soraia OC

"Existe no mundo o que é a estação de Paranapiacaba? 
- Não existe! 
Só que este Brasil não conserva nada... 

Escrombos do patrimônio.


Tenho informação, porque fico especulando, que peças de bronzes foram tiradas das máquinas fixas. Aquilo era um espelho, era a coisa mais bela do mundo. 

Máquina Fixa.

/.../ No Paraná dizem que é um espetáculo a serra de estrada de ferro. 
A gente vê pela televisão e dizem que é um espetáculo até de turismo. 
Paranapiacaba também seria isso, só que não é usado e foi desprezado.
As casas de Paranapiacaba eram feitas pelos ingleses, era considerada a vila dos ingleses. 
São casarões de três, dois cômodos, cozinha e tudo. 
Feitas com madeirão refratada, cozinha de carvão com fogões à lenha." 

Este trecho extraído da narrativa do Martinelli representa um pouco material que temos em mãos e queremos tirar das gavetas, dos meios digitais... estamos na luta para publicar material para colocar nas prateleiras das bibliotecas, nas associações de preservação e nos locais de uso público.

Esperamos com vigor, em breve ter outras novidades a respeito (!) e enquanto ela não vem, seguimos ajeitando as coisas para dar tudo certo no trajeto trilhado e não perder os preciosos documentos gerados neste convívio com a Vila ferroviária e os sete anos de pesquisa sobre a história regional, a transformação sensível e a urbanização do espaço.

Me esforcei para transmitir aos interessados a importância deste livro, bem como a estrutura elaborada, mas qualquer coisa que queiram pontuar ou agregar, por favor, me escrevam! A participação de todos é de suma relevância para nós! 


Inclusive, aproveito para agradecer todos que somam nesta jornada, tornando esta tarefa que não é nada simples, nem fácil, mais prazerosa e fluída... 


Forte abraço e até mais!



Soraia Oliveira Costa, bolsista Capes, mestranda em História da Ciência (UFABC), bacharel e licenciada em Ciências Sociais (CUFSA/2009). Pesquisadora que utiliza de recursos audiovisuais, da fotografia e das oralidades para fazer análises do cotidiano, da transformação sensível, do cenário urbano, da natureza, do trabalho, dos transportes, do comportamento, da cultura e das manifestações artísticas. Produziu o documentário "Transformação sensível, neblina sobre trilhos", que trata sobre a vila de Paranapiacaba, com apoio de várias pessoas, do MEC/SESu, da UFABC e do Centro Universitário Santo André.




4 comentários:

Ana Dietrich disse...

Parabéns a todos nós... pelo esforço em manter vivo tão precioso patrimônio!

20 de março de 2014 às 14:47
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

¨A Maria morta ainda faz fumaça¨ . Pode estar morta, mais viva na mente do povoado. E se for ressuscitada trará novos risos e benefícios...Parabéns pelo trabalho.

29 de março de 2014 às 10:58
Soraia O Costa disse...

Graças ao trabalho coletivo dos envolvidos temos perspectivas da continuidade do projeto.

Agradeço todo apoio!

1 de abril de 2014 às 20:58

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