INCISÕES URBANAS DE ALEXANDRE FARTO
“Beauty is but
skin deep, ugly lies the bone; beauty dies and fades away, but ugly holds its own”. ( (Atribuido ao
poeta inglês, John Davies de Hereford,1616)
Está em cartaz
na CAIXA Cultural de Curitiba a mostra “Incisão”, de Alexandre Farto, mais
conhecido como Vhils, até o dia 11 de maio de 2014. O artista português criado
no subúrbio industrial do Seixal iniciou sua trajetória pelo grafite, no começo
da década de 2000, e foi influenciado pelas transformações causadas pelo
intenso desenvolvimento urbano que Portugal sofreu nas décadas de 80 e 90.
Nesta mostra,
Vhils utiliza uma técnica própria, a escavação, para criar uma instalação em
grande escala, construída dentro do espaço expositivo, com elementos de madeira
recolhidos do espaço urbano que formarão uma espécie de cidade habitada por
personagens inspirados em figuras reais de Curitiba – identificadas pelo
artista a partir da observação do espaço urbano.
Utilizando essa
técnica que ele desenvolveu, a escavação, criou uma instalação em grande escala
construída dentro do espaço expositivo. Para isso, desde o dia 6 de março deste
ano, Vhils se instalou na capital paranaense a fim de produzir intervenções
urbanas, selecionando elementos de madeira que foram submetidos a uma técnica
abrasiva e ‘destrutiva’ que desenvolveu há alguns anos.
O material
reciclado tornou-se a base para a construção de uma cidade simbólica, formada
por várias camadas e habitada por rostos inspirados em pessoas que o artista conheceu em suas perambulações por Curitiba, apresentando ao público uma
reflexão sobre a interação entre comunidades humanas, o espaço urbano e o
modelo de desenvolvimento contemporâneo.
“A instalação
que compõe Incisão partilha com o espectador um olhar cúmplice e
incisivo sobre questões que têm sido recorrentes e transversais ao trabalho de
Alexandre Farto, como as noções de identidade individual e coletiva,
urbanidade, desenvolvimento, consumismo, desperdício e a importância destas no
decurso da narrativa humana”, segundo escreveu Miguel Moore no catálogo da
mostra.
Vhils vem
desenvolvendo a sua “estética do vandalismo”, em que utiliza como técnica o
desbaste, o corte e a subtração, nos mais diversos suportes – da pintura stencil à escavação de paredes, de explosões pirotécnicas à modelação
3D – expandindo os limites da expressão visual. Em 2012, ele e sua equipe
passaram um mês na favela da Providência, a mais antiga do Rio de janeiro,
moldando retratos de pessoas que haviam sido despejadas no que restou de suas
casas.
O artista:
Alexandre Farto,
nasceu em 1987, e interage visualmente com o meio urbano sob o nome de Vhils desde
que se iniciou no grafite, começando a
trabalhar com a técnica de stencil e suportes não
convencionais por volta de 2004, assim como a expor o seu trabalho com o
coletivo VSP. Em 2006, juntou-se à Vera Cortês Agência de Arte, que
possibilitou sua participação em várias exposições coletivas.
Realizou sua
primeira exposição individual no início de 2008. Mudou-se para Londres em 2007
para estudar na University of the Arts. Em 2008, participou do Cans Festival,
em Londres, exibindo a técnica de escavação – que forma a base da série
“Scratching the Surface”, iniciada no ano anterior.
Desde essa
época vem mostrando suas experimentações em diversas cidades do mundo como
Moscou, Buenos Aires, Shangai, Lisboa, Sydney, Paris e Filadélfia. Trabalha
atualmente com a Lazarides Gallery (Reino Unido), Vera Cortês Agência de Arte
(Portugal) e Magda Danysz Gallery (França e China).
Para conhecer
mais sobre o artista e sua obra:
Foto: Inge Morath (1961) |
Izabel Liviski é fotógrafa professora. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pesquisa História da Arte, Literatura e Artes Visuais. Edita a coluna INCONTROS quinzenalmente desde 2009, é também co-editora da Revista.
(Contato: izabel.liviski@gmail.com)
ContemporARTES - Revista de Difusão Cultural, revista interdisciplinar mensal com Qualis Capes B3 em Ensino, registro sob nº ISSN 2177- 4404.
2 comentários:
Novamente uma escolha primorosa. Parabéns.
30 de abril de 2014 às 13:55Obrigada, Pucci.
7 de maio de 2014 às 12:48Sempre atento às publicações da revista, e da coluna INCONTROS.
Abraço grande.
Postar um comentário
Seja educado. Comentários de teor ofensivo serão deletados.