quarta-feira, 30 de abril de 2014

INCISÕES URBANAS DE ALEXANDRE FARTO




“Beauty is but skin deep, ugly lies the bone; beauty dies and fades away, but ugly holds its own”. ((Atribuido ao poeta inglês, John Davies de Hereford,1616)

Está em cartaz na CAIXA Cultural de Curitiba a mostra “Incisão”, de Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils, até o dia 11 de maio de 2014. O artista português criado no subúrbio industrial do Seixal iniciou sua trajetória pelo grafite, no começo da década de 2000, e foi influenciado pelas transformações causadas pelo intenso desenvolvimento urbano que Portugal sofreu nas décadas de 80 e 90. 


Nesta mostra, Vhils utiliza uma técnica própria, a escavação, para criar uma instalação em grande escala, construída dentro do espaço expositivo, com elementos de madeira recolhidos do espaço urbano que formarão uma espécie de cidade habitada por personagens inspirados em figuras reais de Curitiba – identificadas pelo artista a partir da observação do espaço urbano.



Utilizando essa técnica que ele desenvolveu, a escavação, criou uma instalação em grande escala construída dentro do espaço expositivo. Para isso, desde o dia 6 de março deste ano, Vhils se instalou na capital paranaense a fim de produzir intervenções urbanas, selecionando elementos de madeira que foram submetidos a uma técnica abrasiva e ‘destrutiva’ que desenvolveu há alguns anos. 


O material reciclado tornou-se a base para a construção de uma cidade simbólica, formada por várias camadas e habitada por rostos inspirados em pessoas que o artista conheceu em suas perambulações por Curitiba, apresentando ao público uma reflexão sobre a interação entre comunidades humanas, o espaço urbano e o modelo de desenvolvimento contemporâneo.


“A instalação que compõe Incisão partilha com o espectador um olhar cúmplice e incisivo sobre questões que têm sido recorrentes e transversais ao trabalho de Alexandre Farto, como as noções de identidade individual e coletiva, urbanidade, desenvolvimento, consumismo, desperdício e a importância destas no decurso da narrativa humana”, segundo escreveu Miguel Moore no catálogo da mostra.


Vhils vem desenvolvendo a sua “estética do vandalismo”, em que utiliza como técnica o desbaste, o corte e a subtração, nos mais diversos suportes – da pintura stencil à escavação de paredes, de explosões pirotécnicas à modelação 3D – expandindo os limites da expressão visual. Em 2012, ele e sua equipe passaram um mês na favela da Providência, a mais antiga do Rio de janeiro, moldando retratos de pessoas que haviam sido despejadas no que restou de suas casas.


O artista:
Alexandre Farto, nasceu em 1987, e interage visualmente com o meio urbano sob o nome de Vhils desde que se iniciou no grafite, começando a trabalhar com a técnica de stencil e suportes não convencionais por volta de 2004, assim como a expor o seu trabalho com o coletivo VSP.  Em 2006, juntou-se à Vera Cortês Agência de Arte, que possibilitou sua participação em várias exposições coletivas.


Realizou sua primeira exposição individual no início de 2008. Mudou-se para Londres em 2007 para estudar na University of the Arts. Em 2008, participou do Cans Festival, em Londres, exibindo a técnica de escavação – que forma a base da série “Scratching the Surface”, iniciada no ano anterior. 


Desde essa época vem mostrando suas experimentações em diversas cidades do mundo como Moscou, Buenos Aires, Shangai, Lisboa, Sydney, Paris e Filadélfia. Trabalha atualmente com a Lazarides Gallery (Reino Unido), Vera Cortês Agência de Arte (Portugal) e Magda Danysz Gallery (França e China).


Para conhecer mais sobre o artista e sua obra: 


 Foto: Inge Morath (1961)

Izabel Liviski é fotógrafa professora. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pesquisa História da Arte, Literatura e Artes Visuais. Edita a coluna INCONTROS quinzenalmente desde 2009, é também co-editora da Revista.

(Contato: izabel.liviski@gmail.com)

ContemporARTES - Revista de Difusão Cultural, revista interdisciplinar mensal com Qualis Capes B3​ em ​Ensino​, registro sob nº ISSN 2177- 4404.










2 comentários:

Francisco Cezar de Luca Pucci disse...

Novamente uma escolha primorosa. Parabéns.

30 de abril de 2014 às 13:55
Incontros- foto&texto disse...

Obrigada, Pucci.
Sempre atento às publicações da revista, e da coluna INCONTROS.
Abraço grande.

7 de maio de 2014 às 12:48

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