DESLOCAÇÃO: A CRISE DE IDENTIDADE, POR MÁRCIO VASCONCELOS
"A identidade somente se torna urna questão
quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é
deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza" (Kobena Mercer, 1990).
Para o teórico Stuart Hall, o deslocamento ou deslocação se dá simultaneamente no plano social e no plano do sujeito, e poderíamos sugerir, também relacionado ao plano geográfico. Segundo ele, “as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.”
Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento—descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos — constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo.
O fotógrafo maranhense Marcio Vasconcelos criou e capturou com suas lentes a ideia desse processo migratório, trazendo uma metáfora para a perda de identidade dos sujeitos, em seu ensaio Deslocação, que apresentamos nesta edição da coluna Incontros. Quem melhor o define é o antropólogo e escritor Bruno Azevêdo:
Para o teórico Stuart Hall, o deslocamento ou deslocação se dá simultaneamente no plano social e no plano do sujeito, e poderíamos sugerir, também relacionado ao plano geográfico. Segundo ele, “as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.”
A assim chamada "crise de
identidade" é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que
está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e
abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem
estável no mundo social.
Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento—descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos — constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo.
O fotógrafo maranhense Marcio Vasconcelos criou e capturou com suas lentes a ideia desse processo migratório, trazendo uma metáfora para a perda de identidade dos sujeitos, em seu ensaio Deslocação, que apresentamos nesta edição da coluna Incontros. Quem melhor o define é o antropólogo e escritor Bruno Azevêdo:
Contudo, ao encará-las atentamente, e ao ser encarados por elas, não deixamos de enxergar um espelho quebrado; pois se não há muita chance de nos depararmos com os quasímodos da imaginação, somos constantemente encarados, e encaramos, figuras humanas tão bestializadas por sua condição entre os demais seres humanos que nelas sobrepõe-se à imagem do mal, que é ativo, a do desespero, que é estático.
É
a naturalização do convívio com esses bestializados que Márcio Vasconcelos
busca enfrentar com esta série de fotografias. O gado é talvez a metáfora mais
poderosa para esse tipo de gente que se vê completamente dissociada de sua
humanidade, de suas identidades, locais de nascença e memória, em troca de
promessas de menos azar na cidade.” (Bruno Azevêdo)
Márcio Vasconcelos, fotógrafo profissional autodidata e independente
há mais de 20 anos e há quase uma década vem se dedicando a registrar as
manifestações da Cultura Popular e Religiosa dos afro-descendentes no Estado do
Maranhão dentre outros trabalhos autorais.
Autor
do projeto Nagon Abioton – Um Estudo
Fotográfico e Histórico sobre a Casa
de Nagô, aprovado na Lei Rouanet e no Programa Petrobras Cultural/2009,
editado na forma de livro sobre um dos terreiros mais antigos do Tambor de Mina
no Maranhão.
Vencedor do 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras/2010
(Fundação Cultural Palmares/Petrobras) com o projeto Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão. Exposição Fotográfica que
mostra as semelhanças entre Sacerdotes de culto a voduns na África e no Brasil.
Selecionado para leitura de portfólios no Trasatlantica/PhotoEspaña 2012
com o projeto Zeladores de Voduns do
Benin ao Maranhão.
Vencedor do XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia com o projeto Na Trilha do Cangaço – Um Ensaio pelo
Sertão que Lampião pisou.
Finalista do Prêmio Conrado Wessel 2011
com o projeto Na Trilha do Cangaço – Um
Ensaio pelo Sertão que Lampião pisou.
Menção Honrosa no Concurso de fotografias do Centro Regional de Salvaguarda do Patrimônio
Cultural Imaterial da América Latina 2012 - CRESPIAL, com o Trabalho “Tambor de Mina”.
Selecionado para leitura de portfólios em Santo Domingo – República
Dominicana, no Trasatlantica/PhotoEspaña 2012, com o projeto Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão, além de outras premiações.
Referências:
A
identidade cultural na pós-modernidade, DP&A Editora, 11ª edição, 2006: Rio
de Janeiro.
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Izabel
Liviski, é fotógrafa e doutora em Sociologia pela UFPR. Pesquisa História da
Arte, Literatura e Artes Visuais. Escreve na revista ContemporArtes desde 2009,
editando a coluna INCONTROS
quinzenalmente, é também co-editora da Revista ContemporArtes.
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