Imagens de Sampa
Após quase um mês em terras tupiniquins
visitando a família, os amigos e matando as saudades do tempero brasileiro, cá
estou eu de volta “em casa”. Aproveitei este tempinho para descansar e passear,
colocando em dia as coisas da terrinha (i.e. cinema, livrarias, bares, praia
etc..), mas também aproveitei para tirar muitas fotos! Essa foi a quinta vez
que voltei ao Brasil em férias desde que cheguei ao Japão em março de 2010
(sim, haja $$$...), nas outras vezes tirei fotos, mas foram poucas e de forma
esporádica. Desta vez, praticamente sai para fotografar quase todos os dias,
principalmente na região da av. Paulista e do centro velho. Carregava minha
pequena Fuji X10 para onde eu ia, sem medos ou receios. Aliás, esse foi um dos
vários costumes herdados do modus vivendi nipônico.
Andava
para cima e para baixo nas desniveladas ruas paulistanas, clicando e disparando
o flash da minha câmera sem muitos pudores ou temores (outra herança da minha
vivência nipônica). Tirei mais de 1500 fotos, boa parte snapshots do cotidiano
da paulicéia desvairada. Só tive tempo de ver os resultados aqui em Osaka,
quando baixei as fotos no computador e dei uma olhada mais cuidadosa para ver o
que se poderia “salvar” no quesito fotografia de rua e candid. O interessante, ao olhar atentamente para as fotos, foi
comparar desde o momento da abordagem dos meus “alvos” pelas ruas paulistanas
até a reação (ou não) dos mesmos. Posso dizer que os brasileiros reagem de
forma completamente diferente aos japoneses quando tem uma câmera, mesmo que
não diretamente, apontada para si por um estranho. A maioria dos japoneses
ignora quase que completamente essa atitude, muitos absortos em seu mundo
particular, seja no celular, em joguinhos eletrônicos, lendo, comendo ou se
maquiando, geralmente eu “passo batido” pelas minhas vítimas. Para ser sincero,
acho que o que chama mais a atenção dos transeuntes é a minha cara de
estrangeiro do que propriamente a minha pequena câmera sendo apontada para o
sujeito. Algumas vezes recebo um sorrisinho ou um olhar surpreso, nada além
disso. Já no Brasil, grosso modo, duas reações foram quase imediatas: um olhar
meio curioso/ressabiado que imediatamente se transforma em verbalização com a
pergunta: “Você é repórter? É para TV? É para o jornal? Ok.”. A outra reação, não
tão gentil assim, também é verbal: “Que isso, meu? Pode apagar!”. Apago, sem
maiores problemas. Houve até um caso de um pedinte (eu não tirei a foto dele!)
que achou que eu o estava fotografando e me parou em uma banca de jornais na
av. Paulista e me disse: “Meu filho, se eu recebesse um real por foto que tiram
de mim, eu não estaria nesta condição...”.
No
Japão, em três anos fazendo a mesma coisa, fatos como este NUNCA aconteceram
comigo. Culturas dferentes, formas de aproximação e distanciamento também.
Essas situações fazem parte deste ramo da
Fotografia, a fotografia de rua que ainda (infelizmente) é algo pouco praticado
no Brasil. Mas há aqueles (“alvos”) que nem percebem que estão sendo
fotografados, fazendo a alegria deste aspirante a Cartier-Bresson.:)) Aqui vão
algumas fotos “não percebidas” (i.e. Candid) que tirei nesta minha última
visita. Um abraço!
Elvis Presley paulistano (Av. Paulista).
Pausa para um cigarrinho (Rua Oscar Freire).
Esperando... (Estação Pinheiros CPTM).
A alegria do povo (Rua Sete de abril).
Oops... (Rua Oscar Freire).
Amizade (Estação Osasco CPTM).
Fim de tarde (Av. Paulista).
"Esperando Godot"(Estação Antônio Dias CPTM).
Todas imagens publicadas na coluna possuem direitos autorais Copyright ©2014AkitiDezem
Rogerio Akiti Dezem é professor visitante de língua portuguesa e cultura brasileira da Universidade de Osaka, no Japão. Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Matizes do Amarelo - A gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil (Humanitas, 2005) entre outros livros. Além da História sua grande paixão é a Fotografia (http://akitidezemphotowalker.zenfolio.com/).
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