terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Homofobia também não é nossa praia.


Fomos à 15º Retrospectiva do Cinema Brasileiro, no Cinesesc que exibe neste mês (dezembro/2014) 40 longas-metragens que estiveram em cartaz em fins de 2013 até outubro de 2014 e assisti o filme Praia do Futuro, conhecido como a primeira co-produção entre Brasil e Berlim. Este filme, no geral, trata de um relacionamento homossexual entre homens. 

Nele o ator brasileiro Wagner Moura é bombeiro, salva-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza-CE. O mar desta praia é perigoso e, no filme, dois turistas se afogam. Um deles não é encontrado e o outro, é salvo. O bombeiro que não conseguiu salvar a vida de um deles acaba se relacionando com a pessoa resgatada. Vai visitá-lo na Alemanha, consegue um trabalho e opta também em apagar seu passado para viver a relação. Então, ele "foge" para a Alemanha… abandona seu ofício, o irmão, que o considerava como ídolo e sua mãe, que vem a falecer sem notícias sólidas suas. Após a perda da mãe, seu irmão vai para a Alemanha e o re-encontra.

Trailer, Praia do Futuro. (dir. Karim Ainouz, 2014):


O enredo do filme incita a questão de ter a coragem (ou medo) de seguir os nossos desejos e assumir a relação homossexual diante dos ditames e padrões sociais/culturais, como por exemplo, de o  salva-vidas representar um "super herói" para seu irmão. Tomou a decisão de seguir seus desejos e as mudanças radicais que escolheu na vida, o motivou ao distanciamento de sua família.

Cena "Aline",  Praia do Futuro. (dir. Karim Ainouz, 2014):


A página no Facebook de "Praia do Futuro" condena a homofonia e lança uma campanha:

"Discriminação, intolerância, preconceito e ódio são coisas que devem ficar no passado."

#HomofobiaNãoÉANossaPraia

Em falar de homossexualismo, trago nesta matéria a reflexão acerca de duas faixas e compositoras/cantoras "trans":

Carol Vieira, conhecida como MC Xuxú, questiona a homofobia e escreve a música "Desabafo":




"Com tanta coisa pra se preocupar,
Tem gente perdendo o tempo querendo cuidar
E mandar na minha vida….

Te vejo como um ser humano
Enquanto voce me vê comò nada…

Não precisa me aceitar 
Apenas te peço para me respeitar

Se voce parar pra pensar vai ver
Que eu tô certa eu dandy o que é meu…

Não vim buscar côa apenas sua compreensão
Tenho orgulho de ser quem eu sou
E tu tem que aceitar somos todos irmãos. 

Não vim buscar côa apenas sua compreensão
E quem entendeu o desabafo 
Então fecha comigo e levanta a mão…"

Garota X, canta "Assumida":


A letra de "Assumida" mostra os desejos da artista quando criança de "brincar de boneca, fazer comida e pular amarelinha", enrolava a sua sunga para "ficar igual calcinha". Relata ter assumido para sua mãe que ela queria é ser mulher e mãe respondeu "fazer o que, né?", ao falou para seu pai, agora sou "sua filha" e ele gostou. A mãe resolveu contar para toda a família... mas, sabemos que muitas vezes a trajetória não é simples, nem tão aceita.

Numa matéria que encontrei na internet, Julyanna Barbosa diz que inicialmente a Garota X era uma personagem e em seu cotidiano "era um menino com maria-chiquinhas". Depois as pessoas começaram a te reconhecer nas ruas e resolveu tomar hormônios. Caberia aqui um aprofundamento a respeito de padrões culturais de ser mulher ou homem e ao ato de brincar com bonecas, cozinhar e usar decotes. 
Mas, voltaremos em tal discussão noutro momento.

A luta contra a homofobia é também diária!!

Um beijo pras travestis, lacraias e à quem entrincheira com a gente!

Soraia Oliveira Costa, mestranda em História da Ciência pela UFABC e graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA). Trabalha com audiovisual e oralidades desde meados de 2007, quando começou a analisar  as transformações sensíveis, em especial o cenário urbano, a natureza, o trabalho, os transportes, o comportamento, a cultura, a arte...Diretora do documentário"Transformação sensível, neblina sobre trilhos", sobre a vila de Paranapiacaba, feito com incentivo do MEC/SESu, UFABC e FSA.


2 comentários:

Ana Dietrich disse...

excelente! viva a diversidade!

23 de dezembro de 2014 às 14:17
Soraia O Costa disse...

Ana, a Maria Rita ficou linda também com a roupa azul...

Fiquei contente que gostou e, sobretudo, que ela tem usado. :)

23 de dezembro de 2014 às 17:26

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