Sayonara...
Nesta minha última coluna, gostaria primeiramente de
agradecer a amiga de longa data Ana Dietrich e aos dois “novos” amigos Izabel
Liviski e Rodrigo Machado, pela grande oportunidade de poder escrever sobre
minhas impressões do Japão na coluna “GirassolGiramundo”. Agradeço também
aqueles que acompanharam a coluna ou “só deram aquela passadinha”. Mina san, domou arigatou gozaimashita!
Por motivo única e exclusivamente de tempo,
infelizmente terei de abandonar a coluna, sinto muito, pois era um desafio para
mim destilar em palavras o meu universo nipônico. Mesmo morando aqui há mais de
quatro anos - lembrem-se: é impossível “virar japonês”- sempre senti
dificuldades em traduzir o que vejo e sinto diariamente em prosa ou
poesia...Talvez minhas fotografias de rua sejam a melhor forma para demonstrar
o “meu Japão”.
Ao longo de pouco mais de um ano, escrevi sobre os
mais diferentes temas, numa tentativa de dar um “gostinho” do Japão aos
leitores que estão aí, do outro lado do mundo. Não sei se consegui, mas cada
vez (e não foram poucas...) que releio as colunas tenha a sensação de dever
cumprido, ao menos ao que me propus desde o início. Claro que muitas coisas
ficaram de lado, não foram compartilhadas e vão se tornando memórias...
Algo que nunca comentei, foi que a minha grande interlocutora sobre as
“cousas nipônicas” por aqui é a minha esposa, apesar de mais divergimos em
nossas impressões do que concordamos... Um fato interessante é que ela é sansei (terceira geração), mas não fala
japonês. Isso em certos momentos causava estranheza por parte de alguns
japoneses, irritação por parte da minha esposa e diversão para mim...Para
muitos japoneses o fato de você ter a “cara” (ou sangue japonês) lhe habilita, a priori, a falar e entender a língua de
Kawabata. Apesar destas situações lost in
translation vivenciadas, depois de algum tempo aprendemos a sentir, ou
melhor, intuir muitas coisas do modus
vivendi nipônico. Criar uma rotina por aqui foi fácil, simples. Talvez seja
essa rotina – e não alienação - o
principal fator que nos faz, a cada dia, intensificar antigas descobertas e
impressões, decodificadas às vezes com dificuldade e vagarosamente, outrora intuitivamente
e de maneira instantânea. O fato é que o Japão, não só para mim, mas também
para minha esposa, nos possibilita refletir sobre, não só a razão de estarmos
aqui, mas sobre como a realidade vivenciada por nós aqui assumiu diversas
facetas ao longo desse anos. E isto ainda é um processo longo (e lento) que
espero um dia voltar a compartilhar com vocês!
Sayonara...
Rogerio Akiti Dezem é professor visitante de língua portuguesa e cultura brasileira da Universidade de Osaka, no Japão. Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Matizes do Amarelo - A gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil (Humanitas, 2005) entre outros livros. Além da História sua grande paixão é a Fotografia (http://akitidezemphotowalker.zenfolio.com/).
3 comentários:
Rogério,
19 de dezembro de 2014 às 13:21fico feliz que tenha vindo, estado conosco para nossos cafés artísticos, trocado palavras, poemas em forma de fotografias, experiências do outro lado do mundo.
A hora de ir embora é triste, mas o fruto de seu trabalho estará sempre registrado nas nossas edições.
Agradecemos muito muito as horas agradáveis junto a tão ético, honesto, inteligente e sobretudo criativo artista-pesquisador.
Cremos que o Girassol Giramundo continuará, porém agora, vindo de outra parte do planeta, de Berlim, de onde a brasileira Ana Valéria Celestino, nossa parecerista da Contemporâneos, e que mora lá há mais de 10 anos, escreverá. Sua experiência Rogério foi muito rica nesse sentido... trouxe um leque de novas possibilidades para a revista.
Rogério,
23 de dezembro de 2014 às 00:40Acho que vc 'traduziu' muito bem o Japão, adorei ler suas matérias, ver suas fotos. Apareça de vez em quando, estaremos por aqui, sucesso! abraço grande, Bel.
Queridas!!!! Feliz 2015!!! E muitissimo obrigado pela oportunidade unica! Grande beijo e ate mais!!!!
7 de janeiro de 2015 às 10:11Postar um comentário
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