A GRAVURA: Arte democrática e disciplinadora
Xilogravuras do século XVI ilustrando a produção da xilogravura Anônimo |
improvisado ou deixado ao acaso.
Anônimo |
Essa característica é que a define como Arte Maior. Parece que, no ato de arranhar, escavar, corroer, entintar,
prensar, manipular o material de todos os modos, no envolvimento total, o
artista está, de fato, burilando a própria personalidade. É gratificante
retirar o papel da prensa, num gesto final, e constatar que todo o esforço e suor
deram resultado. A imagem aparece ali no papel, nas cores e formas que você
imaginou. É frustrante, porém, quando se percebe que houve falhas, ou que nada
deu certo, mas isso não é motivo de desânimo. Ao contrário, deve estimular,
pois o erro ficou registrado na matriz ou em alguma das etapas. O artista,
então, arregaça as mangas e parte para a reabilitação do trabalho, e o
aprendizado continua. Na gravura, até o erro tem valor significativo.
Moinho de papel de Stromer, Nuremberg xilogravura, c. 1390 Anônimo |
No desenho ou na pintura, por exemplo, a imagem que se mentaliza vai aparecer no papel exatamente como foi idealizada, teoricamente, é claro. A gravura é um procedimento indireto, feito por etapas, e o resultado aparece invertido no papel. Deve ser por isso que não há gravadores de fim de semana. Somente a dedicação e a persistência podem fazer um bom gravador. O nível e a qualidade artística da gravura repousam solidamente sobre sua base artesanal.
Comentários sobre o Sutra Diamante xilogravura, c. 1340 Anônimo |
Desde o surgimento
da ideia de produzir estampas populares a preços acessíveis, na China antiga e
depois no Japão, a gravura continua a ser a única técnica capaz de permitir que
o original (matriz) seja reproduzido várias vezes e continue a ser um original (assinado e datado pelo próprio artista), chegando assim a diversos lugares e pessoas. Arte democrática por excelência, permite o acesso a
obras artísticas mesmo àqueles que não têm condições financeiras de comprar uma
pintura ou escultura de artistas famosos. Por tudo isso, a gravura a cada dia se torna mais popular em nossos dias.
Tauromaquia II xilogravura, 2008 Thelmo Olisar |
Thelmo Olisar, natural de Porto União-SC, é graduado em Letras, bacharel em Gravura pela EMBAP e pós-graduado em Arte-Educação. Foi ilustrador gráfico e revisor de textos do Departamento de Ensino da SME de Curitiba-PR. Como artista plástico, participou de coletivas, individuais e salões, com premiações. Como professor, atuou em colégios particulares de Curitiba e S. Paulo e na rede pública estadual do Paraná e da Prefeitura Municipal de Curitiba-PR. Foi revisor do jornal O Estado de S. Paulo e redator do BCN-SP. Atualmente, desempenha funções de consultor gramatical do serviço de Telegramática, da Prefeitura Municipal de Curitiba-PR.
5 comentários:
Seja bem vindo à revista Thelmo, e parabéns pela sua primeira coluna, está um primor!
10 de março de 2015 às 10:22Abraço,
Izabel Liviski
Parabéns pela estréia na Art&Fato! Vida longa na revista!
10 de março de 2015 às 14:53Bjo
Vanisse Simone
Um texto claro, didático e, ao mesmo tempo, delicioso de ler. Parabéns, Thelmo!
12 de março de 2015 às 08:27Thelmo, esqueci de assinar! Beatriz Cruz.
12 de março de 2015 às 08:29Da-lhe Telmo!! Continuidade eh uma das marcas do gravador!
31 de dezembro de 2016 às 16:30Postar um comentário
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