Quase-amor...
Hoje quero falar, por meio de um texto
poético, de um sentimento que todas nós mulheres, já tivemos, aquela
paixão louca, que não acontece, mas fica latente, pronta a nos assaltar. É
aquele amor, que por qualquer motivo não se realiza, mas está ali, só esperando
o momento certo para despertar. É o que chamo de quase-amor...
Eu acredito que a vida
vale a pena. E alguns momentos, ainda que breves, fazem o coração bater mais
forte. São eles que fazem a vida única.
Foi como quando ele, delicadamente,
pousou a mão em meu ombro e apertou, de leve, como se dissesse: Estou aqui. Eu,
por vergonha ou timidez, não havia olhado em seu rosto. Mas ele veio por trás,
silencioso como um gato, e pousou a mão-pata macia em meu ombro; e com tanta
intimidade que me fez corar. Porque aquilo era o gesto de um homem que tinha
desejo, e então eu pensei em gritar de alegria. Porque como sempre, quase não
nos falávamos, porque não precisávamos, já que nos entendíamos com poucas
palavras, quase telepaticamente. E o toque dele, em meu ombro com aquela
intimidade física que não possuíamos, bastou para eu entender que ele também me
desejava. Era recíproco...
E por isso a vontade de gritar feito doida e mais do
que isso, sair pulando de alegria e gozo. Porque ele também me queria. Ao invés
disso, olhei para baixo, corada, os lábios apertados segurando a gargalhada
animal de prazer e glória. Não olhei para ele, que após me tocar, voltou ao seu
lugar na mesa e sentou-se.
Ele olhou para mim com seus olhos enormes e sorriu de leve, quase imperceptivelmente.
Sorriso que só eu percebi. Sim, ele sabia que eu tinha entendido.
Depois disso,
eu como sempre, viveria dias e dias só com essa lembrança, o que me faria feliz,
por uns tempos, até que eu o encontrasse novamente e novamente, como num ciclo
que não se esgota, aconteceria algo que me energizaria loucamente, que me
surpreenderia e me faria de novo uma mulher feliz. Assim era como vivívamos, eu
e ele, nesse estado de quase-amor...
Vanisse Simone Alves Corrêa é doutoranda em Educação pela UFPR e co-editora da Revista Contemporartes. Ela acredita que todo tipo de amor vale a pena, mesmo aquele que não acontece...
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