sábado, 9 de maio de 2015

O arquétipo da Mãe







Os arquétipos são fundamentais para se compreender os valores, crenças e atitudes de determinados grupos sociais. Para a humanidade, o arquétipo da figura materna é um dos mais poderosos. Silva (2012), esclarece a partir de Jung:


Arquétipo é descrito pelo psicólogo Carl Gustav Jung como um conjunto de imagens psíquicas presentes no inconsciente coletivo que seria a parte mais profunda do inconsciente humano. Os arquétipos são herdados geneticamente dos ancestrais de um grupo de civilização, etnia ou povo. Os arquétipos não são memórias coesas e "palpáveis" no contexto ou definição clássica de memória, mas são o conjunto de informações inconscientes que motivam o ser humano a acreditar ou dar crédito a determinados tipos de comportamento. os arquétipos correspondem ao conjunto de crenças e valores comportamentais básicos do ser humano. podem se manifestar nas crenças religiosas, mitológicas ou no comportamento inconsciente do indivíduo (SILVA, 2012, p.1).

Estando gravados no inconsciente coletivo, os arquétipos podem movimentar atitudes, produzir cultura, inspirar artistas e promover mudanças na sociedade.
Em relação ao arquétipo da mãe, presente desde os tempos remotos, sua influência é tamanha, que até hoje utilizamos a expressão “mãe natureza”.

Mãe Natureza, de Roberto Gallacci

Em todas as culturas, a figura da mãe exerce importantes funções, entre elas, a de garantir que a humanidade acredite que alguém zela por ela e a protege.
No catolicismo, a figura da Virgem Maria, a mãe piedosa, foi se multiplicando em várias santas. No Brasil temos a Nossa Senhora Aparecida. No México, a Virgem de Guadalupe. Na Polônia a mais venerada é Nossa Senhora de Czestochowa. 

Nossa Senhora Aparecida 


Virgem de Guadalupe

Nossa Senhora de Czestochowa


Em quase todas as santas oriundas do catolicismo,  o arquétipo da mãe e mulher santa é quase sempre associada à tristeza,  à piedade e à pobreza. Exemplo disso é Pietá, escultura de Michelangelo.

Pietá, de Michelangelo

Já nas religiões de origem africana, encontramos, entre outras,  a figura de Oxum, ou Mamãe Oxum, a mãe amorosa, rainha das cachoeiras,  linda e vaidosa, que adora ouro e pode trazer o amor. Uma das frases que explica a simbologia de Oxum é: "Oxum limpa suas jóias, antes de limpar seus filhos."


Representação de Oxum

No hinduísmo, uma das figuras arquetípicas maternas que se destacam é a de  Durga, ou Ma Durga (mãe Durga). Os hindus acreditam que Durga é a mãe de Ganesha, Kartiqueya, Saravasti e Lakshmi. Ela é a encarnação da energia criativa e feminina.

Deusa Durga

Já os egípcios adoravam Ísis, a deusa egípcia do amor, quase sempre representada amamentando seu filho.

Deusa egípcia Ísis

Apesar das diferenças culturais, em todas as representações da figura materna, uma coisa se destaca: o amor absoluto por seus filhos. O amor de mãe não é algo que possa ser explicado pela biologia ou por laços de sangue. Ser mãe perpassa toda explicação racional e entra no mundo do sentimento, da emoção e  do amor incondicional.  



Para ser mãe, basta abrir o coração e sem nenhum tipo de amarra, amar... simples  e definitivamente, amar. Esse amor verdadeiro e único se explica pela sua natureza: ele não pede nada em troca. É o amor absolutamente livre de cobranças, estado de graça indescritível que só se alcança quando se aprende a amar assim.


Referências:

SILVA, A. (2012).  Arquétipo.
Acesso em 02/05/2015.
     
SILVA, R. de A. (2006). Uma reflexão sobre o arquétipo da grande mãe no ícone de Nossa Senhora do Bom Conselho. In:  http://revistas.pucsp.br/index.php/ultimoandar/article/viewFile/12894/9380. Acesso em 08/05/2015





Vanisse Simone Alves Corrêa é doutoranda em Educação pela UFPR e co-editora da Revista Contemporartes. Também é mulher,  filha e mãe. 



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