terça-feira, 29 de março de 2016

Sem treino e preparo físico, todas pessoas são frágeis!




Se raros são os espaços de lazer destinado aos trabalhadores, pior ainda são para as mulheres. Muitas de nós têm medo de ser assediada, perseguida ou por "má fama" e se limitam ainda mais deles.

Imagem Rio 2016
China e Austrália serão as representantes da Ásia no futebol feminino do Rio 2016 (Foto: Getty Images/Atsushi Tomura)
As coisas estão assim por um histórico que antecede o presente e, ao pensar localmente, temos documentado que "futebol não é esporte para mulheres" e, na ditadura militar, fomos legalmente fomos proibidas de jogar futebol.

Mesmo com a revogação desta lei e os vários direitos humanos formais conquistados após 1988, temos ainda na prática uma cultura segregadora em larga escala.


Passeata dos cem mil
Passeatas contra a Ditadura Militar Foto: Reprodução

Na prática esportiva não é diferente, na escola estadual que estudei haviam duas quadras, uma delas era destinada para os meninos jogarem futebol e a outra as meninas jogavam handebol ou queimada.

Esta separação ainda se faz em vários níveis: futebol de várzea, profissional e amador, pois não se tem estrutura, patrocínio, apoio e jogos regulares, assim as equipes vão desaparecendo.

São raros os times exclusivos feminino e quando há mistos, muitas vezes as mulheres têm que ter uma habilidade e concentração exímia para conseguir participar ativamente da partida, pois ter uma mulher em campo que tem medo ou não joga muito bem, não descontrói nada, pelo contrário, só perpetua a segregação. Então, a auto-cobrança é redobrada por ser ativista e querer jogar.
Não necessariamente precisa pegar leve porque é menina, vejo homens mais frágeis do que muitas garotas que conheço.

Conseguimos ajeitar a bola no peito sim, pois aprendemos também a dominar a bola treinando.

Sem treino e preparo físico, todas pessoas são frágeis!

O futebol feminino profissional é um reflexo do quão marginalizadas ainda estamos. Apesar de existir jogadoras fortes, ágeis e guerreiras estamos inviabilizadas por uma sociedade patriarcal e capitalista que segrega, excluí e favorece uma parcela bem pequena da população...


Perto do dia 08/03/2016 fui convidada por uns camaradas do ABC Celeste Proletária Futebol Operário para escrever algo sobre mulher e futebol. 





Com base em materiais que pesquiso e conversamos no coletivo e time que faço parte Rosanegra Ação Direta e Futebol, escrevi essa matéria. Aproveito para divulgar uma reportagem sobre o tema que saiu na TV Brasil (EBC):



Toda colaboração/comentário/divulgação que venha somar é bem vinda.

Até a próxima,


Soraia Oliveira Costa, mestre em História da Ciência pela UFABC e graduada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA). Professora de Sociologia e Filosofia na Educação Básica e na Educação de Jovens e Adultos no Estado de São Paulo.  Tutora em Educação de Direitos Humanos, UFABC/UAB. Trabalha também com audiovisual desde meados de 2007. Produtora do documentário "Transformação sensível, neblina sobre trilhos", que trata da história vila de Paranapiacaba, feito com incentivo do MEC/SESu, UFABC e FSA. Nas horas vagas estuda música, toca acordeon e joga futebol.




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