quarta-feira, 20 de julho de 2016

Festa é festa e cada um faz a sua




      Agora no face uma amiga pediu para eu comentar um artigo de uma blogueira que vive na Alemanha.  O artigo critica as festas eventos de crianças que acontecem por aí, compara os costumes que vivencia por aqui e descreve festa de criança de uma maneira que até parece legal. Gosto de ler estes testemunhos, porque além deles falarem sobre a experiência vivenciada, falam também de seus autores. No artigo a moça me pareceu meu romântica na sua leitura do jeito da comemoração teutônica... Então vou apresentar a minha versão:

      A cultura de festa infantil por aqui é outra, bem diferente da do Brasil, de maneira geral, não só comparando com a "festa ostentação". Como disse a blogueira, a festa do primeiro ano da criança não é importante. Quando a criança tem amigos no jardim de infância ou na escola, os pais convidam estes para brincar em casa no dia do seu aniversário, ou fazer qualquer programa fora de casa, como ir ao cinema ou ao museu - lá as crianças têm atividades e comem um pedaço de bolo.
      Só as crianças são convidadas. Os pais acham ótimo, porque não precisam ficar procurando assunto para conversar uns com os outros e têm ainda algumas horas "livres". Um critério frequente, o número de convidados é o mesmo dos anos da criança. A criança já começa a ter de escolher os "amigos de verdade" e deixar outros de lado. Aprende assim uma cultura de exclusão, que mais tarde vai dificultar o jogo de cintura da convivência social... E vai explicar talvez a dificuldade de agregar que muitos têm por aqui.

foto promocional de programas de aniversário, Estúdio Babelsberg

      A blogueira viu simplicidade na festa (comparando com a festa ostentação, é um alívio!) e simplicidade como forma de mostrar que o que importa é o sentimento...  Eu vejo a "redução ao mínimo necessário" na festa. Vejo falta de vontade de se ter trabalho demais e, mesmo reduzindo ao mínimo, muitos veem como um "stress"(o termo é deles). Vejo a falta de paciência em aguentar muitas crianças em casa ,e se for num apartamento, então é pior.
      Aqui não se canta "Parabéns pra Você", a festa não tem um ápice. E se eles cantam não é vinculado com o apagar velas. E se eles cantam, só tenho ouvido em Inglês! A festa tem hora marcada para começar e terminar e todos são pontuais para ambos. Quando ela acaba os pais estão aliviados por apenas alguns momentos, porque logo lembram que no próximo ano tem de novo.

Foto promocional de festa infantil
      Eu sinto muito pelo alemães, nunca vão saber que não há nada mais fantástico para adultos e crianças do que uma boa festa de aniversário. Crianças de várias idades e tamanhos vão brincar - ou não - juntas. Adultos, com ou sem crianças, vão conviver e se divertir juntos. A criança aniversariante se sente feliz em ver pessoas e mais pessoas chegando por causa dela. Os preparativos - sim cansativos - vão fazendo dentro da casa e da família o clima de comemoração já dias antes da festa. A criança vê, percebe, e espera com entusiasmo o "seu dia". E não tem nada mais fantástico do que observar os olhos de alegria de uma criança ao ver tanta gente (mesmo que sejam só 15) em volta da mesa, iluminados apenas pela luz da vela, cantando em sua homenagem.

    Mesmo concordando com a crítica da blogueira - festa ostentação é decadência e o negócio tá feio - eu estou bem contente de ter sido criança no Brasil e também contente por passar dias aqui em casa enrolando brigadeiro, fazendo coxinha e bolo de aniversário e proporcionando ao meu filho uma festa bem brasileira. E até diria, entre a festa alemã e a ostentação brasileira iria preferir a segunda. Ao menos tem comida...


Aqui o texto da blogueira
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/03/o-exagero-das-festas-infantis-e-uma-ignorancia-peculiar-do-brasil.html

fotos
http://www.filmpark-babelsberg.de/de/kindergeburtstag.html
http://www.hamburg.de/kindergeburtstag/





Ana Valéria mora em Berlim e observa a cidade há quase duas décadas. Estudou história no Brasil e na Alemanha, mas cabou mesmo trabalhando como tradutora. 








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