As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação



Hoje com a rapidez com que a tecnologia vem avançando nos perguntamos até onde podemos humanamente acompanhar tais eventos?

Podemos dizer que não saber como utilizar um determinado aparelho eletrônico hoje, já não é mais sinônimo de ser velho e sim uma coisa comum a todos nós já que as novas tecnologias evoluem a um piscar de olhos.

Com tanta novidade, só nos resta saber onde fica o contato humano? O olho no olho que não tem sido comum se ver, a não ser pela lente de uma câmera digital ou uma webcan, as amizades (um caso a parte) costumam ser totalmente virtuais, onde pessoas se encontram pela internet por afinidades, e a partir daí confidências são trocadas até que acabam virando “amigos de infância”, alguns já aderiram ao relacionamento a distância que também evolui na mesma rapidez das amizades, o amor que flui, corações que se encontram e por ai vai...

Complicado, mas nem tanto! É claro que não podemos deixar de admitir que as novas tecnologias também aproximam pessoas, algo um tanto paradoxal, mas ainda assim real. Imaginem então como seria a vida dos casais apaixonados, que por motivos diversos como trabalho, estudo e outros, têm de ficarem longe um do outro? Ou ainda de grandes amigos que também por motivos diversos tiveram que se afastar? Se não existissem celular, internet, e outros recursos mais tudo ficaria mais difícil.

Nesses casos citados, nas empresas, no comércio, na imprensa e etc, as novas tecnologias aproximam, facilita e torna muito mais rápido e fácil o contato entre pessoas distantes. Se as novas tecnologias não existissem, seria mais ou menos como no tempo da carta, onde levaríamos quase uma semana para receber uma resposta, mandar notícias, ou seja, tudo seria mais lento em nossas vidas e nem sempre conseguiríamos obter o sucesso que conseguimos hoje em nosso trabalho e vida pessoal sem essa facilidade.

Philippe Perrenoud, em seu livro Escola e Cidadania, cita as desigualdades reais diante do mundo virtual da internet (Ciberdemocratização), o que as NTICs (Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação) representam na sociedade atual, como a escola tem lidado com as diferenças entre alunos e reagido diante desse novo modelo, já que ela tem um papel que teoricamente seria o de nivelamento entre esses.

A invenção da impressa segundo o autor, mudou nossa relação com o mundo e mais tarde o telefone, o rádio, a multimídia, a televisão, as redes mundiais, a realidade virtual e o conjunto de ferramentas informáticas e telemáticas vieram transformar nosso cotidiano. Por isso para Perrenoud, na atualidade há uma grande quantidade de informações que pouco são absorvidas. Ora se está falando de um terremoto, ora já se esqueceu deste e de suas vítimas e já estamos falando do escândalo do mensalão.

O mundo muda e vários tipos de recursos intelectuais e materiais, de que necessitamos para viver, realizar nossos projetos e sonhos renovam-se no ritmo das mudanças tecnológicas. Essas coisas fazem parte de toda nossa sociedade, do nosso cotidiano e muitas vezes não nos damos conta desses detalhes e como influenciam direta e indiretamente em nossas vidas.

Ora ela nos faz bem com sua facilidade, rapidez, ora ela nos causa problemas sérios na sociedade como o distanciamento das pessoas que só vivem naquele mundo virtual e esquecem do benefício, apenas vivenciam eles mas de um modo tão exagerado que acabam fazendo mal para si e para os outros.

Fonte: PHERRENOUD, Ph. Escola e Cidadania. Porto Alegre: Artmed Editora.(2001)



Iohanna Silveira, estudante de História na Universidade Severino Sombra de Vassouras e editora-assistente da Contemporâneos – Revista de Artes e Humanidades. Natural de Paraíba do Sul – RJ.

Edição do texto: Ana Paula Nunes
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A REVISTA PLAYBOY E O UNIVERSAL MASCULINO



Quando Judith Butler utiliza-se da frase atribuída a Simone de Beauvoir, “A gente não nasce mulher, torna-se mulher” (2008:17) certamente quer nos dizer que o gênero, diferentemente do sexo – que está localizado no plano natural e biológico – está circunscrito ao social e cultural. O gênero, então, é visto como o discurso da diferença sexual e mantém o sexo como referência explicativa. E como discurso faz-se referências não apenas às idéias, mas também às instituições, às estruturas, às práticas quotidianas, como também aos rituais e a tudo que constitui as relações sociais. O discurso é um instrumento de ordenação do mundo, e mesmo não sendo anterior à organização social, ele é inseparável desta. Portanto, o gênero é a organização social da diferença sexual.

O universal masculino (homem branco, heterossexual, ocidental, classe média) passou por uma grande revisão nos últimos anos. Os estudos sobre a construção da masculinidade na contemporaneidade já desestabilizaram as certezas dos estudiosos e ampliaram as possibilidades de críticas sobre a noção de natureza humana, ou seja, universal masculino deixou de ser generalizável e identificável como natural, possibilitando o questionamento de clivagens e permitindo a descoberta de outras subjetividades, até então, pouco visíveis e insondadas.

Aqui, nesse pequeno artigo, nosso objetivo não é comentar as polêmicas das novas sexualidades ou das possíveis sexualidades que envolvem esse campo de estudo, mas, sim, mostrar como o discurso do universal masculino ainda tem se mantido resistente como base nos valores falocêntricos.

Nossos esforços se concentrarão na análise de alguns aspectos da Revista Playboy, sobretudo os aspectos textuais, a linguagem corrente, os anúncios publicitários, as piadas, as charges, as sessões Playboy Responde, as entrevistas e as piadas que, ao apresentar as relações sociais entre os sexos de forma estereotipada, refletem e reforçam as supremacia e autoridade masculinas e a latente desigualdade de gênero, vista como relações de poder que, na sociedade androcêntrica, é representada pelo falo. Para as mulheres, segundo Butler, “ser o Falo significa refletir o poder do Falo, significar esse poder, incorporar o Falo, prover o lugar em que ele penetra, e significar o Falo mediante a condição de ser o seu Outro, sua ausência, sua falta, a conformação dialética de sua identidade” (2008:74).

Na edição de novembro de 2009, que traz a apresentadora e escritora Fernanda Young como estrela de capa, o diretor de redação, Edson Aran, ao justificar sua opção pela autora de Os Normais afirma que foi seu livro O Pau ( Rocco, 2009) que despertou sua atenção. Diz ele: ‘O novo romance de Fernanda Young começa assim: “Estrias. Estrias esponjosas. Chamadas de cavernosas. Que incham de sangue. Isso perfaz um pau duro, maior orgulho e glória de um homem”’, para no final concluir: “Sim, o pênis é ‘o maior orgulho e glória de um homem’, como escreveu Fernanda, mas para que serve ele (o pau) sem uma mulher?”.

Se entendermos que o discurso é um instrumento de ordenação do mundo, de acordo com Gallop, ter um falo significa estar no centro do discurso. Por isso, a análise da linguagem e das representações de gênero extraídas da Revista Playboy apresentadas a seguir, consideram que o falo funciona como um significante em relação ao pênis. O falo significa vida, atividade e potência heteronormativa, estando em constante referência ao corpo dos homens e às representações da masculinidade hegemônica, desconsiderando todas as infinitas possibilidades que o corpo pode assumir na contemporaneidade, o devir-corpo.

Outro exemplo extraído da mesma edição. A Coluna Happy Hour apresenta o perfil de Dita Von Teese, uma dançarina de striptease, sucesso nos EUA, mulher rica, mas modesta, pois “apesar de ter um Chrysler New Yorker 1939, um jaguar X-Type 1965 e uma BMW Z4 na garagem, revelou que aceita sair num carro popular se achar que o pretendente tem chances. Bem Dita seja Heather (Heather Renée Sweet é seu nome original) entre as mulheres” (p.26).

Assim, sem querer concluir, mas levantando algumas considerações, queremos dizer que a masculinidade hegemônica é sustentada pela Revista e mantida por grande parte do vasto segmento des leitores que se sentem gratificados, usufruem seus benefícios, mas é também mantida por boa parte das mulheres que concedem a tal hegemonia. Isso porque a masculinidade hegemônica pressupõe a predominância de uma certa configuração estereotipada de feminilidade, que estabelece uma bipolaridade linear e gera um diálogo difícil e tenso entre a complexidade polimorfa das experiências femininas e o simplismo autoritário dos padrões orientadores, construindo ou permitindo a continuidade e a legitimação das idéias predominantes na Revista.

BIBLIOGRAFIA
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1998.
COSTA, Jurandir Freire. A inocência e o vício – estudos sobre o homoerotismo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.
__________________. Sem fraude nem favor - estudos sobre o amor romântico. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
FOUCAULT M. Microfísica do poder. Tradução R. Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
GALLOP, Jane. Além do falo. Campinas, Cadernos Pagu, (16) 2001, p. 280-281.
LOPES, Denilson. O Homem que Amava Rapazes - e outros ensaios. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho. Ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte, Autêntica, 2004.
OLIVEIRA, Pedro Paulo de. A construção social da masculinidade. Belo Horizonte: Editora UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2004.
Playboy – a revista do homem. Novembro de 2009.
TREVISAN, João Silvério. Seis balas num buraco só: a crise do masculino. Rio de Janeiro:Record, 1998.


Djalma Thürler é Cientista da Arte (UFF-2000), Professor do Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura e Sociedade e Professor Adjunto do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA. Carioca, ator, Bacharel em Direção Teatral e Pesquisador Pleno do CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura). Atualmente desenvolve estágio de Pós-Doutorado intitulado “Cartografias do desejo e novas sexualidades: a dramaturgia brasileira contemporânea dos anos 90 e depois”.
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A ARTE HÍBRIDA DE ISRAEL MUNHOZ


A coluna Incontros de hoje entrevistou e agora apresenta o artista paranaense Israel Dali' Munhoz, que apesar de muito jovem tem uma pesquisa em curso que o levou a criar uma linguagem bem particular, produto da síntese entre as diversas formas de expressão contemporâneas. A seguir um depoimento pessoal de sua trajetória e em seguida ele responde a algumas perguntas, num rápido ping-pong. As ilustrações são todas de sua autoria.


Auto retrato

O desenho sempre esteve presente na minha infância. Eu desenhava em pedacinhos de papéis, até ganhar meu primeiro caderno de desenho dos meus pais. Minhas primeiras exposições foram feitas na parede de madeira de casa, onde eu colava os desenhos para meu pai ver quando chegasse do trabalho. Fiz coleções desses cadernos e guardo-os até hoje.

Logo que comecei o ensino médio no Colégio Estadual do Paraná, descobri um catalisador para minha veia artística que iria ter desdobramentos em toda minha vida: a escolinha de artes do CEP, lugar que me mostrou e influenciou, abrindo horizontes na área acadêmica. Nesse meio tempo tive meus primeiro contatos com a dança, descobrindo uma nova vertente de expressões. E então comecei o Curso de Dança Moderna da UFPR, do qual participo até a presente data.


Hoje curso o 4º ano da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e minha linha de pesquisa é pensada no uso do corpo nas artes visuais, pois acredito em uma arte híbrida dentro do processo criativo, interesse proveniente de meu convívio com diversos meios de expressão. Dessa forma, utilizo a dança como parte da composição em meus trabalhos: em alguns deles, são representados corpos humanos em meio à dança, em outros esses corpos são levados à exaustão devido aos movimentos repetitivos.
Em outros trabalhos, relaciono direta ou indiretamente cinema, música e poesia. Procuro demonstrar algo do cotidiano neles, mas ao mesmo tempo com um caráter introspectivo e um toque surreal.



Procuro discutir o conceito de arte contemporânea, que muitos artistas buscam e outros não gostam nem de comentar. Acredito não só no resultado final do trabalho, mas sim na experiência artística que podemos proporcionar e dela participar. Talvez este processo seja o mais importante ou é nele que deveríamos nos preocupar mais, e aí sim caracterizá-lo como contemporâneo.
Em alguns trabalhos fica muito clara a influência dos artistas que gosto; em outros, só percebo através do comentário de outras pessoas. Porém, prefiro o processo não intencional e mais espontâneo.


Trabalho atualmente, como professor do ensino público e o que prego sempre para meus alunos é: todos nós somos artistas, basta descobrir onde melhor nos expressamos. Quanto às técnicas de desenho ou pintura... com o tempo e a prática,  vamos aprendendo e evoluindo. Não podemos matar ou negar o que vive artisticamente dentro de cada um de nós. 

"A arte e a poesia trabalham com a paixão, a vida e suas indagações, um poema onde cada um de nós contribui com um verso"  (I.M.)




P: Quando começou a trabalhar com artes visuais, quais foram seus primeiros trabalhos e pelo que foi motivado a optar por essa área?
R: Comecei meu trabalho com artes visuais no ano de 2007, onde trabalhei com arte-educação no MON (Museu Oscar Niemeyer), nesta época tive contatos com muitos artistas e exposições durante um ano, experiência motivadora para a criação artística.

P: Você teve alguma influência na escolha dessa modalidade de arte, inspirou-se em alguém ou algo?
R: A influência veio de profissionais com os quais tive contato na adolescência: professores, artistas plásticos, e principalmente a escolinha de artes do CEP, lugar que me inspirou e me possibilitou conhecer a história do artista Luis Carlos Andrade de Lima, que também tinha estudado lá. Alguns anos depois vim a trabalhar em uma exposição dele no MON.

P:Que modalidades artísticas exerceu em toda sua trajetória profissional desde o início até agora?
R: Na área das artes visuais trabalhei com oficinas, exposições, produção de material educativo, já participei de espetáculos de dança no ano de 2008/2009 como bailarino. Na presente data trabalho junto com a CIA de teatro, a CIA “eSpação”, como produtor visual e ator.

P: Que tipo de trabalho artístico traz maior realização a você? Cite um trabalho que tenha sido particularmente muito gratificante.
R: Oficinas e teatro para crianças, o carinho delas nas oficinas é incomparável, e em uma apresentação de teatro infantil na região metropolitana de Curitiba – região afastada e carente -  logo no final da peça um menino de, no máximo sete anos de idade nos emocionou: com palavrinhas simples ele explicou como havia gostado da peça e como era importante a oportunidade de estar assistindo ao teatro.


P: Ao que se dedica no momento? Está desenvolvendo algum projeto particular na área de imagem?
R: Estou com um projeto de pesquisa visual chamado “Identidades” juntamente com outras quatro artistas, onde formamos o coletivo de artes “Múltiplos”, são elas:  Daniele Santos, Ellen Nascimento e Carolina Torres. Cada um com os referenciais que desenvolvem em suas pesquisas individuais. Nesse projeto estamos compartilhando, experimentando, discutindo os meios de produção e o processo artístico como um todo.

P: Quais as suas realizações mais recentes?
R: >Espetáculo de dança moderna “Internato” dezembro 2008 no Teatro da Reitoria;
    >Espetáculo da dança moderna “Interferências” dezembro de 2009 noTeatro da Reitoria;
    >Performance “Estações “ na mostra Imarginal- TUC;
    >Exposição no projeto SARAU DAS NUVENS - ‘Era só que faltava’ junho de 2009;
    >Exposição no projeto SARAU DAS NUVENS – ‘Jokers Pub’ outubro 2009;
    >Participação no projeto SESI de arte.


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Izabel Liviski é Fotógrafa e Mestre em Sociologia pela UFPR. Pesquisadora de História da Arte, Sociologia da Imagem e Antropologia Visual.  Escreve quinzenalmente às 5as feiras na Revista ContemporArtes.






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Memória do cangaço na “palavra cantada” de Sérgio Ricardo no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (parte 2)





Hoje vocês vão ficar (atenção, aumentem o volume!) com a 2a. parte do texto que foi publicado no 1º Simpósio de História Oral e Memória, o GEPHOM 2010.
















aqui tem a primeira parte: http://revistacontemporartes.blogspot.com/2010/07/memoria-do-cangaco-na-palavra-cantada.html



Trazer à tona a memória do cangaço por meio da análise do filme de Glauber Rocha, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (filmado entre 1963 e1964) representada entre outros elementos, pela canção de Sérgio Ricardo e letras do próprio Glauber. Na busca de retratar o drama social nordestino, a trilha sonora expressa por meio da “palavra cantada” – aglutinadora de lembranças e memórias – a proposta revolucionária do Cinema Novo e resume as questões do messianismo (na figura de Sebastião) e do cangaço (principalmente com Corisco) dentro do filme.

Glauber Rocha tinha apenas 24 anos quando lançou “Deus e o diabo na terra do sol” em nossos cinemas em 1964, meses depois do Golpe de Estado que derrubou o governo de João Goulart e que colocou no poder o marechal Castelo Branco, período que iniciaria a Ditadura Militar e somente se encerraria em 1985. No elenco do filme, nomes como Othon Bastos, Maurício do Valle, Geraldo Rey, Yoná Magalhães, entre outros. Foi considerado por muitos como o principal trabalho do cineasta e um dos que melhores representam a estética do Cinema Novo. Sendo reconhecido internacionalmente em festivais, conquistando o prêmio de melhor diretor em Cannes e sendo indicado a Palma de Ouro.

O filme é uma livre interpretação da peça teatral O diabo e o bom Deus, de Jean-Paul Sartre. Repercutiu muito bem entre os cineastas estrangeiros: Fritz Lang disse, depois de ver o filme: “é uma das mais fortes manifestações cinematográficas que já vi”. Enquanto Luis Buñuel declarou: “é a coisa mais bela que vi nos últimos anos” (SILVA NETO, 2002, p. 258).


Por meio dessas narrativas orais, o objetivo é discutir a História do tempo presente e a linguagem cinematográfica, utilizando como referencias metodológicas Marc Ferro e Marcos Napolitano para entender a linguagem fílmica, as canções aplicadas dentro da narrativa e o dialogo das letras com as imagens no conteúdo do filme.

Podemos ressaltar desse estudo de que não se trata na verdade de uma reflexão sobre o cangaço, mas que por meio dele podemos abrir uma discussão sobre o momento da política brasileira do período. O que está presente na película é uma voz de resistência.



Mestrando em História na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, bacharelando em Letras na Universidade de São Paulo, possui graduação em História pela Universidade Ibirapuera (2001). Atualmente leciona na Rede de Ensino do Governo do Estado de São Paulo, também participo como professor da atividade de extensão universitária na Escola Livre de Literatura de Santo André/SP. Email: cicerofbj@gmail.com.
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Poetas Curitibanos I



por Altair de Oliveira


Em nossa coluna de poesia como a vida, apresentamos hoje uma pequena mostra de 3 momentos da boa poesia curitibana, através de poemas de Marcos Prado, Iriene Borges e Adriano Smaniotto. Poetas que, a medida do possível, pretendemos trazer aqui com mais detalhes.




A Primeira Cicatriz a Gente Nunca Esquece


ponha um baid-aid no buraco da bala
e pare de se fazer de vítima
perdeu uma perna use a outra
e vê se te manca
justiça de cego é olho por olho
e de bangela é dente por dente

nem tudo que vi acreditei
nem todo crime depende da lei
procure a felicidade perdida num tiro certo
e prove que você é um alvo esperto


Poema de Marcos Prado, In: "ultralirics"



***


Umbra


Não me ocupes

Vago em luminescências
e rotaciono aluada

Para manter a linha
da mediatriz até o complexo
da cerviz até o sexo
fui sitiada
pelo remorso de existir

No entanto, irrompes a rir
e eu singular e asceta
projeto uma sombra completa
que me intercepta o senso
bem aqui na minha rua
quando alcanço a calçada
sob o primeiro poste
à esquerda

A persigo, e não me desgoste,
não por isso, que ela é tudo
tem o talhe do teu desejo
Pisa o asfalto como meu hálito
roça teus lábios sem beijar
Tem um contorno movediço
que me traga no molejo
e danço
entre o pudor e o vestido
feito pipa no ar.

Nos amamos em teu nome
em cada canto da vila
e inventamos a saudade
de conluio com cada esquina
só assim ela me arrasta pra casa
em êxtase
e some no clarão da porta
que amanhã tem volta
e reprise.


Não me ocupes
para a distância do sorriso
se vago em luminescências

rotaciono aluada

E só me sei sitiada


Poema de Iriene Borges.

***


1.

considera as linhas por mim escritas

como um roubo à energia do sol

um convite a escurecer o dia
no enfim de religar-me ao só
iniciei uma multidão de apatias.
versejar a voz do ser é ser de si algoz


2.


tolos nós fazemos versos. velhos e novos
os outros se interessam por ouro.
da prata o que temos é um prato frio
ou a leve semelhança destas palavras.
é pra poucos ser vazio



Poema de Adriano Smaniotto, In: "diário da dor dos dias."


***


Para ver mais:

- Vídeo com o poeta Adriano Smaniotto, declamando "Alto lá, prefeito!" : http://www.youtube.com/watch?v=PJLh4jZMxd0
- Blog da poeta Iriene Borges: http://vozdeeco.blogspot.com/
- Biografia do poeta Marcos Prado (1961-1996): http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcos_Prado




Ilustrações:
1- foto do poeta Marco Prado; 2 e 3- trabalhos do artista plástico curitibano Poty Lazzarotto.
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O perigo de uma única história


Existem falas que merecem ser dividas e compartilhadas com o maior número de pessoas. É o caso da palestra com a escritora nigeriana Chimamanda Adichie. O que ela fala é tão importante e atual que merece ser disseminado pela internet iguais às campanhas virais que vira e mexe somos alvos. Ela conta a história dela, mas ao mesmo tempo a história de milhões de pessoas. E ela fala principalmente, sobre hegemonia e dominação, mas com tanta sutileza, talvez a sutileza que só as verdadeiras contadoras de história sabem fazer.











Ana Paula Nunes é jornalista, Pós-graduanda em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo/USP. Editora assistente e Coordenadora de Comunicação da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades. Escreve aos domingos na ContemporARTES.
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