segunda-feira, 24 de junho de 2013

Bússola




Caros leitores,

Hoje estréio meu novo espaço na revista, que ainda cheira à tinta fresca e tem sabor intenso de recomeço. Compartilho com vocês essa porção de ContemporArtes chamada “Planetário”. Obviamente, não se trata de um jogo de marketing sem explicação ou razão, o nome deriva de experiências muito complexas. Olhar os astros, olhar a paisagem, me perder em indagações longínquas, perceber os movimentos, sua sutileza, interpretar como o humano vivencia tudo isso, como condição existencial de si próprio, são algumas das motivações que levam ao título dessa nova coluna. “Planetário” é, ao mesmo tempo, espetáculo pra se ver e dança pra se perder... E exatamente nessa cadência de movimentos, nessa constante efêmera, nasce o meu primeiro texto dessa coluna, “Bússola”. Trata-se da tentativa de encontrar um norte quando tudo muda, quando todo o cenário do vivido já não é mais como era ontem. Quando toda a realidade e suas marcas mudam de direção, de posição, de sentido. E aí um novo texto faz criar um novo personagem...  Ele viverá entre o incerto das novas páginas e as lembranças, doces e amargas, daquelas que se foram e que não vão mais voltar.

Adriano Almeida



Bússola

Escrevo uma nova canção.
Falo agora de pequenos gestos...
Saboreio lentamente os sorrisos.
Afastando, de pronto, os ruídos...


Ilumina-me agora, já intenso, a calma.
Aquecendo aos poucos a fúria,
imobilizando a sua força fria.
Permitindo-me o sutil dos traços.


Vive agora em mim,
o próximo e o distante,
o beijo e o amargo... 
As notas graves e breves.


Já não me envergonho,
ou me amedronto
de ser apenas eu mesmo.
Com minhas imperfeições
e meus sorrisos densos.


Aceito, com calma, a alma...
Intensa e mágica. 
Permeada de vozes,
encantada pelas luzes.
Enamorada em seus sons infinitos...


A viagem ao longe
acontece aqui dentro...
E sendo verdadeira em si mesma,
não angustia nem se frustra.
Se encontra e se vê.




Adriano Almeida é pesquisador na área de cultura, imaginário e simbologia do espaço. Mineiro, tem se dedicado a escrever poemas, crônicas e contos. Seus escritos, de caráter introspectivo, retratam as incertezas, os conflitos, a melancolia e os encantos da existencialidade humana.

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