SI NO PODEMOS SER VIOLENTA, NO ES NUESTRA REVOLUCIÓN
SI NO
PODEMOS SER VIOLENTA, NO ES NUESTRA REVOLUCIÓN
Essa coluna sai um pouco
atrasada, mas precisava esperar que passasse o I Seminário Internacional Desfazendo Gênero – Sujetividade, Cidadania,
Transfeminismo, idealizado pela Professora Berenice Bento e que aconteceu
na Univerdidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. O Seminário é, nas
palavras de Richard Miskolci, uma
provocação ao acalentado Fazendo Gênero, Seminário que em 2013 completa sua
décima edição sob o título Desafios Atuais dos Feminismos e que acontece em
Florianópolis, Santa Catarina. A ideia, segundo Miskolci, veio depois da
Conferência de abertura do Fazendo em que um cultuado pesquisador português foi
aplaudidíssimo depois de uma fala conservadora.
Assim
nasceu um dos mais importantes encontros científicos dos últimos tempos.
Importante porque coloca em pauta importantes temas, quais sejam, o do
deslocamento das identidades, o apagamento das fronteiras binárias e
dicotômicas (masculino/feminino; heterossexual/homossexual; passivo/ativo), a
biologização dos desejos, entre tantos.
O Seminário Desfazendo foi um encontro de combate. Mas foi importante, também,
porque apostou que a Arte pudesse ser, em meio às Ciências Sociais, à Saúde, à
Antropologia e outros campos do conhecimento, ferramenta potente em
desestabilizar o cento colonizante.
Eu mesmo
participei de uma mesa de discussão em que o tema era a politização do abjeto, em especial, “O que podemos aprender com um
teatro de abjeções”. Essas indagações serão publicadas no livro do Seminário,
mas acho válido, aqui, partilhar um pouco o que penso a esse respeito.
Primeiro,
“eu nada tenho a ver com Guimarães Rosa, estou escrevendo sobre pessoas
empilhadas na cidade enquanto os tecnocratas afiam o arame farpado”, por isso o
teatro que venho praticando se assemelha a ao que Rubem Fonseca chamou de pornografia terrorista, espécie de linguagem ao avesso, parafraseando Carlinda Fragale Pate
Nuñez, que encontra o seu sentido e efetiva seu poder demolidor junto ao
discurso vigente, ou como já previra Rubem Fonseca, em 1975, no conto Intestino Grosso, o teatro que penso é
uma alternativa à “fantasia oferecida às massas pela televisão hoje”, o avesso
do avesso do avesso do avesso, que seu personagem batizou de “pornografia
terrorista”.
Essa “pornografia terrorista” estava,
de algum modo, espalhada por todo o Seminário, vejam o texto do manifesto da
ocupação feita em um banheiro masculino:
“O banheiro dos homens foi ocupado. E não como de costume,
por seus corpos castrados de cu, sua inteligência de self-made man, sua
racionalidade a toda prova, suas políticas viris e todas essas mijadas-em-pé do
macho hétero ocidentalóide. O banheiro dos homens está, desta vez, ocupado por
uma horda de homens fracassados, sapatânicas assassinas, bichas anômalas,
translésbichas extra-terrestres; gente do fora, gentália, gente que não fala a
língua da normalidade e que, por isso, procria dialetos estrangeiros; gente que
estrangeiriza o de casa, porque não tem casinha, caixa, etiqueta, padrão de
fábrica. O banheiro dos homens foi ocupado por gente que resiste a viver com
medo de não ser homem, gente que desfaz o homem, implode-o em
submasculinidades, femininos excessivos e seis mil outros gêneros não catalogados”.
Estava
também na potente criação de Silvero Pereira, “Uma flor de dama”, que provou
sem qualquer sombra de dúvida, que “Si no podemos ser violenta, no es nuestra
revolución”, refrão cantado pela banda que encerrou esse encontro que já tem
sua segunda edição garantida em 2015, em Salvador.
Djalma Thürler
é um artista multidisciplinar. Professor Adjunto da UFBA com estágio de
Pós-Doutoramento em Literatura e Crítica Literária e Diretor de Teatro.
Pertence ao Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e
Sociedade / UFBA. Programa de Pós-Graduação Estudos Interdisciplinares
sobre a Universidade / UFBA Instituto de Humanidades, Artes e Ciências
(IHAC/UFBA) CUS - Grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade GENI -
Gênero, Narrativas e Políticas Masculina.
1 comentários:
Sou extrangeiro, tou entrando agora nesse território
25 de agosto de 2013 às 19:28Bão demais para quem gosta de matutar. Nada como beber em fontes matutas.Comi, degustei, degluti.
Vamos ver o o que procede à digestão.
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