domingo, 5 de outubro de 2014

Futebol e cultura



Como atividade da disciplina Identidade e Cultura, os alunos foram convidados a comparecer a um evento cultural e fazer um trabalho de observação de elementos relacionados às reflexões em sala de aula. Os estudantes abaixo, escolheram um jogo de futebol. No país "do futebol", em ano de Copa de Mundo, foi uma escolha acertada. Muitas reflexões podem ser travadas pelas suas ricas observações de quem estava no meio da torcida.





Optamos por comparecer a um jogo do Campeonato Brasileiro de futebol entre São Paulo F.C. e 
Chapecoense S.C. a ser realizado as 18:30 do dia 19/07/2014 no estádio Cícero Pompeu de 
Toledo o MORUMBI. 
Por volta das 6hs nos encontramos na frente do shopping Morumbi, fomos de carro até o estádio 
e ficamos aproximadamente 1 km do estádio (o estádio do Morumbi não tem estacionamento) e 
fizemos esse percurso a pé, tinham muitos torcedores do São Paulo na rua, algumas famílias, 
outros com grupos de amigos ou namoradas e o que surpreendeu foi que a menos de 10 minutos 
pra começar o jogo havia um numero enorme de torcedores ainda comprado ingresso e essa 
pessoas inevitavelmente entrariam com o jogo em andamento, o que não deixa de ser curioso o 
interesse pelo jogo por se tratar de um jogo de meio de tabela sem tanta importância. Chegando ao 
portão de entrada a revista policial, há sempre o risco que algum torcedor mal intencionado por 
algum tipo de arma ou objeto que se torne uma ,agora vou me caminhar até uma catraca eletrônica 
aonde duas funcionarias do clube te desejam um bom jogo e você timidamente agradece, quando 
se entra no corredor a caminho da arquibancada a sensação que se tem e de um pouco de 
claustrofobia , um corredor fechado com pouca iluminação, paredes de concreto com um grande 
fluxo de pessoas e você meio disso sendo empurrado sempre pra frente, a frente uma luz e pronto 
se chegou a arquibancada.

Não é possível descrever o quanto o estádio do Morumbi é imponente, é sempre impressionante 
não importa quantas vezes se vá lá, quantas historias, feitos e glorias aconteceram ali , você 
consegue respirar a historia e sentir que também faz parte dela, imediatamente se conecta com os 
outros torcedores sem perceber e se envolve nesta atmosfera, espera o time subir a campo , ele 
sobe e é um êxtase você entra em contato com uma parte sua mais primitiva, irracional e 
passional. Os segundos que antecedem o ponta pé inicial são de clímax incrível a torcida canta pro 
time, a esperança no ar pela vitória, que esse onze caras nos representem com coragem,
habilidade e força. Começa o jogo milhares de pessoas cantando, uma parte do estádio puxa o 
grito a outra acompanha, se canta alto por 15 minutos e alguns estão tão envolvidos que nem 
prestam atenção no jogo, a intensidade vai diminuindo com o passar do tempo 20, 25, 30, 44
minutos e nada de gol já há uma certa agonia no ar não vai ser fácil hoje, começam a aparecer 
algumas insatisfações com o time mais dois minutos vai, vai não foi. No intervalo se conversa sobre 
o que deve mudar para alcançar a vitória, o time martelou, martelou e nada. Outro diz gente que 
você nem conhece e com quem se conversa por quinze minutos, na verdade não somos 
desconhecidos pelo menos ali, compartilhamos a mesma paixão e as mesmas esperanças. 
Começa o segundo tempo o time vai pra cima, a torcida apoia como no inicio com a mesma paixão, 
como se fosse um recomeço , passa 2,5, 10 minutos nada você olha pro lado as pessoas tem 
esperança, espera minuto 11 o chapecoense faz 1x0.
As pessoas estão atônitas, o que aconteceu? Eles não chegaram nenhuma vez! foi o primeiro 
chute a gol! como pode ter acontecido! silêncio pessoas se olhando nem uma palavra , nem um 
gesto , logo após se começa a ouvir um murmúrio seguido de reclamações mais altas, o Cosmo me 
diz eu não acredito! eu não tenho nada pra dizer, como se explica o inesperado. Os minutos 
seguintes são de apoio e nervosismo um senhor de uns cinquenta anos preocupado com o 
resultado me pergunta quanto tempo ainda resta, faltam 30 ainda eu respondo, começa-se a ouvir 
uma parte da torcida muito descontente, a um misto entre reclamar e apoiar o time e o tempo 
segue 20, 25 minutos o técnico faz mudanças alguns apoiam outros reclamam o telão anuncia 
43.075 sofredores pra uma renda de quase 1 milhão de reais, certamente é o tamanho da folha 
salarial do time da chapecoense, mais quem é que disse que a bola liga, ela não liga pra
faturamento nem tamanho de torcida, lá se vão o minuto 30 e 35 e nada a reclamação é grande, 
xingamentos com cada erro do time , era uma noite pra ser perfeita jogando em casa contra um 
time pequeno, 40 e 45 nada só mais 3 minutos a um certo desespero entre torcida e jogadores que 
tentam correr, cruzar, chutar! acabou! vaias, cara de espanto, decepção alguns não tem força pra 
se quer reclamar e já começam a se virar pra ir pra casa, um silêncio estrondoso na saída, pelos 
corredores e pelo portão não há nada a dizer, nada!

Estamos fora do estádio todos voltando pra casa em silêncio, todos estão em silêncio 
ouvimos no rádio do carro criticas e explicações sobre a derrota tudo parece besteira. 21:30-
chegamos no meu ponto e me despeço, já há alguns torcedores do são paulinos no ponto 
ninguém comenta o jogo. Saímos enfileirados como gado com olhar direcionado ao chão e apenas algumas  conversas não motivadas sobre os pontos falhos do jogo. 
Chegamos no carro, ainda sem acreditar no resultado adverso.


Anderson Souza e Cosmo Lima são estudantes do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC.

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