Heterossexualidade compulsória: Pelo direito de ser
"O nome é bem mais do que nome: o além da coisa,
coisa livre de coisa, circulando" Drummond
Um nome: mulher é desse lugar posso falar. Um lugar que comporta além da coisa, que flui, que circula. Um nome e muitas identidades em uma só mulher, que horas é barrado pela normatividade social que pretende em seu contexto que sejamos homogêneas.
Sim há sempre algo de intangível na singularidade da mulher, algo de certa forma mítico, que não apresenta características suficientes para ser percebido ou entendido, que tende a enganar a percepção, algo que escapa.
E não pretendo desvendar o mistério da mulher, apenas pensar
no contorno que bordeia esse quadro.
Seria em detrimento dessa parte de nós que não se pode
controlar nem prever que através dos tempos as sociedades buscam padrões
normalizantes? Sustentaríamos a condição de viver livres sem nome, sem lugar?
Temos um corpo biológico, natural e esse corpo é atravessado
pela cultura (do latim colere, que significa cultivar). Esse corpo biológico,
do sexo masculino ou feminino vai sendo “cultivado”, segundo os atributos
sociais, para ser homem ou mulher o que irá lhe conferir sua identidade de
gênero.
Ao menos é assim que a sociedade impõe sua narrativa naturalizante,
para poder ditar as regras de como se deve viver. Elegendo um padrão, e logo
todos o identificam como normal, limitando e restringindo as diversas formas de
vivências. Em meio a toda essa homogeneidade, pessoas que não seguem esses
padrões normativos são vistas como anormais e imperfeitos.
“As normas funcionam
como princípio normalizador das práticas sociais”. Butler defende uma
desmontagem de todo tipo de identidade de gênero que oprime as singularidades
humanas que não se encaixam. (BUTLER, 2006, p. 69)
Essa homogeneidade dos padrões normativos é limitadora, não
há lugar para a singularidade, para as diversas manifestações possíveis de
identidades (no plural!).
As singularidades como mostra o vídeo os 500 anos da mulher retratados na arte, ficam suprimidas, por um
padrão ocidental europeu dominante e um estereótipo da mulher passiva, como
objeto de desejo a ser pintada eternizada, enquanto homens eram retratados em
batalhas ou concebendo uma hierarquia de poder.
A ultima ceia. Leonardo Da Vinci (1495-1497) |
Fazendo um paralelo com os dias atuais, influenciados por um
ideal da moda através da mídia mulheres estão cada vez mais magras, como se
seus corpos tivessem que representar uma fragilidade física quase patológica,
enquanto os homens cada vez mais fortes representantes de uma força digna de
Deuses mitológicos.
Dolce & Gabbana é uma marca italiana internacionalmente famosa, criada pelo estilista siciliano Domenico Dolce, e pelo vêneto Stefano Gabbana, tem sede em Milão, na Itália: |
Outra marca famosa é a Ralph Lauren, existe desde 1967 e tem a sede Nova Iorque, nos EUA: |
Ambos se olharmos atentamente perdem sua singularidade
quando se encaixam nesse padrão de normalidade, de como ser e de qual forma
viver, homens podem querer ser frágeis e mulheres fortes e podem transitar por
inúmeras e diferentes formas de ser.
Que os direitos civis sejam igualitários entre homens e
mulheres, mas que a singularidade seja preservada, respeitada independente de
qual identidade de gênero esse individuo faça parte.
Se quiser(em) saber mais a respeito da temática, recomenda-se ver este vídeo:
Fonte do vídeo: 5 minutos de como a mídia afeta as mulheres:
http://www.socialfly.com.br/videos/216-5-minutos-de-como-a-midia-afeta-as-mulheres#
Andréia Moreira
Psicóloga/psicanalista, ocupa-se do atendimento clínico no consultório particular e no serviço público com adolescentes em situação de vulnerabilidade, pesquisa gênero/sexualidades - mestranda na UFABC (Núcleo de ensino história e filosofia das ciências).
1 comentários:
Andreia , adorei o texto , muito bom
12 de agosto de 2014 às 17:25Postar um comentário
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