A vida alheia

 


Qual o limite entre preocupação e invasão? Até que ponto a “bondade” e “amizade” pode ir sem invadir o espaço do outro? Ultimamente venho refletindo acerca desses questionamentos... Várias respostas vieram à minha mente, que as compartilhemos, fomentando (ou não) uma discussão.



Há pouco tempo eu lia a respeito da preocupação do cristão com o Outro, com o bem estar daqueles que estão a seu redor. Acredito que isso seja mesmo visível aqui no Brasil, um país pretensamente laico, mas que na verdade é cristão. Jesus foi mesmo alguém que se preocupou com mudar a realidade de todos aqueles que via serem oprimidos pelos poderosos, subjugados por quem comandava a sociedade... boa lição ele nos deixou.

Entretanto, acredito que, falando do contexto em que vivo, as pessoas acabaram por deturpar os ensinamentos de Jesus, transformando-se em verdadeiras “Dorotéias” (personagem interpretada por Laura Cardoso na novela “Gabriela”) que, por preocuparam-se em demasia com a vida dos outros, esquecem-se de que são tão humanos quanto os demais e que, só por isso, já possuem milhares de “defeitos”. Daí vem um pouco da resposta às perguntas formuladas: primeiro – tudo bem que nos preocupemos com o bem estar daqueles de quem gostamos, mas, muitas vezes, ultrapassamos o limiar da preocupação e iniciamos a ser invasivos, portanto, desnecessários.

Um dos mandamentos bíblicos é “amar o próximo como a si mesmo”. Tudo bem, nos amemos, mas deixemos de ser hipócritas. Onde já se viu alguém que tenta seguir esse mandamento ser responsável pela violência e discriminação contra as mulheres, negros, gays, enfim, contra outros seres humanos? Quando isso ocorre, tenhamos certeza de que esse grande e essencial mandamento bíblico não está sendo cumprido (para ver isso, basta ligar a TV ou por os és na rua).

Acho que de todos esses ensinamentos bíblicos poderíamos retirar uma simples palavra que já resolveria metade dos problemas do mundo: RESPEITO. As pessoas não se respeitam. A partir do momento em que o respeito ao outro e à individualidade que cada um carrega consigo for algo a ser praticado e não só teorizado não haverá mais invasão, não haverá mais discriminação e talvez, ou provavelmente, a violência diminua. Que tal pensarmos nisso, não somente enquanto algo que deve ser difundido em Igrejas, mas como um item que pode mudar o mundo?


Lembremos do filme “A Corrente do Bem”, no qual cada pessoa deveria fazer o bem a três outras... Ah, tentemos fazer isso e vejamos se algo mudará...






Oliver Corrêa nasceu em Ibirité, Minas Gerais, em 29 de agosto de 1984. Ama a literatura e a vida, buscando sempre ser a cada dia ser mais feliz do que o foi no dia anterior. Contato: oliver.corrêa@hotmail.com



A Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.
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Bumba meu boi do Grupo Cupuaçu no Morro do Querosene, São Paulo: Anotações sobre a prática instrumental


Sempre é muito bom publicar os trabalhos realizados pelos alunos da Faculdade de Música da FAC FITO. Suas experimentações, indagações, trocas e aprendizado, na disciplina de Etnomusicologia, a qual ministro há 3 anos, tem trazido para o âmbito da Pesquisa de Campo Antropológica e Musical,  uma contribuição importantíssima e urgente, visto que estudar culturas diversas deste mundão de meu deus também inclui estudar nossa cultura em suas miscigenações e hibridismos.
É bem vindo lembrar das citações do argentino, que estuda culturas de fronteiras,  Néstor Canclini, para exemplificarmos como entendemos a cultura em nossas inquietantes conversas e debates que são propostas e desenvolvidas nas aulas:

" ler o mundo pela chave das conexões não elimina as distâncias geradas pelas diferenças nem as fraturas e feridas da desigualdade" 2004:79.

"interculturalidade remete à confrontação e ao entrelaçamento, ao que sucede quando os grupos entram em relações e intercâmbios". Multiculturalidade, diz ele, apenas " supõe a aceitação do heterogêneo; interculturalidade implica que os diferentes são o que são em relações de negociação, conflito e préstimos recíprocos"  (2004:15)

Quero agradecer a profa Dra. Neide Esperidião, coordenadora da Faculdade de Música da FAC FITO, pelo apoio e incentivo que tem dado à disciplina e também agradecer  aos queridos alunos Emersom Gomes, Marcio Gomes, Paulo da Silva Martins e Paulo Roberto B. Oliveira pela séria pesquisa realizada no Morro do Querosene em São Paulo. Um importante panorama da cultura trazida do Maranhão e ressignificada por Tião Carvalho e por todos os personagens que como co-autores propõem novos olhares e imbricações à cultura e prática do Boi.

Katia Peixoto dos Santos 

Bumba meu Boi do Grupo Cupuaçu no Morro do Querosene, São Paulo:  Anotações sobre a prática instrumental 


Emersom Gomes
Márcio Gomes
Paulo da Silva Martins
Paulo Roberto B. Oliveira

A festa do Bumba meu boi realizada no Morro do Querosene, no bairro do Butantã, na cidade de São Paulo, é uma reprodução do bailado popular a maneira do povo maranhense. O Bumba meu boi é largamente praticado em todo o Brasil com suas variantes regionais, mas tendo em comum um enredo de muita simplicidade onde personagens arquetípicos dançam e cantam em torno de um boi que morre e ressuscita, animal este que para alguns autores é um elemento totêmico.
No Morro do Querosene a festa é hoje promovida pelo Grupo Cupuaçu que comemorou seus 25 anos nesta edição da festa em 23 de outubro de 2011, este grupo foi criado por Tião Carvalho, importante artista popular maranhense, a partir das aulas de dança popular que ministrava.
O universo do Bumba meu boi engloba além das danças, adereços e indumentárias confeccionados de maneira tradicional com bordados esmerados, há uma culinária associada à festa e uma parte musical que procuraremos abordar com mais destaque neste pequeno estudo.

Toadas e instrumentação:


O enredo e as danças são conduzidos por toadas puxadas pelo “cantador de boi”. São melodias que lembram lamentos, as letras se repetem e são cantadas de forma responsorial pelo cantador e o grupo. Construídas principalmente com notas longas, que contrastam com as divisões rítmicas da percussão, encontramos nelas melodias criadas no modo mixolídio, em tons maiores e utilizando pentatônicas menores.
O “cantador de boi” age como um mestre. Além do canto, apoia-se num maracá de metal (fig.1) para criar uma referência rítmica e de andamento para os outros instrumentistas, utiliza também um apito que sinaliza o inicio e o final das toadas.

Maracá
 Os membranofônios são os instrumentos fundamentais no Bumba meu boi: O “Onça” (Fig. 2), uma cuíca de grande porte, de timbre grave, que se encarrega de um papel de marcação, como se fosse um surdo, é executada com a fricção de um pano umedecido em uma haste presa à membrana de couro deste tambor.

Tambor Onça
Os “pandeirões” (Fig. 3) completam esta seção de instrumentos de pele estendida. São 
tambores rasos, com aros idealmente de madeira de jenipapo, de diâmetros que variam de 14 a 22 polegadas, não possuem tarraxas para a afinação da pele, para isso são esticados pelo calor de uma pequena fogueira que permanece acesa durante toda a festa. São percutidos com uma das mãos enquanto segurados com a outra. Há três sons básicos que combinados formam os “toques”: uma batida aberta que é o som principal do “pandeirão”, uma batida abafada e um tapa estalado. Os “pandeirões” têm liberdade para executar variações rítmicas nos toques principais (sotaques) e é comum perceber entre os muitos executantes diálogos e rítmicas diversas convivendo simultaneamente.

Aquecendo os pandeirões 

As “matracas” (Fig. 4), finalmente, providenciam os timbres mais agudos da rítmica do Bumba meu boi, são duas placas de madeira semelhantes a tacos, variando ligeiramente de tamanho e consequentemente de timbre. Percutidas uma contra a outra, com a função principal de marcar o tempo, ora de maneira binária ora ternária e eventualmente com as duas células rítmicas combinadas simultaneamente, mas nunca se afastando dessa função.

Matracas 
Dois sotaques (maneiras diferentes de executar os toques) se alternam durante a festa. O “Sotaque da Baixada” ou “Pindaré” caracteriza-se pela maneira de segurar o pandeirão, tocado “em baixo”. As matracas mantem a marcação binária do tempo e o andamento é um pouco mais lento. No “Sotaque da Ilha” os pandeirões são tocados “no alto”, as rítmicas são mais complexas. Percebem-se polimetrias nas células das “matracas” e dos “pandeirões”. O andamento é mais acelerado. (anexo 2)

Pandeirões no sotaque da baixada ou Pindaré 
Bandeirões com sotaque da ilha
Estas práticas instrumentais, no Maranhão, originalmente são passadas de geração a geração, como relatou Tião Carvalho a partir da sua própria experiência pessoal. A tradição do Boi naquele estado do Nordeste remonta a tempos passados, existem grupos com mais de 150 anos de atuação. Apesar de afastado dessa realidade o Grupo Cupuaçu mantém, ainda assim, a oralidade e o aprendizado empírico como forma de transmissão de conhecimento. Esta dinâmica de transformação tão afeita à cultura popular é expressa pelas palavras de Tião Carvalho: “... de alguma forma todos nós estamos num momento de aprendizado”.




Video realizado pelos alunos  - Entrevista com Tião Carvalho / Grupo Cupuaçu - Morro do Querosene, São Paulo

Referências bibliográficas


Versão em vídeo de “Bumba meu boi” do Grupo Cupuaçu. Anotações sobre a prática instrumental. São Paulo. 2011. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=w3_996gUMy4>. Acesso em 2 nov. 2011.
Integra da entrevista em vídeo com Tião Carvalho. São Paulo. 2011. Disponível em< http://www.youtube.com/watch?v=sdArzcM9RVI&feature=youtu.be > Acesso em 18 de novembro de 2011.
Íntegra da entrevista em vídeo com Cezinha, percussionista do Grupo Cupuaçu. São Paulo. 2011. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=uSkqTdswgx4 > Acesso em 18 de novembro de 2011.

Kátia Peixoto é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Mestre em Cinema pela ECA - USP onde realizou pesquisas em cinema italiano principalmente em Federico Fellini nas manifestações teatrais, clowns e mambembe de alguns de seus filmes. Fotógrafa por 6 anos do Jornal Argumento. Formada em piano e dança pelo Conservatório musical Villa Lobos. Atualmente leciona no Curso Superior de de Música da FAC-FITO e na UNIP nos Cursos de Comunicação e é integrante do grupo Adriana Rodrigues de Dança Flamenca sob a direção de Antônio Benega.
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JANUSZ KORCZAK NO MUSEU DO HOLOCAUSTO



"As crianças não são as pessoas de amanhã, mas são as pessoas de hoje. Elas têm o direito de ser levadas a sério. Elas têm o direito de ser tratadas com respeito pelos adultos, como iguais. Elas devem ser autorizadas a crescer do jeito que são. A pessoa desconhecida dentro de cada um deles é a esperança para o futuro." (Janusz Korczak)



                                                                  
Janusz Korczak (pseudônimo de Henryk Goldszmit, (1878-1942) médico judeu polonês, escritor e educador. Nascido em Varsóvia, Korczak dedicou sua vida a cuidar de crianças órfãs. Acreditava que as crianças deviam sempre ser ouvidas e respeitadas, e essa crença se refletiu em seu trabalho.

                                                         Korczak com crianças do orfanato.

Em 1912, Korczak tornou-se o diretor de um orfanato judeu em Varsóvia. Juntamente com Stefania Wilczyńska fundou e dirigiu Dom Sierot, um orfanato em Varsóvia, e se destinava a crianças judias, sendo financiado pela Sociedade judaica “Auxílio aos Órfãos”. O orfanato abriu no dia 7 de outubro de 1912, sendo Korczak o seu diretor e Stefania Wilczyńska (1886-1942), tornou-se a educadora principal. Korczak administrou  o orfanato durante trinta anos.


                                               Korczak com grupo de música do orfanato.



                               Meninas no orfanato descascando batatas. (Varsóvia, Polônia)

                                       Dr. Korczak e  Stefania Wilczynska com crianças, 1923.


Em 1939 no início da Segunda Guerra Mundial, Korczak se recusou a aceitar a ocupação alemã e a atender seus regulamentos sendo preso por tal atitude. No entanto, quando os judeus de Varsóvia foram obrigados a se mudar para um gueto, Korczak voltou seus esforços para as crianças do seu orfanato.  Apesar de receber ofertas de amigos poloneses para escondê-lo no lado "ariano" da cidade, Korczak recusou-se a a abandonar as crianças.




             Korczak com crianças do orfanato e um dos professores debaixo do castanheiro (1934-1935)

         
                           Korczak com os membros da Liga Cultural em frente ao Dom Sierot - (1937)

No início de novembro de 1940, o orfanato Dom Sierot foi transferido para o gueto. Durante a sua intervenção a propósito da transferência do orfanato numa repartição, Korczak foi detido. Os nazistas aprisionaram-no na cadeia do Pawiak, mas, passadas algumas semanas, foi libertado mediante o pagamento de fiança.


Korczak mudou-se com as crianças para um prédio em outra rua. (Foto tirada após a Segunda Guerra Mundial, 1940)

Em agosto de 1942, durante os meses de deportações do gueto, os nazistas prenderam Korczak e suas 200 crianças. Korczak foi cercado pelas tropas da SS Durante a chamada Grande Ação, ou seja, a principal etapa de extermínio da população do gueto de Varsóvia por parte dos Alemães. Korczak recusou, pela segunda vez, a proposta para se salvar por não querer abandonar as crianças e os funcionários do orfanato.


 
Ilustração de Helga Weissova. (Última imagem de sua série, feito fora de Terezín, em 1945)

No dia da deportação do gueto, Korczak acompanhou o cortejo dos seus educandos rumo ao local de onde partiam os comboios para os campos de extermínio. Nesta marcha seguiam cerca de 200 crianças e algumas dezenas de educadores, entre eles, Stefania Wilczyńska. A sua última marcha transformou-se numa lenda. Tornou-se um dos mitos da guerra e um dos temas mais recordados, ainda que nem sempre consistente e fiável nos pormenores.



 
Mulheres e crianças durante revista dos nazistas, depois do Levante do Gueto de Varsóvia (1943)
                     


Korczak e suas crianças foram enviados para o campo de extermínio de Treblinka, onde todos eles foram assassinados (1942)

Livros:
Ele escreveu vários livros entre eles Quando eu Voltar a ser criançaonde o personagem principal do livro em questão, por um passe de mágica, consegue voltar a ser criança. Dentro de sua vida vazia, tediosa, viu na sua fantasia de voltar a ser criança uma possibilidade de voltar a ser feliz. Ao conseguir realizar sua fantasia, o personagem começa a analisar de forma direta as angustias que uma criança sente, as injustiças que sofre, as angústias que deve suportar, enfim, todas as dificuldades que quase todas as crianças passam, mas que os adultos ignoram, como se nunca tivessem sido crianças.



Em Quando eu voltar a ser criança, novela psicológica na qual um professor desmotivado com a vida volta a ser criança, graças à magia do gnomo do suspiro da saudade, Korczak revela toda a complexidade de sua visão sobre a infância e denuncia não somente o desrespeito dos  adultos, motivado pela total incompreensão destes em relação às crianças, mas que também a vida delas não é fácil, pela complexidade e intensidade de suas descobertas e decepções, e também porque a sociedade está organizada de tal forma que dificulta profundamente a vida dos pequenos.

Filmes:
O Senhor está livre, Dr. Korczak, em alemão: Sie sind frei Doktor Korczak, um filme realizado por Aleksander Ford em 1975. O filme aborda os últimos anos de vida de Janusz Korczak, cujo papel foi representado pelo ator Leo Genn.
Korczak – filme polones realizado por Andrzej Wajda, com argumento de Agnieszka Holland, 1990. Representa o destino do Dr. Korczak e, de modo fragmentário, os crimes nazistas perpetrados contra as crianças e os educadores do Dom Sierot, durante a implementação da chamada Operação Reinhardt. O papel de Korczak foi representado por Wojciech Pszoniak.



 Korczak sempre se considerou judeu-polonês, e atuou no sentido de aproximar as duas culturas. Só começou a estudar hebraico nos anos 30, quando se aproximou do movimento sionista, mas entendia um pouco de ídiche. Somente nos anos 30, começou a interessar-se pelo renascimento nacional judaico; colaborou com publicações das organizações da juventude sionista e também participou nos seus seminários. Durante esse período de tempo, também foi abalado por uma crise na sua vida privada e profissional. Em certa medida, duas viagens à Palestina, em 1934 e 1936, ajudaram-no a superar a situação e, tal como escreveu, «a encarar o passado, obter apoio para repensar o presente e – inclusivamente – vislumbrar o futuro».

 


 Grupo de sobreviventes que viviam no orfanato de Janusz Korczak, ao fundo o retrato de Korczak.



Colaborou nesta edição: Mônica Munhoz Pereira*, com pesquisa e textos.
* Socióloga, formada pela UFBA, especialista em Cinema e Educação pela FAP (FAculdade de Artes do
   Paraná).








Izabel Liviski é Fotógrafa e Doutoranda em Sociologia pela UFPR.
Seu campo de pesquisa abrange Estudos de Gênero, Sociologia da Comunicação e da Imagem, Estudos Culturais e História da Arte.
Escreve a Coluna Incontros às quintas-feiras, quinzenalmente, para a Revista ContemporARTES.
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Ana Lee e Foto&Grafia




Hoje irei compartilhar o relato da colaboradora Ana Lee sobre o projeto, sua vivência, percepções, aprendizados desde o primeiro contato com o projeto. Além de postar algumas das imagens realizadas na Vila na exploração fotográfica realizada pelos Jovens Urbanos inscritos na sétima edição do Programa desenvolvido pelo CENPEC e terceira da Oficina Foto&Grafia.

"O nome "Neblina sobre Trilhos" sempre despertou certa curiosidade. Uma curiosidade contida. Cartazes pela UFABC e divulgações por meio da internet foram capazes de sanar apenas parte das minhas dúvidas. Quando soube que havia uma oportunidade para integrar a equipe do Neblina, logo me inscrevi. Não fui chamada, entretanto, na primeira lista de convocados, ficando na lista de espera.


Ana Lee, Odair de Sá Garcia e Ana Maria Dietrich.
Exibição do documentário na Fundação de Arquivo e Memória de Santos.


Foi só em julho, com um e-mail inesperado da Ana Dietrich, coordenadora do projeto, que pude compor a equipe. Nesse meio tempo, conheci a história, as fases e peculiaridades do Neblina. O que foi importante quando, de fato, ingressei nas atividades do projeto.



A Vila de Paranapiacaba, Foto: Ana Lee.
Ana Lee

Desde então, foram muitas exibições, debates, exposições e trabalhos. O aprendizado é inevitável. São pessoas e experiências diferentes a cada etapa, explorando conhecimentos e sentimentos que antes não conhecia. É impossível não se apaixonar pelo Projeto, uma vez que já está envolvido com ele. Se cria um carinho inexplicável, meus olhos já não vêem a Vila de Paranapiacaba e a Ferrovia da mesma maneira.



O Neblina está na fase de exibição e criação de um livro, já que todas as entrevistas, com personagens tão interessantes, não podem compor um curto documentário. 



A equipe do Neblina é qualificada e o clima do Projeto é muito gostoso. Eu fui vítima daquilo que o Neblina busca nas exibições do documentário que é contar sobre a Ferrovia e a Vila, e conscientizar da sua antiga e atual importância. Então, como não acreditar e gostar em um projeto se eu mesma pude aprender com ele?"







A Oficina Foto&Grafia é desenvolvida pela professora de Fotografia e Arte Educação Melina Resende em parceria comigo, Soraia. Nesta edição me dediquei mais a incitar a produção audiovisual e o vídeo resultante está quase pronto! 

Os materiais/produtos resultantes desta vivência de apenas 1 mês de trabalho e intensa dedicação serão expostos no bairro Eldorado, subdistrito Cidade Ademar, periferia localizada na Zona Sul da cidade de São Paulo, próximo de Diadema. E em outros locais ainda não definidos, assim que houver a comunicação do Cenpec comunicarei-os.

Entre as variadas saídas fotográficas, levamos os Jovens no dia 06/10 a Vila de Paranapiacaba. Eles ficaram muito encantado com as histórias e natureza abundante, entretanto, muitos perceberam o abandono presente na Vila, falaram que existem muitas pessoas humildes morando lá e questionaram a carência de melhorias na infra-estrutura da Vila.

Agora postarei para vocês, algumas das imagens:
Vagão decadente. Acervo: Foto&Grafia
Neblina na Vila. Acervo: Foto&Grafia
Momento de reflexão e conversa sobre o que acharam da Vila.




Relógio a Vista! Acervo: Foto&Grafia


Outra informações, acessem nossas páginas Neblina Sobre Trilhos e/ou Foto&Grafia.




Soraia Oliveira Costa, bacharel e licenciada em Ciênciais Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA). Professora de Humanidades, trabalha também com fotografia, audiovisual e oralidades desde meados de 2007, quando começou a analisar o cenário urbano, a natureza, o trabalho, os transportes, o comportamento, a cultura, a arte... 


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A senha




O sujeito esqueceu a senha. A senha que usa há três anos. A senha que usa todo mês. A senha que usa sem pensar. A senha que o dedo indicador conhece de cor. A senha que os olhos estão cansados de ver. A senha que o coração está cansado de ignorar. A senha que a memória está cansada de guardar. É, a memória cansou. A senha? Cadê a senha?

A senha está na pasta dos números. O número da identidade. Do CPF. Da carteira de trabalho. Da matrícula. Do passaporte. Da zona eleitoral. Da zona. Da comida congelada. Da pizzaria. Do médico. Da assistência técnica. Do bombeiro. Da polícia. Do Bope. Do FBI. Da Nasa. Da mamãe. Do papai. Do irmão. Do cachorro. Do papagaio. Da sogra.

Da senha? Nada.

De tanto procurar e não encontrar, o sujeito caiu no sono. E se estabacou no sonho. Chão duro, áspero, de pesadelo. Ele era o Willie Coyote e a senha, o Papa-Léguas. Ele era a Dorothy sem uma estrada de tijolos amarelos. Era o Jack Sparrow sem mapa nem bússola. Era João e Maria sem os pedacinhos de pão. Era o Tio Patinhas sem o segredo da Caixa-Forte.

Era tantos, não era nenhum.

Acordou sem saber quem era. Sem saber o que era. Sem saber o que procurava. Sem saber o que tanto procurava. Sem saber quando, onde, como, por quê, para quê. Sem saber. 

Muito tempo depois veio um furacão − que levou o mundo inteiro e trouxe a senha de volta. A senha esquecida há anos. A senha que ele usava sem pensar. Que o dedo indicador conhecia de cor. Que os olhos estavam cansados de ver. Que o coração estava cansado de ignorar. Que a memória estava cansada de guardar. É, a senha lembrou-se do sujeito.

Sujeito? Que sujeito?








Fábio Flora é autor de Segundas estórias: uma leitura sobre Joãozito Guimarães Rosa (Quartet, 2008) e escreve no Pasmatório (http://pasmatorio.blogspot.com.br).
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CONTANDO ESTRELAS



CONTANDO ESTRELAS:
UM TEMA, DOIS POEMAS.


Abraços Literários e ate +.


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Drops




Vinhedo (SP) recebe, a partir da próxima quarta-feira, dia 10, a Exposição Coletiva SOPRUS UNIVERSALIS. A mostra traz 18 obras de nove das cidades de Campinas, Itatiba, Piracicaba e São Paulo. Entre as técnicas utilizadas nas obras estão o óleo sobre tela, acrílico sobre tela, aquarelas, spray, nanquim, colagens, dentre outras.

A exposição tem organização da “Mais Produção Cultural”, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Vinhedo e das empresas InPaper e Fcinco Soluções. Para a  omendadora Rachel Bratfisch, que está à frente da Mais Produção Cultural, o evento só foi possível “através do desejo dos artistas em mostrar para o público suas obras, seus conceitos artísticos e também pelo apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, que abriu as portas do Museu para mais um evento cultural e também de nossos patrocinadores que acreditam que na arte como instrumento de modificação das pessoas”. 
A abertura da exposição será realizada às 18h, no Memorial do Imigrante de Vinhedo, que fica na Avenida dos Imigrantes, s/nº - Portal – Vinhedo/SP.  O público pode visitar a mostra de 10 a 31 de outubro.


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Duas palestras sobre Políticas Públicas movimentam a semana na Universidade Federal do ABC - UFABC.

 Amanhã, dia 08, das 15h às 19h, acontece a mesa “Ações Afirmativas e a educação para pessoas com deficiência”,  parte do Projeto de extensão da UFABC Desigualdade Regional e as Políticas Públicas. O evento é organizado pelo Prof. Dr. Artur Zimerman – UFABC e contará com a participação de professores oriundos de universidades das cinco regiões do país. Para mais informações e para realizar inscrição, acesse http://desigualdaderegionalufabc.wordpress.com
Já na terça-feira, dia 09, das 15h às 18h, será realizada a mesa Políticas de Segurança Pública, parte do Projeto Café com Políticas Públicas. 
Os dois eventos serão realizados na UFABC, Campus São Bernardo do Campo, na R. Arcturus, s/n, Bairro Anchieta. 

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No dia 29 de setembro, o colaborador da ContemporARTES, Antônio Gasparetto Júnior, lançou em Juiz de Fora o livro “25 Anos de Virtudes: A história do Capítulo Juiz de Fora nº 33 da Ordem DeMolay”. O livro já está à venda e pode ser adquirido no site do Capítulo Juiz de Fora nº 33 ou pelo site da editora Virtual Books.






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Patricia Saviolli Alencar e Lu Bittencourt Zimmermann dividem uma paixão por peças antigas. Há 10 anos elas criaram uma empresa de preservação cultural , a LUPA, e atualmente, possuem um museu particular com mais de 2.000 peças antigas, entre chapéus, brinquedos, discos, figurinos, bicicletas, triciclos, lambretas, entre muitas outras. 
As peças estão disponíveis para serem locadas para eventos, cenografias e para comporem o acervo de exposições culturais.  Os objetos que perderam algumas de suas características originais passam por restauração, comanda por Lu Bittenrcout. Para conhecer melhor o trabalho da LUPA, acesse www.facebook.com/lupaexpo ou  www.lupaexpo.com.br ou entre em contato pelotelefone (11) 3672-3812. 




Mônica Bento é jornalista, formada pela Universidade Federal de Viçosa (MG). Em seu trabalho de conclusão de curso estudou a função social das salas de cinema e desenvolveu a reportagem multimídia CineMemória. Pertence a equipe de Comunicação da Contemporartes-Revista de Difusão Cultural.  



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