Berlim in progress
Há quase duas décadas morando em Berlim pude e posso observar as mudanças que a cidade vem passando. Uma das mais visíveis, a reforma da paisagem urbana, principalmente nos bairros do antigo lado comunista. Onde antes havia o aspecto do abandono, que entristecia os primeiros visitantes, onde antes havia o improviso e a criatividade como solução e uma vida realmente alternativa, agora há fachadas bonitas em tom pastel e a apropriação deste "alternativo" com estética e, consequentemente, como mercado.
Berlim criou uma estética do "feio" do "velho", que é aceita agora por pessoas que talvez, há alguns anos atrás, nem sequer pensariam em descer as escadas de um porão úmido e necessitado de uma boa reforma para comer e beber entre amigos. O caos, o feio e o velho está domesticado.
Se isso é bom ou ruim, não quero aqui julgar. Fato é, Berlim se transforma e ninguém pode prever se em algumas décadas ainda haverá prédios que testemunham este momento pós queda do muro. Mesmo porque eles realmente precisam de uma reforma!
| Entrada do prédio Schwarzenberg, Rosenthaler str 39, Berlim |
Um desses prédios é o Schwarzenberg, na Rosenthaler str 39, um prédio cheio de histórias, construído na segunda metade do século 18. primeiro como moradia, depois também como espaço para oficinas e mais tarde pequenas fábricas. Durante a ditadura nazista o prédio abrigou entre 1936 e 1945 a fábrica de escovas e vassouras de Otto Weidt. Nesta fábrica Weidt empregava judeus em sua maioria cegos e surdos, protegendo seus trabalhadores da deportação.
Hoje uma associação, fundada em 1995, que leva o nome da casa - http://haus-schwarzenberg.org - administra o prédio e abriga galerias, ateliês, bares, cinema alternativo, lojas e museu. A concessão termina este ano e seus organizadores não sabem se será renovada.
| Neste pátio está o Cinema Central, onde passa filmes na lingua original que não são blockbusters. |
Esta cantinho de Berlim sobrevive no meio da nova Berlim, na mesma rua um pouquinho mais a frente está a loja da Hugo Boss e a sede da SAP. Logo ali numa outra rua a loja de Karl Lagerfeld e muitas outras lojas chiques que dão uma pista de como a será essa transformação. Quem sabe a cidade, agora novamente capital da Alemanha, retome seu glamour dos idos tempos da República de Weimar, na década de 20, quando era a maior cidade industrial do continente e uma metrópole da cultura e do entretenimento, da boêmia e da vanguarda intelectual.
e mora em Berlim. Realizou dois “estudos de História” uma vez no Brasil outra na Alemanha. Sempre voltada para a leitura de manuscritos, o que quase significa: “quanto mais ruim for o garrancho melhor”. trabalhou no Brasil como paleógrafa, mas a vida quis a tradução, trabalho que exercia durante os estudos e continua fazendo até hoje em Berlim.
Dentre as “realizações” teve a oportunidade de organizar um arquivo pessoal com documentos inéditos no Instituto Ibero-americano em Berlim, trabalhar com um manuscrito do século XI e, finalmente, saber o latim. Ainda por vir, a escrita de um trabalho historiográfico, o doutorado.
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6 comentários:
Bem vinda!! Ótima coluna!! Auguri!! Ps. sou o ex-inquilino da "Girassol-Giramundo" :)))
4 de março de 2015 às 05:18que gostoso conhecer Berlim assim! vou amar...!
4 de março de 2015 às 09:18Bem vinda, Ana...parabéns pela 'inauguração' em grande estilo!
4 de março de 2015 às 11:42abraço grande.
Bel
querida ana, é um prazer enorme tê-la conosco para mostrar sua arte, suas reflexões. Saiba que lhe admiro muito como pessoa, profissional e amiga. bjs
6 de março de 2015 às 20:14Obrigada pelas boas vindas! Eu estou bem contente em poder fazer parte desta Revista. Abraços a todos
18 de março de 2015 às 10:14Postar um comentário
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