Mundo dos Sonhos & Saramago


Por Yone Ramos Marques de Oliveira




MUNDO DOS SONHOS


Quando nas madrugadas eu sonhava
E eu acreditava no que era irreal
Eu olhava aqui dentro
Eu via um mundo de fantasia
Num rosto de menina
Eu estava correndo como o vento
Em busca de algo maior que eu
Encontrei um rio límpido e intenso
Suas águas eram agitadas
E essa tempestade dormia em mim
Suas explosões molhavam minha face
A intesidade do meu tempo
Não marcada em relógio algum
Como um passáro enjaulado
O inexplorado dentro de mim
Tudo escondido nas palavras
E o tesouro que enterrei
Para ser encontrado por alguém
E o que acontece no mundo real
Meu coração absorve como um buraco negro
Não sinto como todos
Mas existe algo confuso e estranho
E eu sentia medo de ser errado
Ser como eu aprendi a ser
Não há nada o que fazer
Seus segundos se tornam dias aqui
Seus carinhos se tornam amor
Seus espinhos se tornam lanças afiadas
E minhas mãos alcançam o céu
Acredite, tudo é diferente
Quando eu coloco a cabeça no travesseiro
Existe um universo em minha mente
Colorido e vívido como meus olhos no espelho
A realidade que há em mim
Não sou exatamente o que você está procurando
Não sou como contaram para você
Sou uma ilusão passageira
Brincando de ser uma verdade
Sou uma música não cantada
Nos séculos de existência
Sou uma criança girando no infinito
Sou parte falha de uma ciência
Sou o que não se pode descrever
Mas agora eu me sinto pronta
Pra acordar outra vez...

(Yone R. M. Oliveira)

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Em memória ao que pouco compreendi, mas muito admirei: segue uma homenagem ao grande escritor José Saramago, eternizado por si só!





Morre o escritor português José Saramago aos 87 anos




18 de junho de 2010 - O escritor José Saramago morreu na madrugada desta sexta-feira (18)



Morreu nesta sexta-feira (18) o escritor português e prêmio Nobel de literatura José Saramago, aos 87 anos, em sua casa, na cidade de Tías, Lanzarote, Espanha.

José Saramago havia tido uma noite tranquila e a morte ocorreu por volta das 8h desta sexta-feira, após tomar seu café da manhã ao lado da mulher, a tradutora Pilar del Río. Eles estavam conversando quando o escritor começou a sentir-se mal e logo depois faleceu.

José de Sousa Saramago nasceu na aldeia portuguesa de Azinhaga, província de Ribatejo, no dia 16 de novembro de 1922, embora no registro oficial conste o dia 18. Filho dos camponeses sem terra José de Sousa e Maria da Piedade, mudou-se para Lisboa aos 2 anos, onde viveu grande parte de sua vida.

O escritor deveria ter sido registrado com o mesmo nome do pai, mas o tabelião acrescentou o apelido pelo qual o chefe da família era conhecido na aldeia, Saramago, que também dá nome a uma planta que serve de alimento para os pobres em tempos difíceis.

Saramago concluiu os estudos secundários em uma escola técnica, mas não pode cursar a universidade por dificuldades financeiras. Sua primeira experiência profissional foi como mecânico. Fascinado pela literatura desde jovem, visitava com grande freqüência a Biblioteca Municipal Central Palácio Galveias, na capital portuguesa. Foi só aos 19 anos, com dinheiro emprestado de um amigo, que conseguiu comprar pela primeira vez um livro.

Além de mecânico, o escritor português trabalhou como desenhista, funcionário público, editor, tradutor e jornalista. Durante doze anos, foi funcionário de uma editora, onde ocupou os cargos de diretor literário e de produção.

Publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado, em 1947. Em 1955, começou a fazer traduções de autores como Hegel, Tolstói e Baudelaire para aumentar os rendimentos. Seu próximo livro, Clarabóia, foi rejeitado pela editora e permanece inédito até hoje.

O escritor só publicaria um novo livro, Os Poemas Possíveis, (1966), dezenove anos depois do primeiro. Entre 1972 e 1973, foi comentarista político do Diário de Lisboa, coordenando durante alguns meses o suplemento cultural do jornal. Em um espaço de cinco anos, publicou sem grande repercussão mais dois livros de poesia, Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975).

O escritor fez parte da primeira diretoria da Associação Portuguesa de Escritores. Entre abril e novembro de 1975 foi diretor-adjunto do Diário de Notícias, quando os militares portugueses, reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos, demitiram diversos funcionários. A partir de 1976, o escritor português passou a viver exclusivamente de seu trabalho literário.

No ano seguinte, o autor voltou a escrever romances, gênero que o tornou mundialmente conhecido. A partir desta época, sua produção literária cresce consideravelmente, mas é em 1980 que Saramago dá uma grande guinada em sua produção literária, com a publicação de Levantado do Chão.

Segundo diversos críticos, a obra marca o início do estilo que o consagrou, destacado por frases e períodos extensos, que as vezes ocupam mais de uma página e são pontuados de maneira anti-convencional. Os diálogos entre os personagens costumam aparecer inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma a extinguir o uso de travessões em seus livros.

Com a censura do governo português à apresentação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) para o Prêmio Literário Europeu sob alegação de que a obra ofendia os católicos, o escritor mudou-se para a ilha de Lanzarte, nas Canárias.

Em 1993, Saramago começou a escrever um diário, Cadernos de Lanzarote, em cinco volumes. Dois anos depois, publicou o romance O Ensaio Sobre a Cegueira, que será transformado em filme em 2008, com direção assinada por Fernando Meirelles.

No mesmo ano em que publicou Ensaio Sobre a Cegueira, recebeu o prêmio Camões e em 1998, foi laureado com o prêmio Nobel de literatura, o primeiro dado a um escritor de língua portuguesa.

"Estava no aeroporto prestes a embarcar quando chegou a notícia de que tinha ganho o Prêmio Nobel. Houve um momento de alegria, os meus editores de Madrid, que estavam comigo, abraçaram-me. Depois encaminhei-me na direção da saída e, por mais estranho que pareça, era um corredor muito comprido e deserto. Eu com a minha malinha de mão, com a minha gabardina no braço, passei de repente da alegria enormíssima da notícia que tinha recebido, para a solidão mais completa. Naquele momento a sensação que tive, claro que eu dava por mim numa grande alegria, era uma espécie de serenidade: pronto aconteceu", afirmou o escritor sobre o prêmio.

Considerado por especialistas um mestre no tratamento da língua portuguesa, em 2003 o escritor português foi considerado pelo crítico norte-americano Harold Bloom como o mais talentoso romancista vivo. Seus livros foram traduzidos para mais de vinte línguas, como sueco, romeno e húngaro.

Comunista ferrenho, Saramago teve sua carreira pontuada por polêmicas causadas por suas opiniões sobre religião, terrorismo e conflitos. Em entrevista ao jornal O Globo, Saramago criticou a posição de Israel no conflito contra os palestinos, afirmando que "os judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto".

A Anti-Defamation League (ADL), um grupo judaico que defende direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas.

O ano de 2004 destaca-se pela publicação de Ensaio Sobre a Lucidez. No ano seguinte, Saramago escreveu As Intermitências da Morte, em que divaga sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência, fazendo uma crítica a socidedade moderna.

Em 2007, o Nobel de literatura anunciou que pretendia criar uma fundação com o seu nome cujo objetivo é preservar e estudar sua obra literária e espólio e ainda tomar partido em grandes e pequenas causas.

Família

Saramago casou-se pela primeira vez em 1944 com Ilda Reis, com quem teve uma filha, Violante, que nasceu em 1947. O escritor permaneceu casado com Ilda por 26 anos.

Após se divorciar, em 1970, iniciou um relacionamento com a escritora portuguesa Isabel da Nóbrega, que duraria até 1986.

Em 1988, o prêmio Nobel de Literatura casou-se novamente com a jornalista e tradutora espanhola María Del Pilar Del Río Sánchez, com quem permaneceu até a sua morte.



Obras publicadas

Poesia
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975


Crônica
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL Teve, 1974
Os Apontamentos, 1976
Viagens a Portugal, 1981


Diários
Cadernos de Lanzarote I, 1994
Cadernos de Lanzarote II, 1995
Cadernos de Lanzarote III, 1996
Cadernos de Lanzarote IV
Cadernos de Lanzarote V


Teatro
A Noite, 1979
Que Farei Com Este Livro?, 1980
A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
In Nomine Dei, 1993
Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005


Conto
Objeto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
O Conto da Ilha Desconhecida, 1997

Romance
Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio sobre a Cegueira, 1995
A Bagagem do Viajante, 1996
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
As Pequenas Memórias, 2006
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009



Texto retirado de: noticias.terra.com.br/.../0,,OI4504165-EI16683,00-Morre+o+escritor+portugues+Jose+Saramago+aos+anos.html










Yone Ramos Marques de Oliveira, teóloga e historiadora, escreve aos sábados, quinzenalmente no ContemporARTES.

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Série Breves Biografias: ARMAZÉM COMPANHIA DE TEATRO


A Armazém Companhia de Teatro, que pode ser considerada um dos mais importantes nomes do teatro contemporâneo brasileiro, vem desenvolvendo uma forma de fazer teatro muito interessante que tem cativado uma grande quantidade de público.

Seu trabalho de pesquisa teatral é tão sério que faz de seus espetáculos um convite à reflexão, ao olhar diferenciado do mundo e de como os seres humanos lidam com questões aparentemente simples, porém imbuídas de uma complexidade que passa despercebida devido ao ritmo frenético do cotidiano. E isso é colocado em cena, certas vezes, de uma forma tão sutil que o público pode nem perceber, graças à forma como exploram a fantasia. Entretanto, os questionamentos surgem e a platéia, em sua maioria, sai do teatro pensando de forma diferente, encantada com o trabalho dos atores. Para Paulo de Moraes, “o teatro não é um lugar para relaxar, mas para se energizar. O público precisa sair de lá com um outro espírito”.

Paulo de Moraes, diretor da companhia, vivenciou um aprendizado como ator no Grupo Delta (que fez história nos anos 80 em Londrina), o que contribuiu como experiência para que ele construísse uma visão ampliada da cena contemporânea e tivesse base para desenvolver seu próprio trabalho teatral.

Em 1987, Paulo reuniu um grupo de 20 jovens do curso de teatro que ministrava para alunos de um colégio de 2º grau em Londrina e montou o espetáculo Aniversário de Vida, Aniversário de Morte. Na época, o nome escolhido para o grupo foi Companhia Dramática Bombom Pra Que Se Pirulito Tem Pauzinho Pra Se Chupar. Mais tarde, com o elenco mais reduzido e selecionado, surgiram outros espetáculos como: Périplo – O Ideograma da Obsessão (1988), A Construção do Olhar (1990) e Alabastro (1991). Como o nome do grupo era muito complicado, ele foi modificado para Armazém Companhia de Teatro, numa alusão aos antigos barracões que usavam para os ensaios e apresentações, numa região antiga da cidade.

A companhia vai se desenvolvendo crescentemente, o que pode ser atribuído à sua audácia estética, ao trabalho árduo e constante (feito com disciplina), à vontade dos integrantes em ter o teatro como um sentido para suas vidas (pois muitos deixaram escola, trabalho e família para se dedicar, de corpo e alma, ao teatro) e a determinação em manter um espaço próprio, que fosse estável e seguro, além de conceitualmente alternativo, para ensaios diários e apresentações, onde o grupo pudesse se libertar dos moldes tradicionais do teatro.

O diretor tinha como objetivo elaborar uma linguagem própria, por meio de pesquisas constantes, exigindo dos atores posturas originais, o que, segundo ele, os levariam a ser autênticos criadores de uma narrativa corporal rica e ousada.

A primeira sede do grupo, ainda com o primeiro nome, era um barracão alugado em Londrina, chamado de Lugar, que já tinha sido um ringue de patinação, cervejaria e local para realização de rinhas (brigas de galo). Por volta de 1993, se mudaram para um segundo galpão com cerca de 450 metros quadrados, pé-direito alto, mais espaçoso que o anterior, mas também alugado e mantido pelos membros da companhia, os quais vendiam carros, moto, ou até atrasavam o aluguel de casa em prol da “arte dos palcos”. Além disso, desde os tempos do Lugar, o grupo oferecia cursos de iniciação teatral, alugava o espaço para desfiles e shows (trabalhando também com a produção desses eventos), e também faziam de temporadas de espetáculos.

A Ratoeira é o Gato estreou em abril de 1993 em Londrina, inaugurando o Teatro Armazém. É um marco na história da companhia, pois lançou o grupo nacionalmente e rendeu à Patrícia Selonk o Prêmio Mambembe 1994 de Melhor Atriz, por seu desempenho como o bufão Falstaff. Nesta montagem Paulo coloca em cena toda a sua pesquisa de linguagem teatral, mostrando o mecanismo de funcionamento interno da violência urbana e seu desenvolvimento no seio da sociedade contemporânea, com um espetáculo que atingia profundamente o público.

A companhia ganhou grande projeção com A Ratoeira é o Gato, foi quando começou a excursionar fazendo temporadas por grandes centros como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, além de participar de festivais de teatro pelo país. Foi então que chegaram a conclusão de que Londrina tinha ficado muito pequena para o trabalho teatral que eles haviam desenvolvido.

Enquanto amadureciam a idéia de se transferirem para o Rio de Janeiro a companhia continuava ensaiando, criando e produzindo seus espetáculos em Londrina, mas viajando com os mesmos para diversos centros culturais do país. O elenco estável, formado por Patrícia Selonk, Marcos Martins, Simone Mazzer, Simone Vianna e Narlo Rodrigues, que pertenciam à companhia praticamente desde o começo, foram bases de sustentação para essa nova empreitada que estavam programando.

Foi ainda dentro desse contexto que montaram os espetáculos A Tempestade (1994), Édipo (1995), Out Cry (1997), Sob Sol em meu Leito após a Água (1997) e Esperando Godot (1998), alguns dos mais importantes espetáculos do país.

Djalma Thürler é Cientista da Arte (UFF-2000), Professor do Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade e Professor Adjunto do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA. Carioca, ator, Bacharel em Direção Teatral e Pesquisador Pleno do CULT (Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura). Atualmente desenvolve estágio de Pós-Doutorado intitulado “Cartografias do desejo e novas sexualidades: a dramaturgia brasileira contemporânea dos anos 90 e depois”.

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A FOTOGRAFIA E OS ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÃO


A coluna Incontros traz o depoimento e algumas imagens do fotógrafo Marcus SantAnna, que não é fotógrafo profissional, mas que faz do exercício imagético, mais do que uma experiência estética, uma busca pela compreensão da ocupação dos espaços urbanos para além do seu significado meramente físico:

Comecei a fotografar em 1998, depois que meu avô me deu de presente de aniversário uma Zenit 11, soviética. Dias antes, ele me viu namorando aquela máquina pela vitrine da loja. Na verdade, não tinha a menor intenção em aprender a fotografar. Era a câmera que me chamava a atenção, com aquele tamanho todo e um painel cinza quadriculado que depois me disseram ser o "fotômetro de selênio"!

No início achei um pouco complicado, era difícil revelar e aparecer alguma imagem visível, então desanimei. Só depois de iniciar o curso de Arquitetura (UFV, 2000), comecei a ter interesse em aprender os fundamentos da fotografia. Em pouco tempo já estava usando uma Canon digital, que me serviu, acima de tudo, para compreender o quanto era mais prazeroso, para mim, a fotografia analógica.

Como não sou fotógrafo profissional e não tenho uma formação tão específica no campo das artes, fico sempre com a impressão que ainda estou aprendendo. Tudo ainda é muito experimental e mesmo que atualmente eu não esteja mais preocupado com os cânones da "boa fotografia", muitas vezes ainda anoto no papel a abertura e velocidade! No meu caso, utilizo equipamento de baixa qualidade, como uma Lomo Smena8M, isso acaba sendo fundamental. Dominar uma câmera dessas, que é um equipamento "imprevisível", é sempre um desafio. Isso pode parecer contraditório, mas mesmo não me preocupando muito com a "regra dos terços", não sou do tipo empolgado com lomografia(1): Don't think, just shoot... não dá.

Filme slide é caro e difícil de encontrar! Me divirto até mesmo com câmeras melhores. Uso muito também uma Olympus XA, XA2 e uma Pen, que são subcompactas consagradas e mesmo assim nunca sei como ficaram as imagens. Quantas sobreposições? Quantos vinhetas? Quantas películas queimadas? Esses defeitos são surpreendentemente prazerosos. Fico ansioso quando vou ao laboratório buscar as revelações, muitas vezes em processo cruzado com slides vencidos. Eu mesmo faço o scan das fotos e só uso photoshop para ajuste do tamanho. Dispenso qualquer tipo de pós-processamento. Por isso ainda faz sentido fazer anotações quando se quer alto contraste e saturação. Acho que é essa falta de instantaneidade que me faz gostar de fotografia. É meu momento de "tempo lento", como diria Milton Santos!

Mais que um exercício estético, fotografar pra mim é uma forma pessoal de experimentar o espaço, e assim, acabo produzindo uma leitura pessoal onde esse ato fotográfico se confunde com minhas preocupações acadêmicas.

Olhar a cidade, a rede de interesses e relações, a vida ou a falta dela na paisagem urbana tem sido minha principal temática desde a graduação. Isso se intensificou muito depois que me mudei para Belo Horizonte, onde fui fazer meu mestrado na área de Geografia Humana, em 2006. Ainda hoje, continuo com as mesmas preocupações, de ultrapassar a barreira da espacialidade física, e poder captar as relações sociais que subsistem no espaço. Para ser mais específico, me preocupo com os aspectos da produção do espaço que tem lugar no físico, no concreto, os chamados "espaços de representação", e que vão ser definidos por várias categorias: lugares, territórios, espaço diferencial, territórios de subjetivação, espaços liminares...enfim, são eventos, definidos pela forma de uso e apropriação de uma determinada espacialidade. E quando me refiro a usos, não há como não registrar seus "usadores". Isso não exclui o seu oposto, os não-lugares e os "usuários de espaço". (M.S.)

P.S.:
(1) A Lomografia é um fenômeno fotográfico que é produzido por uma câmera automática, de alta sensibilidade, capaz de registrar cor e movimento sem necessidade de flash e sem deformação. O processo consiste no recebimento contínuo de luz que é feito através do sistema de exposição automático, que chega a durar 30 segundos. Outro efeito, dependendo do modelo e da lente, é o olho de peixe, no qual a foto fica com uma moldura circular. O nome é uma referência ao modelo LOMO LC-A, uma câmera compacta que começou a ser produzida a partir de 1980.
Atualmente, as câmeras LOMO são objetos de culto. Originaram uma comunidade internacional de seguidores, a Sociedade Lomográfica Internacional. A sua prática é considerada um modo de vida, e os lomógrafos convivem com um conjunto de dez regras básicas:
  1. Leva a tua Lomo onde você for.
  2. Fotografe a qualquer hora do dia ou da noite.
  3. A Lomografia não interfere na sua vida, ela é parte dela.
  4. Aproxima-te o mais possível do objeto a ser fotografado.
  5. Não pense.
  6. Seja rápido.
  7. Você não precisa saber antes o que fotografou.
  8. Nem depois.
  9. Não fotografe com os olhos.
  10. Não se preocupe com as regras.
(Fonte: Wikipédia)

Legendas:
Foto 1- “Sem Título”
Foto 2- “Não-Lugares”
Foto 3- “Usadores”
Foto 4- “Entre Lugares


Izabel Liviski, Mestre em Sociologia na linha de Imagem e Conhecimento pela UFPR e consultora da Contemporâneos, escreve quinzenalmente às 5ªs. no ContemporARTES.
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Mão pesada (Cícero Barbosa)


Vem ver! Vem ver! Vem ver! Gritou ela agitando os braços, demonstrando sem disfarçar sua expectativa misturada com empolgação e felicidade. Havia chegado do colégio e desabado com minha mochila no sofá. Nem a tirei e já peguei o controle remoto da televisão para ver o programa esportivo que deveria estar na metade ou quase acabando. Minha irmã entrou na frente da T.V. e disse: nasceu!

Como assim?, eu disse. E você nem me chamou! Fui correndo até a caixa onde a Tinha (nome da gata vira-lata) dormia, mas estava vazia. Que mentirosa, como ela pode brincar com uma coisa dessas. Não, disse ela, ela deu cria no seu armário. Como assim? Como? Veja. Eu vi. Não são lindos? É. Eram dois gatinhos mais a mãe no maior sossego dormindo nas minhas blusas de lã. Acho que ainda ela vai partir mais dois. E pariu.

Tentei algumas vezes levar os gatinhos e a mãe para a caixa de papelão, mas ela insistia em levá-los de volta para o meu armário. Tirei as minhas blusas de lã e as substitui por um velho cobertor. Nasceram quatro filhotes: Tinho, quase todo preto; Mirinho; quase todo branco; Mirinha, malhada como a mãe; e Tchuby, todo tigrado em cinza.

Num domingo de manhã acordei com umas risadas. Eram minha irmã que trouxe umas amigas para ver a cria da Tinha. Só que me deixou com uma baita vergonha, pois eu dormia sempre de cueca e como mexo muito durante a noite, quando elas chegaram não tinha coberta nenhuma cobrindo minha indumentária estampada com algum super-herói.

Ainda bem que depois de crescidos e bagunceiros, convenci a família de gatos a se mudar para a caixa de papelão. Os filhotes corriam pra lá e pra cá. Se agarravam. Pulavam em cima da mãe. Escalavam a cortina. Desfiavam o estofado do sofá. Provocavam uma anarquia e incitavam a desordem por onde passavam. E todos adoravam eles.

Num desses corre-corre o cinza tigrado ao ir brincar na rua, foi justamente se esconder na roda de pneu do carro do meu tio e foi esmagado. Fiquei sabendo na hora que aconteceu, mas minha mãe já havia providenciado uma caixa de sapato para enterrá-lo e em torno dele já estavam voltas e voltas de barbantes.

Os meses se passam, os filhotes crescem. Quando chegaram até o telhado se sentiram mais livres e seguiram seus caminhos. Menos Tinha. Que continuava por ali esquentando nossos pés no inverno.

Vem ver! Vem ver! Vem ver! Gritou minha irmã agitando os braços, demonstrando sem disfarçar sua angustia misturada com decepção e tristeza. Havia chegado do colégio e desabado com minha mochila no sofá. Nem a tirei e já peguei o controle remoto da televisão para ver o programa esportivo que deveria estar na metade ou quase acabando. Minha irmã entrou na frente da T.V. e disse: ela vai morrer!

Sai correndo e segui o pequeno e estreito rastro de sangue que dava até a caixa de papelão forrada com o mesmo velho cobertor. Lá Tinha estava toda aberta, metade de seu pequeno corpo estava irreconhecível. Havia sido pega por um cachorro da vizinhança. Em questão de minutos era iria morrer, segundos, morreu.

Minha irmã estava inconsolável: gritava, chorava e andava de um lado para o outro. Eu estava parado: minhas mãos num momento esmagavam meus lábio, noutro iam até a cabeça. E numa dessas indas e vindas de incertezas e indecisões que decidi: vou me vingar.

Sai à rua e vi a cadela na vizinha que morava em frente. O pelo meio bege estava avermelhado. Não tive duvidas, apanhei um pedregulho que vi na rua, um pouco maior do que minha mão e fui à caça. Mas quando cheguei em frente da cachorra, não tive coragem de atacar a pedra, que caiu da minha mão. O barulho do paralelepípedo rolando fez a dona da cadela – que estava limpando o quintal – sair à rua para chamá-la para entrar. Eu em seguida, sem saber o que fazer e muito menos explicar tudo aquilo, fui também para a minha casa.


Cícero F. Barbosa Jr., mestrando em História pela PUC/SP, músico e artista, escreve às quartas-feiras quinzenalmente no ContemporARTES.


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2010!!!




...que tudo mais se transforme em poesia, que aquele que respira, come e fala resignifique-se. Que as palavras movam montanhas e movimentem corpos dançantes. Que música, acompanhe um bom bate-papo no Contemporartes!

Gostaria de começar pedindo desculpas à pessoas como minha mãe que me perguntam semanalmente quando sairá minha próxima coluna.
Em seguida peço que se lembrem da minha primeira coluna, publicada no dia 8 de agosto de 2009, em que me apresentei e afirmei que você leitor estaria em contato com o “mais próximo do que eu possa realmente ser” ao ler meus devaneios.
Ciente deste dolorido e saboroso processo de entrega a cada sílaba parida, comecei o ano covardemente, repleta de promessas de resignificação, mudanças, mais desejos e mais sonhos, e contraditoriamente me deixei levar por um dos medos que me cercam e que durante estes meses passados passei a sofrer e assumo agora publicamente portá-lo. [rs]
Pois é, iniciei o ano com medo de escrever, escrevi com muito sacrifício uma mensagem de ano novo para os mais próximos e depois travei, fugi até da agenda, do diário não passei nem perto. Em fevereiro quando sai quase que fugida de tão de repente de meu estado natal (adotivo), Minas Gerais, não só fugi das possibilidades de expressão escrita, como fiz o máximo para evitar momentos de intensa reflexão, mesmo aquelas constantes particulares inaudíveis que me perseguem a cada respirar.
E assim, peço que entendam, não tive intenção de abandoná-los, estava fugindo do “eu” que grita, que implora, que em desespero espera com fé que seus versos, estrofes, parágrafos, passos, movimentos, notas, solfejos, resolvam ou ao menos amenizem a dor do ser humano insatisfeito e desconhecido de si mesmo que sobre-vive neste universo.
Assim, me acovardei, mergulhei em uma alucinação que questionava a função dos meus versos, dos meus parágrafos, dos meus passos, e das minhas vocalizações, passei por uma dúvida artístico-criativa, um questionamento, confesso que ainda estou em crise e espero poder me tranqüilizar contando alguns dos meus pensares que ocupam esse meu dia-a-dia na engarrafada metrópole.
Pois bem, essa mudança para São Paulo, poluída, caótica, repleta de miseráveis acometidos pelas mais diversas carências, que se estendem desde falta de felicidade, de saúde, de dinheiro até falta de arte. Além de subir minha pressão arterial tem me proporcionado reciclagem artístico-cultural e mais desespero em conseguir um dia atingir o status de Arte em minhas obras e poder enfim carregar meus braços de armas maquiadas de Dança, Canção e Artigo e entrar em combate contra estes e outros absurdos.
2010, ano de mudanças, enfrentando os medos, enfrento agora a responsabilidade de escrever quinzenalmente para o Bar Contemporartes, e já agradeço publicamente esta oportunidade de conversar com vocês neste clima “happy hour”.
Sendo assim, desejo que me permitam nestes ensaios de 2010, apresentar-lhes o que tenho visto de bom pela capital como a Virada Cultural, o Bando de Teatro Olodum, os SESC´s, o Figuras da Dança, mostrar também o que tem me apavorado como o trânsito, a solidão, a paisagem cinza, explicitar o que tem me inspirado, como a fome, a miséria, a loucura dos que fizeram das ruas a sua morada, as constantes instalações humanas espontâneas, e muito mais.
Pretendo escrever com este olhar de pretensão artística sobre tudo que São Paulo tem me gritado calada ao pé do meu ouvido a cada momento desesperador em que fico parada feito formiga a contemplar sua imensidão, imensidão estas que pode inspirar e se transformar em obra e talvez em Arte.

Atenciosamente,
Aline Serzedello Vilaça


Ahh! Dica do mês: Série Conexão Latina _ cantora Amelita Baltar e Ballet Stagium reinterpretam PIAZZOLLA. Onde? Memorial da América Latina, Auditório Simon Bolívar. Quando? 25 de junho, 21h.
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Quatro Poetas Virtuais?


UMA SALA DE POESIA VIRTUAL
por Altair de Oliveira.


Com a chegada da internet, antes que os sites particulares e os blogs se popularizassem, iniciou-se uma grande corrida de renomados provedores (UOL, BOL, IG, Terra, hotmail, yahoo, etc) em busca de captar o interesse dos internautas "recém-formados". Na época, além da notícias da hora e dos endereços de correspondência eletrônicos (emails), um dos principais pratos servidos nos sites destes provedores era a sala de "chat" (bate-papo). Inicialmente a divisão das salas de pate-papo por temas, fazia com que as conversações fluissem, pois permitia que reunissem alí as pessoas com interesses e assuntos afins.

O provedor "Terra" manteve por longo tempo salas de chat destinadas aos amantes das artes; alí temas como música, cinema, teatro e literatura tinha suas próprias salas.
O tema "literatura" era dividido em "poesia" e em literatura, propriamente dita, neste último reuniam-se os amantes da prosa. Tanto na sala de prosa como na sala de versos era possível postar textos ou fragmentos de textos, opinar e participar de discussões sobre os mesmos, ou simplesmente prosear.

Apesar de vários frequentadores destas salas serem autores de prosa e de poesia, ou simplesmente serem apreciadores de ambas as artes, os 2 grupos pareciam não se darem muito bem entre si. Não raro observava-se atritos entre participantes das 2 salas, principalmente quando algum desavisado postava poema na sala de prosa, ou vice-versa. Mas quem frequenta sala de chat sabe que estes atritos são comuns neste ambiente de chat, no caso da sala de "poesia" do Terra, estes atritos acabaram por desvirtuar o encontro de poesia virtual que acontecia lá e o provedor optou então por desativá-la.


UM GRUPO DE "POETAS VIRTUAIS"

Por algum tempo eu participei do chamado bons-tempos da sala de literatura e também da sala de poesia do Terra, e em ambas fiz amigos e inimigos. Estes últimos, movido pelo bomocismo, eu os esqueci. Na sala de poesia eu travei amizade com um grupo de poetas bastante ativos que denominava-se "poetas virtuais".

O grupo de "poetas virtuais" era formado por poetas que se conheceram na internet e que decidiram, em nome da poesia, reunir-se em saraus para celebrá-la. Quando os conheci, eles já haviam feito sauraus de poesia em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Brasília e já haviam editado uma coletânea com trabalho dos participantes mais ativos. O grupo veio a promover estes saraus não virtuais dos "poetas virtuais" também em outras várias cidades como Curitiba e Florianópolis, e também publicou novas antologias. Pude então participar com eles, declamando meus poeminhas, nos saraus de poesia de São Paulo e Curitiba.

Do livro "Antologia de Poetas Virtuais de 2005" é que extraí os poemas destas 4 poetas (as gauchas Hanna Luz e Waleska Testa, e as paulistas Edna Libera e Rosí Finco) que apresentaremos a seguir. Pretendemos oportunadamente entrevistar alguns dos principais componentes deste grupo para que possam nos falar desta interessante experiência.



QUATRO POETAS



ESTOU ASSIM

Eu tenho o hábito de habitar estrelas,
de ver nascer os dias.
Vivo do encanto do brilho que deixam
quando escorregam do céu ao infinito.
Refaço este percurso,
onde conheço as margens da estrada.
Todo encanto e magia de cada encontrar.
Eu tenho o hábito de ser tua,
te habitando os sonhos quando te pego distraído,
conhecendo o teu tempo de me amar.
Eu tenho o hábito de ser sereia, mulher em tuas veias,
serena em teu pulsar.
Tenho o hábito de fazer versos quando não te vejo
e te sei a me esperar.

Estou assim:
constância em te morar.


Poema de Hanna Luz.

***

EU SOU LIVRO


Eu sou o livro,
páginas claras, letras grandes
muitos contos,
crônicas, romances e ficções.
Sou livro de receitas.
Sou livro de lembranças.
Sou livro de retratos,
arquivo, geografias e matemáticas
solto folhas
origami fênix, barco,
caixas, serpentes, cavalos, borboletas...
Sou permeável,
sou o melhor que pude guardar da vida!

Poema de Walesca Testa.


***

BONECA DE PANO

Fizeram-me boneca de pano
para dar de presente a alguém
com fios de lã nos cabelos
na boca, esmalte vermelho.

Puseram duas pedras azuis
para meus olhos imitar
e um laço de fita na cintura
para menina ficar.
Os meus olhos não se fecham
estão sempre a te mirar.
Nada digo pois não sei
o que você quer escutar.

Sou boneca de pano
recheada de sonhos
e lembranças costuradas.
Alguns defeitos, mais nada.
Num arremate, inacabada...

Teu amor é brincadeira?
E me pões na prateleira?
Brinquemos pois de adivinhar
eu sei que comigo vive a sonhar...
Pois não sou seu brinquedo,
sou seu medo, seu segredo!
E me chama de amada...
Boneca de pano tem coração? Que nada!
Sou boneca de pano por me sentir assim
porque sou feita de retalhos de mim...


Poema de Edna Libera


***

FRUTO ENIGMÁTICO

Como fazer para do cítrico sentir o mel,
se não consigo extrair seu sêmem?
Das sementes da vida escolhi um réu.
Do sêmem do seu fruto encontrei um homem.

Fruto amargo que em reticências
Expressa o doce que não procuro
Observo suas raízes e experiências
Deparo-me com cortes através de um muro.

Um tronco de camadas ásperas
Folhas que surgem ambíguas...
Expelem com ira o néctar dos deuses!


Poema de Rosí Finco.




Ilustrações: 1- a poeta Edna Libera, também conhecida por "musa"; 2- as poetas Hanna Luz, Rosí Finco e Waleska Testa (sentadas) e Penélope (em pé); 3 e 4- Trabalhos da artísta plástica curitibana Príscila Reis.


Altair de Oliveira (poesia.comentada@gmail.com), poeta, escreve às segundas-feiras no ContemporARTES. Contará com a colaboração de Marilda Confortin (Sul), Rodolpho Saraiva (RJ / Leste) e Patrícia Amaral (SP/Centro Sul).
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Do cinema à memória

 

Sempre aqui no Drops, damos dicas de eventos na “Casa da Palavra”, um espaço público dedicado a uma programação de cunho cultural, localizada em Santo André. O trabalho lá é voltado aos apreciadores e produtores da literatura, pesquisadores, pensadores, estudantes, artistas, e aos mais diversos amantes da palavra.
E é lá que fica o “Cineclube: O Cinema e Outras Linguagens”. A cada mês tem exibição de dois títulos que serão escolhidos em reuniões prévias entre o Coordenador da Escola Livre de Cinema e artistas que queiram lançar “provocações” para um bate-papo sobre as obras que serão apresentadas em cada sessão.

Data: 13 de junho a partir das 15h
Local: Auditório Heleni Guariba (anexo ao Teatro Municipal de Santo André)
Praça IV Centenário, s/nº Centro – Santo André (Paço Municipal)

Filme a ser apresentado:
OS IDIOTAS
Direção: Lars Von Trier
Gênero: Comédia
Duração: 117 min.
Ano de lançamento: 1998
(Recomendável para maiores de 18 anos)
Um grupo de jovens intelectualizados forma uma sociedade a parte dedicada a explorar todos os aspectos da idiotice como valor de vida


Uma outra dica, agora no SESC Pinheiros: uma abordagem multidisciplinar sobre a Memória, um dos processos mais intrigantes do conhecimento humano, através de palestras, cursos, vivências, entre outras atividades. Durante os meses de maio e junho, a Memória será explorada da perspectiva da História.
Data: 15 de junho a partir das 20h.
Local: SESC Pinheiros, Sala de Oficinas, 2º andar.

“Mesa Redonda: Oralidade e seus Fazeres”
Mesa redonda que tem como proposta apresentar experiências e projetos desenvolvidos fora do ambiente estritamente acadêmico. Também serão abordadas questões referentes à valorização da oralidade e dos saberes populares nas ações do programa Cultura Viva (Ministério da Cultura), além de considerações sobre as relações entre a academia e as comunidades tradicionais, dentre outros pontos.

Mais informações no site do SESC Pinheiros.


Ana Paula Nunes é jornalista, Pós-graduanda em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo/USP. Coordenadora de Comunicação da Contemporâneos, revista de Artes e Humanidades. Escreve aos domingos no ContemporArtes.
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