The Corporation: vida humana, trabalho e sociedade
Em nosso cotidiano, por mais simples que sejam nossas
atividades corriqueiras, estamos lidando com as corporações o tempo todo. The Corporation (“A Corporação”, em
português), é um documentário que discute esta intrincada relação, as ações das
corporações e o modo como elas afetam a vida das pessoas, independentemente do
país de origem.
De acordo com o documentário, assim que as corporações
eclodiram, os grupos eram licenciados pelo Estado, suas tarefas eram revertidas
ao público e a razão social era limitada. Mas, depois, as coisas mudaram um
pouco. Influenciadas pelos ideais
tayloristas e fordistas da busca por maior produtividade, as empresas majoraram
o capital social para ampliar suas metas e obter maiores lucros.
O filme também traz a questão da mão-de-obra barata como
alvo de grande interesse para empresas multinacionais. A população mais carente
se sujeitaria a condições péssimas de trabalho a fim de garantir sua
sobrevivência. Podemos observar que a China, por exemplo, possui um mercado
frenético em expansão, se valendo de trabalhos precários e baratos, ocasionando
a falta de condições mercadológicas de competição dos outros países frente este
império comercial.
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O documentário segue alegando que, para não ficarem à
mercê da influência governamental, as corporações continuaram a crescer e
exercer influência no mercado, não encontrado nenhuma oposição à altura. Então,
o telespectador fica estupefato ao concluir que o poder de formação de opinião
das corporações se igualou perigosamente ao do Estado. Mais uma vez, o
telespectador pode ficar assustado ao se perceber como alvo das corporações,
pois uma pessoa pode contribuir direta ou indiretamente neste processo, sendo
um funcionário ou consumidor de seus produtos/serviços.
Porém, é possível perceber que o acesso às informações e
a transparência de dados relevantes já é uma realidade para a população. Um
recurso que possibilita este processo é a internet (paradoxalmente, a mesma
utilizada para as propagandas). As redes sociais, por exemplo, compartilham
mensagens de negligências empresariais que chamam a atenção da população, pondo
em risco a credibilidade comercial de grandes corporações se nada for feito.
Muito se tem discutido também sobre as questões
ambientais e os interesses de particulares que trazem sérias consequências
neste âmbito. Vários órgãos governamentais e ONGs são pressionados, pela
população, a fiscalizarem toda e qualquer ação que prejudique a natureza. Quando
alguma empresa é denunciada por praticar algum tipo de poluição ambiental, por
exemplo, muitas pessoas deixam de ser consumidoras como uma forma silenciosa de
protesto.
Também não podemos esquecer que os gestores inteligentes
e perspicazes sabem que a filosofia da empresa deve ser compatível com o nível
de educação das pessoas que está crescendo. Se a empresa não se adéqua às demandas
da população, ela simplesmente não sobrevive em um período de longo prazo.
Desta forma, várias políticas empresariais são criadas e implementadas a fim de
garantir este processo.
Enfim, muitas coisas estão mudando na sociedade atual e
tais mudanças mudam, aos poucos, as estruturas sociais vigentes. Esta resenha
procurou, então, expor alguns pontos importantes do filme para compreender um
pouco a nossa realidade, sem negligenciar as mudanças que estão ocorrendo e
chamar a atenção para esta delicada e complexa rede de relacionamentos, que
pertencem ao mundo do trabalho e da vida humana que ocorrem na sociedade.
Referências
ABOTT, Jennifer;
ACHBAR, Mark. The Corporation
[Filme-vídeo]. Produção de Mark Achbar; direção de Jennifer Abott e Mark Achbar.
Canadá, Zeitgeist Films, 2003. Filme em DVD, 145 min., color, son.
Mônica Aparecida Fernandes é psicóloga, graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC), campus, Poços de Caldas. Possui experiência como psicóloga no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de Heliodora-MG. Recentemente, completou o curso de pós-graduação MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Faculdade Unopar e trabalha como psicóloga particular em orientação vocacional (utilizando técnicas e testes psicológicos).
Contemporartes agradece a publicação e avisa que seu espaço continua aberto para produções artísticas de seus leitores.
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